domingo, 21 de fevereiro de 2010

I love the world

Ela estava sentada, em uma daquelas poltronas grandes e confortáveis que tem em salas de terapeutas - ela estava no terapeuta -, seu cabelo loiro platinado já dava segundas intenções, e em sua camiseta branca podia-se ler I LOVE NY, ela achava que o mundo era pra ser amado, que as coisas tinham que ser amadas, as pessoas, as bolsas, os homens, as amigas, os conhecidos, e às vezes as crianças...
- Você me disse que se sentia por mal por amar demais não é? - o homem de óculos a sua frente perguntou com uma caneta e um bloco na mão, esperando as respostas de Júlia. A luz era fraca e as cortinas de uma grande janela de vidro estavam fechadas.
- Sim, eu amo muito as pessoas, isso me deixa mal - ela declarou em algo que se podia ler como um falso desespero.
- E por que te deixa mal? - ele perguntou sem nenhum tom de reconfortante.
- Por que elas me decepcionam demais, a todo instante, eu digo eu te amo para o meu namorado, ele diz que me ama, mas eu o encontro com outra garota, digo eu te amo para as minhas amigas, mas encontro-as dando facadas em minhas costas, acho que meu amor é muito grande por eles então eles fogem de mim...
- Tem certeza que é por isso Júlia? - o terapeuta falou ainda sem sinais de que queria mesmo ajudar.
- Claro que tenho, sinto no meu coração. - Falando isso Júlia lembrou-se de uma conversa com uma garota que conheceu ontem, ela dizia que o coração dela também doía demais, e no final da conversa Júlia havia dito "Eu te amo", a garota era legal, e se Júlia não falasse isso seria falta de educação...
- Júlia, será que o problema não é você amar de menos?
- Como assim... Amar de menos? - ela franziu o cenho, já não estava mais relaxada como antes.
- Amar de menos, não gostar tanto, dizer que ama, mas não amar... - ele falou com cinismo - essas coisas...
- Não sei, sabe - ela falou olhando para as unhas -, quem sabe seja isso, mas... Eu os amo!
- Qual foi a última vez que você disse eu te amo Júlia?
- Hoje de manhã antes de viver para cá...
- E pra quem foi?
- Para o motorista - ela virou a cara, havia ficado vermelha.
- E você o ama de verdade? Daria a vida por ele?
- A vida não... Mas eu acho que eu amo.
- Júlia, eu acho que você diz que ama todo mundo por que tem medo que elas te deixem ou talvez por que o amor é o mais perto que podemos chegar da magia... Não se deve falar que se ama alguém se isso não for verdadeiro, amar é algo totalmente puro, você deve ter cuidado com suas palavras, o amor é inexplicável...
Júlia não falou nada, se levantou e saiu andando, suas pulseiras tilintaram; o terapeuta sabia que tinha dado a ela algo em que pensar.
  Amor não se conjuga no passado; ou se ama para sempre ou nunca se amou verdadeiramente. (M. Paglia)

3 comentários:

  1. Eu, na verdade, li o texto anterior, e amo 'Um amor para recordar', também já li Crespusculo, mas prefiro Sobrenatural (eu sei que não tem livro, mas é perfeito) e já vários outros livros. Não entendo também as pessoas que ficam dizendo que o livro é um bosta sem nem mesmo ler e as fãs que ficam sonhando com vampiros bonzinhos e com um Edward perfeito, que não existe.
    Lembra de mim, você segue meu blog novo?
    Eu deixei o Rabiscos de Sonhadora, bom é esse:
    beatrizgomesdecastro.blogspot.com
    beijo fofa

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  2. "Não se deve falar que se ama alguém se isso não for verdadeiro, amar é algo totalmente puro, você deve ter cuidado com suas palavras, o amor é inexplicável..."

    Tanta verdade você escreveu nessas palavras. Tão bom seria se todos tivéssemos responsabilidade ao falarmos de amor... Ah!

    Muito bom!! Beijinhos!

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  3. Hoje um eu te amo é tão clichê, precisamos muito mais de sentimentos verdadeiros, sinceros e puros para demonstrar a pessoa amada.

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Nunca sabemos de tudo.

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