domingo, 28 de fevereiro de 2010

Você é a única exceção

Não era só mais um momento, aquele era o momento. Não era só mais uma flor, aquela era a flor. Não era somente mais uma palavra, aquela era a palavra.
As vezes não damos a devida importância a certas coisas. Faça as flores desabrocharem nos momentos certos e com as palavras certas. O mundo vai continuar girando mesmo se isso não acontecer, mas nunca vai ser o mesmo para você.

 
Imagem:VanessaClass'

Achei uma música maravilhosa, The only exception do Paramore, a tradução é ótima e eu me vi nela em algumas partes.


 Talvez eu saiba em algum lugar no fundo de minha alma
Que o amor nunca dura
E nós temos que arranjar outros meios de seguir
em frente sozinhos ou continuar com uma cara boa
E eu sempre vivi assim
Mantendo uma distância confortável
E até agora eu jurei pra mim mesma
Que eu era feliz com a solidão
Porque nada disso nunca valeu o risco
Paramore - The only exception 

Uma boa semana gente, tudo de melhor na vida de todos vocês.

sexta-feira, 26 de fevereiro de 2010

A sua maneira

Olhando em seus olhos eu já sabia que ela estava imersa em pensamentos. Talvez estivesse relembrando, afundada na nostalgia... Talvez não.
Um sorriso verdadeiro brilhava em seus lábios, e seus cílios complicados se fechavam como os de um buda.
Ela não se distraia, ela não me ouvia. Estava leve, leve e serena.
A chuva fazia as folhas se balançarem, ela alargou ainda mais os lábios, em um sorriso imponente, nada poderia destrui-lo.
Se levantou, e quase como uma bailarina chegou à porta. Abriu-a e saiu, sem medo e sem tensão.
Seu corpo foi de encontro a chuva, e eu pude sentir todos os pensamentos ruins descendo pelo seu corpo. Seus cachos se desfizeram e sua pele negra brilhava à luz da lua.
Aquela chuva a limpou. Limpou até sua alma.
Ela não voltou para mim, mas eu também sei que ela não se foi.
Em dias de chuva eu olho para fora e vejo sua pele negra refletindo o luar, quem sabe sejam alucinações, mas eu ainda credito que ela vai voltar... E vai voltar a sua maneira.
Eu preciso dela, dela e de mais ninguém.

Imagem:VanessaClass'

P.S.: A minha aula começou segunda -feira, e dessa vez a sala é mais clara, mais grande e menos assombrada que a do ano passado. Mas não tem nenhum colega gatinho :/ Não que ano passado tivesse né!

 P.S.²: Galera, como vocês viram estou com um super layout novo, que a querida da Giovanna fez pra mim, do blog My Little Decoy. Fiquei muito agradecida Gi, obrigada de novo.
E vou parabeniza-la por que seu blog acaba de completar um ano, parabéns Gi, sucesso pra ti.
Beijos gente boa :*

quinta-feira, 25 de fevereiro de 2010

Almas que voam com o vento

Deitada sobre um nada ou quem sabe sobre um tudo seu coração parou de bater, suas veias pararam de pulsar, não existia mais vida em seu corpo, virou carne e ossos, como se sua vida não tivesse valido nada, como se não tivesse visto a chuva cair ou o sol se abrir.
Como se não tivesse nascido, simplesmente morrido.
Mas há algumas horas antes ela estava viva, ela cantava, dançava e até pulava se fosse preciso. Seu olhar irradiava vida. Era engraçada, corava fácil e tinha um nível muito avançando em questão de inteligência.
Mas onde ela está agora? Eu sei que o corpo dela está ali, frio e sem vida, mas e a alma dela?
A inteligência dela continua intacta? As lembranças, as promessas? Mesmo sem cérebro, mesmo sem o corpo?
Ou a alma dela morreu ali, no momento em que seu coração congelou?
Toda uma vida se foi...
Todos os sonhos...
Quem sabe a alma dela tenha ficado rondando as pessoas, olhando de fora, invisível e às vezes passando mensagens para médiuns. Eu particularmente não gosto muito desta hipótese. Mas tenho minhas oscilações e fico tentada a acreditar.
Quem sabe exista um céu e um inferno, como cristã não deveria nem estar duvidando disso, mas eu acredito que se nós submetemos as idéias dos outros não vamos ter nossas próprias opiniões.
Ou ainda, a alma dela pode ter sumido, morreu junto ao corpo, não existe mais. Eu não acredito nessa terceira idéia, pois nós não vivemos tantas coisas para depois tudo se acabar.
Quero que exista um final mais feliz que a morte, mas antes de isso acontecer comigo eu pretendo viver muito e aproveitar o máximo agora. Um dia vai chegar à hora de eu descobrir para onde vai minha a alma e se eu puder eu aviso vocês - risada sádica.
 

 Pro Jorge, com quem falar de vida e almas não é tão difícil quanto se esperaria.

quarta-feira, 24 de fevereiro de 2010

Meg Cabot

Com muita imaginação, inteligência, experiência e um computador à mão Meg Cabot leva milhares de pessoas para o mundo de seus personagens, não importando quem somos nós ou quem são eles. O mundo desaparece quando nos concentramos em um de seus livros, e eu admiro Meg Cabot - e muitos outros autores - por isso.
Eu sei que a princesa Mia está muito clichê para muitos, mas Mia não foi a única garota com um mundo feito pela minha Meg maravilhosa. Eu sei que estou meio tiete louca mas toda a garota tem que ser uma, se não ou é meio hermafrodita ou quer se fazer de "A diferente".
Todos os livros dela são excelentes, por exemplo:
A ruivinha Jinx de "Sorte ou azar", livro que - por acaso - eu li em dois dias no computador, ele é muito bom, a história é interessante, tem até uma prima meio maligna...
A ex-gordinha que ficou magrinha Lizzie Nichols, de "A rainha da fofoca" o único Chick-Lit que Meg escreveu, eu as vezes ainda dou uma suspirada pelo maravilhoso Luke e seu "pequeno" castelo - odeio o Andrew, ele é o tipo de cara que faz mulheres sofrerem.
Katie Ellison é mentirosa, e popular, mas quando chega o seu "ex-amigo" Tommy, quem nunca teve quedinha por ruivos? ela entra em colapso nervoso, mentindo ainda mais, uma vez atrás da outra, "Pegando fogo" faz todas nós pegarmos fogo!
Temos também "Todo o garoto tem" para quem gostaria de fazer um casamento secreto para a melhor amiga e de quebra ficar por lá com um cara que acabou de se apaixonar, "O garoto da casa ao lado", que além de garotos tem um vizinho gatão, que finge que é fotografo e por isso não bota gelo nos peitos das mulheres só para eles ficarem empinados e ter um visual legal na foto.
Meg Cabot ou Meggin Patricia Cabot é espetacular. Por que além de escrever livros modernos e engraçados ela também escreve romances com " A rosa do Inverno", um romance quente e de tirar o fôlego diga-se de passagem.
Esses são os pouquíssimos livros de Meg que eu li, tirando é claro os dez livros da série da princesa Mia.
Meg Cabot tem livros em pseudônimos e em seu nome real, ela é a Jenny Carrol na série "A mediadora".
Meg faz maravilhas com palavras, do mesmo jeito que atores fazem com filmes e cantores com músicas.
Meg Cabot é meu ídolo, é minha paixão, e nela eu me espelho.
Pode ser que eu não ame ela, mas concerteza amo seus livros.
.P.S.: E ela ainda diz que é fã de Clarice Lispector, eu sei, ela é fera! Pelo menos pra mim, eu ainda respeito opiniões!
 
Meg Cabot
Pauta para Blogueando, tema: "Meu ídolo, minha paixão"

terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Todos somos flores que aprendem a desabrochar

Com todos os sentidos mortos eu pude ver...
Com os olhos fechados eu pude sentir...
Com a mente aberta eu pude entender,
E o meu coração voltou a bater.

Meus sentidos voltaram,
Meus olhos se abriram.
Mas minha mente ainda entende,
E o meu coração ainda bate.

Sou uma flor,
Uma flor que aprendeu a desabrochar...
Em uma manhã de domingo,
Ou quem sabe em um sábado a tarde.

domingo, 21 de fevereiro de 2010

I love the world

Ela estava sentada, em uma daquelas poltronas grandes e confortáveis que tem em salas de terapeutas - ela estava no terapeuta -, seu cabelo loiro platinado já dava segundas intenções, e em sua camiseta branca podia-se ler I LOVE NY, ela achava que o mundo era pra ser amado, que as coisas tinham que ser amadas, as pessoas, as bolsas, os homens, as amigas, os conhecidos, e às vezes as crianças...
- Você me disse que se sentia por mal por amar demais não é? - o homem de óculos a sua frente perguntou com uma caneta e um bloco na mão, esperando as respostas de Júlia. A luz era fraca e as cortinas de uma grande janela de vidro estavam fechadas.
- Sim, eu amo muito as pessoas, isso me deixa mal - ela declarou em algo que se podia ler como um falso desespero.
- E por que te deixa mal? - ele perguntou sem nenhum tom de reconfortante.
- Por que elas me decepcionam demais, a todo instante, eu digo eu te amo para o meu namorado, ele diz que me ama, mas eu o encontro com outra garota, digo eu te amo para as minhas amigas, mas encontro-as dando facadas em minhas costas, acho que meu amor é muito grande por eles então eles fogem de mim...
- Tem certeza que é por isso Júlia? - o terapeuta falou ainda sem sinais de que queria mesmo ajudar.
- Claro que tenho, sinto no meu coração. - Falando isso Júlia lembrou-se de uma conversa com uma garota que conheceu ontem, ela dizia que o coração dela também doía demais, e no final da conversa Júlia havia dito "Eu te amo", a garota era legal, e se Júlia não falasse isso seria falta de educação...
- Júlia, será que o problema não é você amar de menos?
- Como assim... Amar de menos? - ela franziu o cenho, já não estava mais relaxada como antes.
- Amar de menos, não gostar tanto, dizer que ama, mas não amar... - ele falou com cinismo - essas coisas...
- Não sei, sabe - ela falou olhando para as unhas -, quem sabe seja isso, mas... Eu os amo!
- Qual foi a última vez que você disse eu te amo Júlia?
- Hoje de manhã antes de viver para cá...
- E pra quem foi?
- Para o motorista - ela virou a cara, havia ficado vermelha.
- E você o ama de verdade? Daria a vida por ele?
- A vida não... Mas eu acho que eu amo.
- Júlia, eu acho que você diz que ama todo mundo por que tem medo que elas te deixem ou talvez por que o amor é o mais perto que podemos chegar da magia... Não se deve falar que se ama alguém se isso não for verdadeiro, amar é algo totalmente puro, você deve ter cuidado com suas palavras, o amor é inexplicável...
Júlia não falou nada, se levantou e saiu andando, suas pulseiras tilintaram; o terapeuta sabia que tinha dado a ela algo em que pensar.
  Amor não se conjuga no passado; ou se ama para sempre ou nunca se amou verdadeiramente. (M. Paglia)

sábado, 20 de fevereiro de 2010

Ame menos e leia mais

Neste exato momento eu estou fumegando de raiva, como fiz em vários outros momentos quando pensei no mesmo assunto, mas hoje resolvi que vou botar pra fora, o assunto é: Crepúsculo, então gora as garotas que amam Crepúsculo estão pensando que eu vou falar mal da sua doce Bella e de seu amado Edward, e as pessoas que odeiam estão pensando que eu sou a garota da modinha que só leu esses quatro livros a vida toda.
Mas a verdade é que não é nenhum nem outro, eu quero botar as cartas na mesa.
Stephenie Meyer é uma escritora maravilhosa que inventou um fantástico mundo de fantasias, misturou o amor com a dor e  fez algo irreverente, uma novidade pela qual os adolescentes do mundo todo se apaixonaram, alguns por acaso até demais.
Queridos e queridas vocês que se ajoelham aos pés de crepúsculo e decidiram que ele é maravilhoso e que vão viver pra ele, tentem ler outros livros, se apaixonar por outros personagens, eu garanto que vai valer a pena, eu sei que o vampiro é super sexy e tudo mais, mas sabe que com todo esse amor vocês afastam outras pessoas da maravilhosa diversão que é ler um livro de Stephenie Meyer.
Eu tenho algumas amigas que se recusam a ler Crepúsculo e eu acho que não é por medo de se apaixonar, é por causa das outras pessoas que são tão apaixonadas por esses livros que afugentam todo o resto do mundo.
Crepúsculo é uma leitura maravilhosa, mas é tratada com desprezo por muitos, se você já leu e não gostou tudo bem, a sua opinião vai ser respeitada por mim, mas vocês que ainda não leram e odeiam, cuidado: não se julga um livro pela capa, e muito menos pelas milhões de fãs malucas que estão a procura de um Edward inexistente, sejam pacientes e aprendam que só por que está na moda não quer dizer que todos sejamos iguais.
 

Juventude Clichê
Sem nada na cabeça além de luzes no cabelo e bonézinho Von Dutch. Só acham o que as amigas acham, só leram Código da Vinci e Harry Potter. Se emocionaram com Um Amor Pra Recordar e riram assistindo As Branquelas. Consideram Madonna música antiga e amam RBD. Malhação? Programa obrigatório pra não faltar assunto na hora do lanche. Balada? Psy e Trance. Fim de semana? Shopping. Literatura? Algum trecho de uma poesia de Fernando Pessoa tirado do msn ou fotolog de alguém.
Apesar de tudo são seres pretensiosos, barraquentos, filosóficos e sem nenhum pensamento interessante a passar pros outros.

Por que as pessoas querem ser assim?
(Achei isso em uma comunidade)

P.S.: Eu também amo Harry Potter.
P.S.²: Mas Madonna pra mim ainda é cool.
Beijos:*

Os olhos insanos de Maria... Ou Camila.

Algo extremamente insano brilhava no olhar de Maria, olhos loucos que ficavam felizes ao ver dor.
Às vezes ela se distraia e se via metida em alguma confusão, sua vida era como escrever no escuro; sempre as cegas.
O almoço era servido e ela se esquecia de comer, ou ela comia um almoço inexistente.
Não tenho mais tanta certeza se o nome dela é Maria, por que talvez fosse Camila.
As coisas aconteciam sem nenhuma explicação, amanhecia...
É Camila, Camila...
Havia algo de insano naqueles olhos, os olhos de Camila.
 
Foto do flickr da Lorrane, do blog The Dream Blower.
Este texto foi inspirado na música Camila, Camila.

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Queria agradecer a dois selos que recebi. Um da  Lorrane, do blog The Dream Blower.
 
Bom, por que o meu blog merece ganhar flores?
Acho que é por que tudo que eu escrevo nele tem uma base boa, eu escrevo o que sinto, ou o que queria sentir, eu falo de coisas reais, mas também de coisas irreais.

 E o outro selo que recebi foi da Julia Guadagnucci do blog Corujas Antenadas
 
Obrigada garotas pelos selos, estou agradecida, só não vou fazer como na tradição de passar a diante por que neste exato momento minha irmã está atrás de mim esperando que eu voe daqui, e se eu ficar mais um pouco eu acho que ela arranca meus cabelos. Beijão!

sexta-feira, 19 de fevereiro de 2010

Os mistérios de Jane Seymour

- Tchau! - Crispin falou ameaçador, com uma arma na mão segurando o gatilho com força.
- O quê?! Não eu... Eu nem sei quem você é! – Paula bradou desesperada.
- Mas eu sei, dê adeus a esse mundo – e sem mais palavras nem dela e nem dele, a bala da arma cravou-se no coração de Paula, caída no chão ela viu o que era a morte.

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Sua alma não estava mais ali, ela conseguia olhar ao seu redor, onde via um enorme salão, com paredes pretas, um chão e um teto brancos e duas poltronas azuis berrantes vazias ao meio.
Paula não era mais de osso, Paula não era mais de carne, estava invisível, mas podia sentir-se ali.
- Oi Paula! – uma voz animada veio do meio do salão, mas ela não via ninguém.
- O... Oi, onde eu estou? – a cabeça de Paula, se ela ande tivesse uma estaria girando, mas agora ela só se sentia confusa.
- Um dia você vai descobrir, mas hoje não temos tempo para isso – alguns segundos se passaram e Paula nada falou -, você não vai perguntar mais nada?
O silêncio ainda pairava
- Então se sente que vou explicar sua missão.
- Missão? Mas eu não posso nem te ver, e muito menos tenho corpo para sentar!
- Me ver é o de menos, o importante é me ouvir, e bom... As poltronas são ordens do chefe, mas se você não quiser sentar não precisa.
- Ok, mas... Como você sabe que eu sou a Paula? Disse o meu nome quando eu cheguei... – ela ainda estava confusa.
- Ah, eu sei de tudo sobre os que chegam aqui, tudo mesmo.
- Você é São Pedro ou algo parecido? – Paula tentou adivinhar, sem o sucesso desejado.
- HAHAHAHA, quem me dera ser São Pedro, ou qualquer outra coisa parecida, por que quem sabe sendo santo as coisas seriam mais fáceis.
- Então quem é você?
- Bom primeiro me diga quem é você?
- Eu? Bom... Eu sou a Paula.
- Já que isso é tudo que você sabe sobre si mesma Paula vamos te dar outro corpo. Uma nova chance de viver, pois você foi morta injustamente. Nessa nova chance você vai voltar ao passado, para ser mais exato, alguns séculos. Nele você vai ser importante e as pessoas vão ouvir o que você tem a dizer, por favor, faça bom uso desse corpo e mude as coisas para melhor. Tchau!
E pela segunda vez naquele mesmo dia sua alma saiu do lugar em que estava com alguém dando lhe tchau sem maiores explicações.

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Sentiu-se tonta, e tudo girava ao seu redor. E como se tivesse um corpo teve uma alucinação de ter erguido a cabeça.
- Jane, Jane acorde – uma voz feminina veio de algum lugar, mas Paula não conseguia definir qual.
As coisa foram se assentando em sua cabeça, até ela conseguir ver a luz por entre a vidraça monumental que estava em sua frente.
- Jane, Jane, você quer que eu chame Senhora Ana Bolena? – a voz estava nervosa, como se a tal da Ana Bolena pudesse mudar o latejar de sua cabeça.
- Quem é Ana Bolena? E quem é Jane?
- Ó senhor, ela está com problema de memória, com licença lady Seymour, vou chamar a Senhora Ana agora mesmo – Paula olhou pela primeira vez para aquela mulher, era meio cheia, tinha na cabeça um pano de lavadeira, e estava vestida com algo totalmente fora de moda, uma cor desgastada e sem vida, saiu resmungando algo parecido com “e agora o que vai ser de minha senhorinha”, Paula olhou ao seu redor e se viu em cima de um tapete marrom, em uma sala de pedra, havia em torno de quinze camas de madeira naquela sala, Paula achava que se encontrava dentro de um museu ou algo parecido. Tinha que sair dali.
Levantou-se, e viu quem em cada cama dormia uma moça, todas brancas e delicadas, algumas ruivas, outras loiras, quase nenhuma morena. Algumas camas ainda estavam vazias, ficou olhando para aquela cena por algum tempo, e viu que para cada moça tinha um baú de madeira, tudo era estranho, estranho e novo.
Deu as costas para tudo aquilo e foi até a grande porta de madeira que havia em um dos cantos do salão, abrindo-a.
Ao colocar a cara pra fora se viu em um gigantesco corredor de pedra, com paredes com quadros e vidraças do século passado, será que o estranho do salão das poltronas azuis havia falado sério, resolveu olhar para seu corpo, e então viu que aquilo tudo não era seu, a pele branca e sensível, puxou o cabelo para ver como era e...
- Socorro – ela deu um grito estrondoso -, eu sou ruiva! – ela choramingou por fim.
Aquilo não podia ser real, tudo bem, o sonho dela era ser ruiva, mas ela gostava de ser a Paula, ela gostava de ser morena, ela gostava da própria vida!
- Senhorita Jane, senhorita Jane! – a mesma mulher de antes vinha em sua direção – senhorita Jane, eu trouxe a ama da Rainha Ana, por favor, se acalme, vamos levá-la até ela.
Paula... ou Jane, não havia notado, mas ela estava vermelha, lágrimas corriam por seus olhos e... Quem era aquele homem?
Jane baixou a cabeça enquanto ele passava, envergonhada pela cena que estava fazendo, ele era lindo, um pouco velho, mas ainda assim lindo.
As duas mulheres que estavam ao seu lado fizeram uma inclinação quando ele passou, Jane ainda descobriria por que.
Ele já havia quase passado por elas quando deu uma parada de susto e voltou.
- Posso saber o que as três damas fazem ao raiar do dia passeando por ai? – ele perguntou simpaticamente.
- Senhor, a ama de Jane chamou sua rainha por que sua senhora estava passando mal, a rainha Ana me mandou vir no lugar dela, ela não estava em condições no momento.
- Quem são vocês? – eu perguntei sem nenhum medo, eles achavam que estavam fazendo um encenação de “A rainha” ou o quê?
O homem com cara de galã ficou vermelho, e eu vi a raiva subindo ao seu rosto.
- Quem sou eu? Você pergunta quem sou eu? – ele me perguntou olhando em meus olhos.
Diminui alguns centímetros com aquela acusação, e com seu tom mandão.
- Me desculpe Senhor, a senhorita Jane caiu hoje ao acordar, encontrei ela no chão da sala das damas da rainha, ela não lembrava do próprio nome e nem de quem era nossa rainha.
- Ela é a filha do Sir John Seymour não é?
- Sim meu senhor.
- Então leve ela até o grande salão e de algo para beber, e depois ela precisará se alimentar, e você, - ele deu um olhar de esguelha para a outra mulher que estava com a minha ama – volte para sua rainha.
Então se foi. Jane viu ele desaparecer no corredor e olhou para a mulher que se dizia sua ama.
- Qual é o seu nome?
- Meu nome? Eu te criei e você não sabe nem meu nome? Sou a Teresa senhorita Jane.
- Então, Teresa, em que ano nós estamos?
- Estamos em Março de 1536 senhorita Jane.
- E quem era aquele homem que acabou de conversar com nós? – Jane perguntou inocentemente.
Mas Teresa olhou pasma para ela.
- Aquele homem senhorita Jane... Aquele homem era o nosso rei, o senhor Henrique VIII.
Jane se via tonta e ao mesmo tempo fascinada com todo aquele mundo, todas as damas da rainha eram fúteis e melindrosas, como cobras. Cada uma com um ama, e aqueles baús em frente as camas ela descobriu depois que eram como os guarda-roupas de cada uma delas, pois cada vez que mudavam de castelo tinham que ter tudo sempre a mão.
Jane não conseguia se acostumar ao banheiro nem aos banhos semanais, descobriu que algumas mulheres tomavam banhos uma ou duas vezes ao ano, e passavam perfume para disfarçar o cheiro ruim.
A rainha Ana Bolena era mãe de somente uma filha, não tinha descendentes homens, havia tido um filho em janeiro daquele mesmo ano, mas ele faleceu logo após nascer. Todas as víboras da rainha, pois era assim que Jane pensava nas damas, falavam que a rainha tinha um amante, seu próprio irmão; Jorge Bolena.
Para Jane aquilo era ridículo, pois ninguém em sã consciência faria nada de excepcional com seu próprio irmão, principalmente sendo rainha.
Nos bailes, as vezes Jane notava que o rei dava algumas olhadas para ela. Mas nunca o convidou a dançar. Graças a Deus, pois Jane não sabia.
Em uma noite após o baile Henrique VIII parou-a em um corredor que tinha como luz apenas as chamas de algumas velas em castiçais.
- Posso falar com você senhorita Jane Seymour – aquilo não era exatamente uma pergunta.
- Claro senhor – naquelas poucas semanas ali, Jane já havia aprendido que nunca se nega nada ao rei, nada mesmo.
Ele levou-a até um quarto desabitado e fizeram amor ali até raiar o dia. Jane se sentia feliz, mas ao mesmo tempo usada, mas não podia fazer nada, ele era rei... E ela só era virgem naquele corpo, no outro ela tinha vinte e três anos e não quatorze.
Em Maio daquele mesmo ano um grande “babado”, como diria Jane, ou Paula em outras épocas estourou.
A rainha Ana Bolena foi presa na torre de Londres por trair o rei com o seu irmão Jorge Bolena. No final as víboras estavam certas, Ana era mesmo traidora. E não só Ana, todos na corte também sabiam que o rei tinha milhares de amantes, mas o rei é o rei, e a rainha, a rainha.
Seus encontros com rei vinham aumentando a cada dia, e ela não podia mais esconder de ninguém. O rei a pediu em casamento enquanto Ana estava prisioneira na torre.
- Mas eu não posso senhor, a rainha está viva, eu não posso me casar com você...
- Pode sim doce Jane, já mandei anular meu casamento, e mataremos Ana Bolena, ela foi infiel e não me merece, não merece a mais ninguém.
Uma expressão de choque passou rapidamente pelo rosto de Jane, mas logo depois ela cedeu à Henrique Tudor, iria ser uma rainha.
Ana Bolena foi morta dia 15 de maio de 1536, e seu casamento com o rei foi anulado.
Duas semanas depois de sua morte Jane casou-se e virou a rainha. Ela não tinha amizades masculinas, pois ela era Paula, e era o contrário de tudo que Ana Bolena jamais foi.
Jane teria que dar um herdeiro ao Henrique então em outubro de 1537 deu à luz a Eduardo VI. Duas semanas após do parto Jane morreu com uma febre puerperal.

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Então ela viu novamente tudo rodar e estava de novo no grande salão das poltronas azuis berrantes.
Dessa vez, porém ela tinha um corpo. Estava com o corpo de Jane, encontrava-se sozinha, naquele lugar medonho.
- Então Paula – ela ouviu uma voz mais monótona do que da outra vez – ou seria Jane? O que achou de sua nova vida.
Dessa vez Paula... ou Jane, não poupou palavras.
- Por que você me mandou para o corpo de Jane? Por que ela? Por que ao passado?
- Você não percebeu que foi você que deu a luz ao rei da Inglaterra? Sem ele os Tudor morreriam ali, ou nesse caso sem você. O rei viu você no corredor naquele dia em que estava chorando, e foi ali que tudo começou, com a Paula, e não a Jane.
- Então, eu fui uma peça qualquer não é? Só pra parir um filho?
- Talvez sim, talvez não... Você decide se foi feliz, mas te demos uma segunda chance. E você a aproveitou, muito bem, diga-se de passagem. Ficou na história Paula, vão se lembrar de você para sempre.
Paula ficou pensando naquelas palavras, era verdade, ela havia recebido uma segunda chance e sido feliz, mas no meio daquele pensamento, tudo ao seu redor sumiu, e ela não estava mais ali...
 
Por esse texto agradeço as informações dos livros de Bertrice Small e da nossa queridíssima Wikipédia.
Jane Seymour
Ana Bolena
Eduardo VI
Henrique VIII

quinta-feira, 18 de fevereiro de 2010

Entrevista nostálgica

Fiz uma entrevista com a minha amiga Alana Vogel que hoje mora em Luís Eduardo Magalhães na Bahia, mas morava em Panambi no Rio Grande do Sul.
Alessandra: Você lembra o dia em que foi embora de Panambi?
Alana: Lembro sim, dia 20 de dezembro de 2008, meio trágico pode se dizer, muito, muito triste, estava deixando as minhas melhores amigas pra trás, estava trocando de lugar e iria perder todas elas. As despedidas são sempre ruins, não tem como não ficar mal.
     Alessandra: E  o que você sentiu ao se despedir das suas amigas?
    Alana: Uma sensação de impotência por não poder levar elas junto comigo. Sensação que poderia perder elas para sempre...
Alessandra: Como foi a viagem de ida pra Luis Eduardo Magalhães na Bahia?
Alana: Foi bem engraçada, eu minha mãe e minha poodle Lili. Em uma courrier de dois lugares, viajamos 2.500 km sozinhas, mas foi bem interessante e extremamente divertida.
Alessandra: Você foi pra lá em 2008 e não voltou mais pra sua cidade natal (Panambi), você sente vontade de voltar?
Alana: Sinto, e muita. Mas apenas de rever minhas amigas, de passear um pouco, por que voltar para morar não volto, quando a gente troca de cidade abrem muitas portas para o futuro, e em Panambi não tem futuro nenhum pra ninguém.
  Alessandra: Como foi o primeiro ano vivido em Luís Eduardo Magalhães?
  Alana: Complicado sabe, cheguei nas férias e só fiz amizades em março. Entrei para um CTG que é a minha paixão e conheci muita gente bacana. Ouve conflitos que me fizeram muito mal, e acabou com inúmeras, inúmeras mesmo amizades minhas, e isso meio que me traumatizou sabe, tenho muito medo hoje de fazer novas amizades. Enfim, amiga de verdade só tinha uma, e ainda sim não era como as que eu deixei em Panambi. Me sentia muito, mas muito sozinha, mas não posso negar que me divertia demais. E lá por volta de agosto conheci o amor da minha vida, que namoro há seis meses!
Alessandra: Qual é o nome do seu namorado?
Alana: Hehe precisa falar mesmo? Ramon, e só falo isso. Vai que alguém queira tirar ele de mim?!
Alessandra: HAHAHAHAHAHA, mas como foi o contato com as suas amigas depois que você foi embora?
Alana: Olha no começo era até bom, mas uma amiga que eu conheço desde nenê me abandonou por achar que eu não sentia falta dela. Não digo que perdi o contato, mas de vez em quando converso com todas. Tudo mudou pra mim e pra elas também. Mas com uma delas, a Fernanda, converso quase diariamente.
     Alessandra    : Se você pudesse mudar algo na sua vida o que seria?
   Alana: Aconteceram vários problemas econômicos com a minha família, tudo hoje é perfeito pra mim, se pudesse melhorar, eu melhoraria a vida para o meu pai e a minha mãe.
     Alessandra    : Alana, o que você diria para os panambienses de plantão agora (não resisti, essa entrevista tava com uma carona de clichê de filme romântico)?
    Alana: Como assim? hahahaha tipo: fujam de Panambi enquanto puuuuuderem!
Alessandra: obrigada Alana, te amo muito, amiga distante...
Alana: ahuhauhahahaua te amo muito!
 
Lili e Alana Vogel

Outra vida

O som dos uivos vinha cortante por entre as paredes da casa de Lúcia. A noite era morna, como um chocolate quente esquecido em algum lugar.
As peças de um tabuleiro de xadrez estavam perdidas ao meio de tapeçarias finas, pés de mesas e tapetes caros.
Copos de brandy que não foram servidos brilhavam como a luz do luar, ouvia-se o forte sopro do vento e grampos de cabelo tilintavam no chão da sala.
Fios de cabelos loiros não condiziam com as madeixas negras de Lúcia.
O s uivos devagar foram parando, e no silêncio podia-se ouvir gotas caindo ao chão, e se entrássemos no banheiro descobriríamos que as gotas eram de um liquido chamado sangue.
Com uma adaga na mão Lúcia ofegava alto, com seu mundo partido ao meio.Tentou sair de frente da lareira mas em seu corpo só havia tristeza e repugnância por si mesma, não podia se mexer.
Uma maçaneta foi aberta, e de repente ele estava ali, ao seu lado.
- Mamãe, mamãe – Lucas falou eufórico parando ao seu lado e vendo o rosto assombrado de sua mãe, e a adaga afiada que ela segurava com força na mão direita, deu uma breve pestanejada, baixando os olhos com a euforia se dissipando, dando lugar ao medo, saiu com passos lentos de perto de Lúcia -, onde está papai?
Não precisou de mais que alguns segundos para encontrar a resposta, com passos maiores do que podia dar chegou ao banheiro ajoelhando-se aos seus pés do pai, em um choro inútil.
- Por que... Por que mamãe! – ele bradava alto, tentando fazer a vida voltar aquele corpo.
Lucas olhou para a porta e viu as curvas de sua mãe delineadas pela luz da sala.
Ela deu alguns passos a mais, e tivemos uma vida a menos no mundo.
Com lágrimas nos olhos, Lucas se foi...
Mas dois corpos não eram o suficiente, bastou um gesto ordinário de sua mão e Lúcia levou toda a dor que restava nela para outro lugar...

quinta-feira, 11 de fevereiro de 2010

Cidade maravilhosa

Colocando apenas um pé para fora do avião ela já sentiu o vento frio vindo em sua direção e olhando para o céu via o dia nublado que seguiria atrás dela pelo resto dos trinta dias ali naquela maravilhosa cidade. Seria apenas um mês, e ela sabia que seria um dos mais perfeitos.
Olhou para os lados já dentro do aeroporto, estava irradiando felicidade, quem a tocasse agora poderia sentir sua vibração. As pessoas passavam por ela encasacadas, sem olhá-la, mas ela ia devagar, aproveitando os detalhes, aproveitando o momento.
Observava tudo, cada detalhe insignificante, o som das vozes no inglês britânico, o chacoalhar de uma mala aqui e ali. 
Enfim resolveu que já estava ficando tarde, saiu a procura de um táxi, as árvores estavam nuas por que era outono e a paisagem magnífica tirou-a do ar por alguns instantes. Há tropeços ela saiu de seu transe, as pessoas andavam rápido ao seu redor, e ela mais uma vez era mais uma entre tantos.
Não tentou procurar por um táxi, mesmo sabendo que pelo mundo aqueles táxis amarelos tinham seu charme. Ela não resistiu ao ônibus vermelho, o Routemaster* de dois andares, era aquilo que ela queria, e estava sem destino, sem ter para onde ir, mas acima de tudo; estava feliz.
Subiu correndo ao segundo andar, carregada de malas e resolveu descer do Routemaster no mesmo instante, havia visto a grande e imponente London Eye*, era impossível resistir aquilo, sabia que estava gastando quase todo seu dinheiro, mas iria sobreviver, se não  fizesse isso não seria ela mesma; afobada e querendo agarrar o mundo.
Depois de uma volta inteira e de uma boa olhada no Tower Clock*, ela aproveitou a paisagem nova e diferente que era o sol se pondo no rio Tâmisa, caminhou mais um pouco e olhou cautelosamente a maravilhosa Tower Bridge*, e percebeu que aquela cidade era mais maravilhosa do que ela esperava. E enfim estava lá, na sua querida e adorada Londres.
 
* Routemaster é o ônibus vermelho de dois andares encontrado em Londres (segunda foto).
* London Eye é a grande roda gigante de Londres, de onde se pode ver o rio Tâmisa.
* Tower clock é a torre onde dentro se encontra o relógio Big Ben.
* Tower Bridge (ou ponte da torre) se encontra sobre o rio Tâmisa em Londres (primeira foto).

quarta-feira, 10 de fevereiro de 2010

O mapa do tesouro

Era um mapa, daqueles comuns, nada de diferente e legal de olhar, não tinha nada muito perspicaz, ele era normal...
Jogado e perdido, de mão em mão, aprendeu a se contentar com as pessoas tentando segui-lo, tinha medo de ser rasgado sem antes alguém encontrar seu verdadeiro tesouro, dava pistas mas nunca a resposta, e se falasse não contaria o segredo, era um mapa, e era normal...
Será que seria um pirata ao encontrar o tesouro? Ou, será que alguém encontraria o tesouro?
Eu até poderia dizer que o mapa é como uma pessoa, o medo de que de errado é maior que a vontade de ser feliz, mas será que somos tão normais quanto o mapa?
Não, é errado eu comparar um humano com um mapa, temos mais "sangue" em nossas veias, e queremos mais do que alguém que ache o nosso coração tesouro.
Não vamos ser como mapas, tentando achar o outro lado da laranja antes de poder achar uma faca para descasca-la, somos humanos, nunca esqueçam disso.

segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

Um vendaval

- Não, eu já não quero mais isso, não quero ter que olhar para você como se fosse normal, não quero! - ele falou com total autoridade.
Ela baixou os olhos, era isso que temia desde o começo, a insegurança era enorme e o medo maior ainda. Deu um resmungo baixo, como se adiantasse alguma coisa...
As vozes que ela ouvia, o temor que ela sentia, tudo, absolutamente tudo pairava no ar nesses momentos. Ele lhe deu as costas, e ela não fez nada, poderia ter erguido a mão e segurado seu pulso, como um clichê de vários filmes românticos, poderia ter gritado, implorado ou se ajoelhado aos seus pés, mas não fez nada disso. Deixou ele se afastar, como se tivesse dito um tchau simpático e ido dar uma volta.
Ficou parada com carros andando ao seu redor, o vento trazendo folhas de árvores e poluição, um sinal abrindo ali, e uma mulher deixando cair um óculos aqui.
Não fechou os olhos, não respirou, queria cair ao chão e morrer, mas seria demasiada sorte se isso acontecesse, deixou seu pensamento flutuar e o sinal fechar. Levantou uma perna como se estivesse na lua e continuou sua caminhada, como se fosse forte o bastante para agüentar um vendaval mas fraca o bastante para uma brisa leva-la.

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2010

O silêncio

"O silêncio é uma confissão." (Camilo Castelo Branco) 

terça-feira, 2 de fevereiro de 2010

Bullying faz mal

Ele só era um pouco diferente, não usava a mesma roupa que todos, não falava como todos, e nem brincava como todos. Ele somente não gostava de jogar futebol nas aulas de educação física, não fazia mal a ninguém, mas os outros faziam a ele. Garotos maiores, garotos que se achavam espertos e foram educados para serem o que são, xingavam e brigavam. Palavras como gay, frutinha ou boiola saiam de suas bocas e entravam nos ouvidos do garoto diferente.
Imagine você entrando todo dia em uma sala de aula, e passar quatro horas com pessoas te xingando e dizendo o quanto você é idiota e retardado. Quatro malditas horas...
Quatro horas em que sua vida vira um inferno, e você tem que se rebaixar, se você revida ou se chora e não responde a situação piora do mesmo jeito.
E ele só não gostava de futebol.
E além de descobrir o bullying, achamos o machismo e garotos criados como se fossem reis em suas casas, achando que podem mandar em tudo e todos. E eles não somente acham, mas mandam e desmandam em pessoas além de seus próprios pais. Na infância não vão tão longe, o garoto que não gosta de futebol ainda não aparece com manchas roxas no corpo todo, mas o mental não é saudável como deveria ser já foi tantas vezes atacado ali, e deixado de fora em brincadeiras na sala de aula e em trabalhos que não sabe o que é ter um amigo, e só por que não gostava de futebol...
Talvez fosse a raiva ou talvez algum tipo de vingança, mas independente de qual os fatos não mudam. Ele levou uma arma para escola, agora seria mais forte e poderia mostrar a eles quem era a frutinha. Já estava um pouco mais velho e cansado daquelas brincadeiras que faziam sua moral e auto-estima descerem.
Um dois tiros perdeu a conta, se acertou em todos ele não sabia, levantou a arma e colocou contra a própria cabeça e com um leve puxão sua alma foi embora...
Talvez se ele gostasse de futebol as coisas mudassem... Talvez...
A falta de maturidade, o preconceito a criação, tudo faz diferença.
Mas bem lá no fundo eu acho que independente de tudo isso tem algo dentro de cada um de nós que mesmo com pais e um futuro maravilhoso faz a nossa vida despencar, pessoas que praticam o bullying são pessoas que não tem nenhuma visão do que é o mundo, e de que não importando de como você é por fora - bonito, feio, alto, baixo, gordo, magro, nariz de porco, nariz gigante, nariz quebrado - por dentro você pode ter a alma mais maravilhosa, algo raro, algo que ninguém vai tirar de dentro de você.
Não se atinja por pessoas que se acham mais fortes ou melhores, independente de se for bullying ou não, temos que ser fortes em todos os momentos, e muitas vezes passar por barras horríveis. Cuide-se e nunca mate!
Alguns casos de bullying que terminaram em tragédia:
Colorado (EUA), 1999
Os estudantes da Columbine High School, Eric Harris, 18 anos, e Dylan Klebold, 17, mataram 12 colegas e um professor e cometeram suicídio em seguida. A história motivou o documentário ‘Tiros em Columbine’, de Michael Moore, que ganhou o Oscar em 2003.

São Paulo, 2003
Edmar Aparecido Freitas, 18 anos, era motivo de zombaria dos colegas de classe desde os sete anos de idade. Em 2003, ele foi ao colégio em que estudou armado com um revólver, atingiu nove pessoas e depois se matou.

Virgínia (EUA), 2007
O estudante coreano Cho Seung-hui, 23 anos, invadiu a universidade de Virgínia Tech, nos Estados Unidos, matou 30 pessoas e se suicidou.
Pauta para Blorkutando, tema: "Não tem graça nenhuma"
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