domingo, 30 de maio de 2010

Jazida ao chão da imponente Torre Eiffel

A torre estava ali, na sua frente, e tudo que Regina conseguia sentir era raiva. Raiva de Paris, por ser tão distante do Brasil, raiva de Henri por não ter ido encontrá-la e raiva de si mesma por ser tão ingênua e boba.
A torre ainda estava ali, tão imponente e forte, um abuso de poder contra o mundo, contra todos que iam à França para ver ferro e aço.
Olhando para a Torre Eiffel Regina se arrepiou, amoleceu um pouco diante da força de algo tão prepotente, algo tão velho e ao mesmo tempo maravilhoso.
A torre era linda, Regina nunca poderia negar, o ponto mais alto era distante, mas não tanto quanto onde sua mãe morava.
A saudade fez Regina se sentir fraca, e não pela primeira vez. Achou que a viagem à França seria uma das coisas mais maravilhosas que poderia vir a fazer, mas se enganou, estava ali, grávida de quase três meses, fugida de casa, tentando encontrar um francês chamado Henri Tissot, que passou as férias com a família no Brasil.
Havia se virado mais do que pensou que poderia para chegar a Paris, fugiu de casa pegando todo o dinheiro que a mãe havia guardado durante anos para sua faculdade, chegou a França e depois quando procurou Henri pensou que finalmente iria conseguir, mas quanto engano, ele não quis falar com ela.
Regina não tinha onde ficar, não sabia para onde ir, e só depois que conseguiu falar com o pai de Henri, Giulio, falando que estava grávida, é que ele quis recebê-la.
Não recebe-la literalmente, mas cuida-la, os Tissot eram uma família rica, e Giulio poderia arcar com todas as despesas de Regina, o que era uma benção, pois ela não tinha onde passar a noite e nem um mísero dinheiro. Depois de conversarem por um longo tempo em uma mistura exótica do português enrolado de Giulio e do escasso francês de Regina, ele decidiu que ela escolhesse um lugar de Paris onde poderiam encontra-la e ela pediu que fosse na Torre Eiffel. Que era uma bela escolha segundo Giulio.
Agora Regina estava ali, esperando que pelo menos fosse Henri que a encontrasse, mas bem no fundo ela sabia que não seria. Ele era educado ela não poderia negar, mas o medo de encontrá-la era maior. Os pensamentos de Reina vagavam, havia tanto a temer, sua mente começou a girar.
A dor inundou seu ventre. O seu bebê estava ali, pedindo socorro, sangue escorreu por entre suas pernas, e ela se sentiu sem forças para continuar em pé.
Gritou alto, com dor e medo.
- Socorro - as lágrimas desciam pelas bochechas agora pálidas de Regina - Por favor, me ajudem!
A bolsa que ela carregava no braço estava caída no chão e a do ventre não estava mais intacta.
Ela não conseguia mais gritar, aos poucos foi ficando inconsciente e enfim desmaiou. Uma brasileira, grávida, jazia agora ao chão de Paris, aos pés da Torre Eiffel.
Acordou com o olhar embaçado, e aos poucos foi tomando consciência do que se passava ao seu redor, ela não estava sozinha, estava em uma cama e na melhor das hipóteses um hospital.
- Você está bem? - perguntou uma voz em um falho português, um homem se aproximou aos poucos de Regina, havia nele algo conhecido, seu olhos se acostumaram com a luz e ela percebeu que aquele era Henri, o odioso Henri! - Te achei caída no chão e te trouxe para o hospital.
- Henri? É você Henri? - ele a olhou com um olhar tenro, não era o olhar de Henri, eram os mesmos olhos, mas não o mesmo olhar - e o meu bebê? Como está meu bebê?! Onde eu estou?
Lágrimas caiam de seus olhos, manchando seu rosto pequeno e pálido.
- Ele não sobreviveu Regina, ele faleceu - ele baixou a cabeça - eu não sou Henri, sou o irmão dele, Pierre. Era para mim te encontrar, mas não te achei na frente da Torre, você estava do outro lado, caída no chão, procurei documentos na sua bolsa, mas já sabia que era você, era o mesmo rosto angelical que Henri havia descrito... Você está em um hospital Regina.
Regina se pos a chorar, ele não havia ido ali nem para vê-la, saber como ela estava. A situação de Regina era lastimável, e Pierre, o irmão de Henri estava ali, um ser tão diferente de seu irmão abominável.
- Ele não veio me ver? - Regina sussurrou.
- Não Regina, ele não veio - Pierre falou envergonhado.
Regina sentiu náuseas, que sorte seria se tivesse encontrado Pierre no Brasil, e não o ordinário de seu irmão. Que voltas que a vida dava, se achava em um hospital parisiense, sem o filho que já amava, com o irmão do homem que achava que amava.
- Eu não tenho nem para onde ir - Regina soluçou fraca.
- Não se preocupe Regina, você não vai precisar pedir ajuda para mais ninguém, muito menos para meu irmão, vou te cuidar, você vai para minha casa, longe de Henri, longe de meu pai. Eles são idênticos, não tem o que tirar nem por.
Regina olhou para ele, e viu verdade em sua expressão viu verdade em seus olhos castanhos purificados, longe da malicia que inundava o mundo.
Mais lágrimas caíram por entre sua pálpebras, mas ela tinha agora ao menos uma certeza: poderia contar com alguém.

Pauta para: Bloínquês
Edição Visual

Eu sei gente, ficou gigante, mas segundo meu cérebro anormal ficou bem legal - eu acho né.

Beijos, Alessandra.

sábado, 29 de maio de 2010

Não se dá sentido para aquele que não tem opinião

Sabe quando tentamos ser educados, tentamos nos abster do ódio e da raiva?
Sabe quando a única coisa que queremos é ouvir uma opinião, e não dar uma opinião?
Quando estamos sentados o mais confortavelmente em algum local totalmente distante dos gritos e choros, das risadas e alegrias, e que só queremos ser abraçados como se alguém quisesse nos cuidar?
Talvez escrever não seja o meu papel verdadeiro no mundo, mas se não é esse qual vai ser?!
Todos nós sonhamos tantas coisas, pensamos em tantos modos diferentes de continuar, para de repente, parar no primeiro obstáculo.
Como se as ecolhas fossem fáceis de fazer...
Não são hoje, não foram ontem e muito menos vão ser amanhã, a dúvida é meu mal e a incerteza meu maior medo.

quarta-feira, 26 de maio de 2010

O floco de neve

Já estava a quase uma hora esperando ele chegar, o café começava devagar a esvaziar, a noite vinha chegado lentamente, num branco pérola natural dos dias de inverno.
A neve não demoraria a cair - segundo os meteorologistas - há dias já vinham predizendo uma grande nevasca. O frio chegaria com força total, completando o rito anual das estações.
Mas ali dentro, naquele pequeno café da grande New York, Lila se sentia aquecida, um pouco triste, inconformada com a impontualidade de Connor, mas mesmo assim confortável com o local agradável em que se encontrava.
Ela já havia terminado seu segundo café, e estava tendo uma luta mental consigo mesma para saber se iria embora, se desistiria de esperar Connor chegar - se chegasse - ou ficaria ali. Não havia mais chances para ela, se ele não aparecesse, mas antes de ela se levantar, ou decidir de vez se iria embora ou não, um vulto encasacado atravessou a rua, Lila conheceu seu jeito de andar, ele entrou no pequeno café, e Lila suspirou, era realmente Connor.
Aqueles três meses separados ainda não haviam ensinado a ela como domar sua emoção, com olhar para ele sem sentir um profundo desespero, sem ficar com saudade de seus beijos e abraços, não conseguia parar de se culpar por ter cometido tantos erros no passado, ter deixado ele de lado e se enfiado em um poço de trabalho gigantesco. Aquilo doía nela mais do que qualquer um esperaria mais do que ela mesma esperava de si própria.
Connor chegou até sua mesa mais rápido do que ela previra, sentou na sua frente e deu um daqueles sorrisos suaves que eram sua marca registrada, traziam calma, e faziam com que a dor de Lila aumentasse, perfurando seu coração de um modo assustadoramente irracional.
- Oi Lila - Connor falou despreocupado -  tudo bem com você? Está com uma cara estranha.
- An, não, oi... Tudo bem sim, problema algum - Lila se segurou na cadeira com força, era muito ter que olhar para ele sabendo que não era dela, mas falar era mais doloroso ainda.
- Lila, eu não tenho muito tempo, por favor, eu sei que você gosta de enrolar, vá direto ao ponto - ele olhou pra ela sabendo por que ela o chamou ali, e vendo que ela não falava nada continuou - Lila, já faz quase quatro meses que nos separamos, eu aprendi a viver sem você, e espero que você tenha feito o mesmo, a minha vida não parou, e eu já havia deixado de te amar antes de nós terminarmos, você sabe disso...
Ela olhou pra ele com um sorriso triste, como se estivesse morto em seus lábios.
- Esse é o problema Connor, eu sei. E não queria saber, eu ainda te amo Connor, não aprendia viver sem você, seu o seu amor, - Lila olhou pra ele com ferocidade - eu preciso de você!
- Lila, não existe mais nada entre nós, e bom... Eu encontrei outra pessoa, alguém que está ao meu lado sempre, uma pessoa que sabe me ouvir, que me ajuda quando preciso, somos eu e ela, e não somente eu, ou somente ela.
Ela se manteve calada, se escondeu em baixo dos seus cílios e baixou a cabeça, a tristeza inundou-a, outra pessoa? Por essa Lila não esperava. Lila nada falou, o silêncio no café era completo, mas dentro de si mesma um guerra era travada.
- Lila - Connor falou - eu ela... A gente vai se casar...
Não podia ser possível, não podia ser real, seu coração martelou uma vez, duro, espremendo duas lágrimas quentes de seus olhos...
- Mas... Você... Você nem conhece ela direito, eu fiquei mais de dois anos com você e nunca foi pedida em casamento - ela argumentou.
- Lila, eu amo ela, e vou me casar queira você ou não - ele suspirou -, se cuida.
Connor se levantou, passou por Lila ignorando suas lágrimas que caíam lentamente, deu um sorriso idílico para ela e saiu do mesmo modo que entrou. Rápido, um vulto encasacado.
Lila não se demorou muito mais ali, não havia o que fazer, só chorar pelo que poderia ter sido, e pelos momentos de um futuro que nunca aconteceriam.
Seus membros enrijeceram ao sair para a noite gelada, foi andando devagar para seu apartamento, um floco de neve caiu em sua bochecha e ela percebeu que apesar de às vezes os meteorologistas errarem e fazerem previsões que não dão certo, uma hora outra as coisas são como devem ser, a neve sempre cai no inverno de New York, e um grande amor sempre chega em nossas vida apesar das grandes decepções com o passar dos anos.





Pauta para: Once Upon a Time
Tema: Frase
Frase: Seu coração martelou uma vez, duro, espremendo duas lágrimas quentes de seus olhos...

terça-feira, 25 de maio de 2010

Vermes voadores atacam => v = vo+a.t => blérgh!

Vou contar pra vocês que eu tentei, tentei começar uma história, um conto, qualquer coisa que não fosse sobre a minha vida, mas minha cabeça tá tão CHEIA de coisas, tem tanta FÍSICA, tanta GEOGRAFIA, tanta FILOSOFIA, que eu acho que vo passar mal e meu cerébro vai explodir e virar pó!
Pra ser mais sincera na minha cabeça nem tem tanto "saber" assim, tem mais é procupação com não ter tanto "saber"! Sabe, eu vo dexando de lado, e amanhã eu tenho uma maldita prova que eu acho que vou me ferrar, mas sabe que isso nem é tão horrível assim, por que eu sempre acho isso e NUNCA acontece nada, a minha situação só não pode é piorar!
Meu músculos doem por causa do vôlei hoje de tarde, e eu ainda queria terminar de ler "O pianista" de Wladyslaw Szpilman hoje à noite!
Mas eu sou baita de uma preguiçosa, enquanto isso eu fico aqui, escrevendo, ao invés de estudar, mas MUV é tãããão chato! 
SÉRIO, é chatão mesmo, tenham dó de mim / brincadeira!
Vou me retirar daqui, to ocupando espaço demais com coisa pouca na blogsfera!
Mas antes eu quero agradecer os selinhos que me deram!

Agradeço a:
Giselle Rayane do blog Refúgios Insanos.
Tati Tosta do blog [Re]construções.
Lorena Rocco do blog Mil Alices.
Cacau do blog O meu melhor rascunho.
B. do blog Broken Beating Heart.

Obrigada mesmo garotas, eu fiquei muito feliz saber que vocês lembraram de mim, e que (puxa!), eu sou considerada por alguém nesse mundo - que não soe deprimente.

Beijão mesmo gente, eu tenho que sair daqui ligeirinho e estudar, ninguém merece ¬¬'

Alessandra Almeida.

domingo, 23 de maio de 2010

Iludindo a minha paixão

Menti quando disse que tudo era ilusão, a verdade está ali, não adianta mais lutar, meus braços são a maior defesa que tenho, mas não são fortes o bastante; não contra você.
Retiro-te dos meus pensamentos quase gentilmente, mas você está sempre presente, é minha discórdia, e isso me machuca.
Nos sábados à tarde eu penso em te largar, nos domingos à noite eu sonho em te deixar, como se fosse simples, como se fosse fácil.
Meu pescoço ainda se mantém arrepiado, mesmo seu toque já tendo sido deixado de lado. Acho que é pura imaginação, acho não vou mais sofrer com humilhação.

sábado, 22 de maio de 2010

Doce ser

Oh, assim você machuca meu ser interior.
Deteriora minha alma, afugenta meu coração,
Não queres nada do futuro, doce ser?
Não pedes nada para si próprio além de alguém que possa te resguardar?

Oh, doce ser...
Precisa de alguém que te guarde com cuidado.
Você precisa ser zelado com amor,
Suas células pedem fervor e carinho.

A chuva vem vindo,
E agora doce ser? Aonde vai te esconder?
Vou arranjar uma choupana qualquer, 
Assim meu doce ser vai poder se proteger.

Oh, doce ser...
És tão doce que às vezes me deprime,
Minha alma amargurada te oprime?
Não me deixe ser assim,
Só deixe estar, que o que for pra ser, concerteza será. 

sexta-feira, 21 de maio de 2010

Um up na alma

Faz alguns dias que eu começo querendo escrever sobre o que eu sinto e acabo fazendo uma história, um conto ou uma carta, o que não é ruim, mas o momento não pede. Minha alma com suas milhares de curvas implora um desabafo, é um aquário gigante, em que nem os peixes maiores conseguem sobreviver. Então preciso liberar os corpos, tanto os vivos quanto os mortos, tirar a água suja e dar uma limpada.
Eu tenho dessas coisas, de dizer que sei o que falar que sei o que fazer, mas na verdade eu não sei. Acho que eu sou uma brutamonte engaiolada, e ainda não aprendi a fugir, de mim mesma nem dos outros.
Poucas coisas me emocionam de verdade, ou me afligem de modo aterrorizador, o que mostra que minha vida é um tédio ou que eu tenho um coração de pedra e nervos de aço, e sinceramente essas duas opções me deixam enojada.
Hoje de manhã o sol apareceu.
Não vou negar que tenho meus dias ruins, mas sei também que existem os dias bons, em que parece que eu bebi a felix felicis e nada pode dar errado quando eu estou assim.
Mas milhões de coisas giram em torno de mim, e eu sei que bombas são feitas para estourar, e eu sou o que eu chamaria de bomba eterna, depois que eu estouro começo a contagem regressiva de novo, que pode ser para daqui a dez dias ou dez minutos, depende quem está ao meu lado, e onde eu estou.
Os meus sentimentos são intocados de tal maneira que tenho medo de abrir o porta-jóias que os guarda. A chave está perdida,  não me atrevo a procurar, tenho medo de descobrir qual é o tamanho do estrago dentro de mim, dos tão intocados sentimentos.
Eu mesma me contradisse neste último parágrafo, peço desculpas, mas essa sou eu, cheia de curvas morais.
Esse texto é uma limpeza na alma, um up geral em mim mesma, esse texto sou eu querendo expor o que eu guardo em mim sinto, o que eu sou, ou o que eu pretendia ser.
Não sou muito boa em falar de mim mesma, eu minto, não para melhor, também não vou dar uma de humilde e dizer que é pra piorar, simplesmente minto, digo que meus sentimentos são intocados, quando na verdade não são, não os que ficam fora da caixinha pelo menos, eu omito partes, como por exemplo, não dizer que antes de fazer sol hoje de manhã, parecia que ia chover.
Essa realmente sou eu, com muitas delongas, muitas palavras soltas, e algumas frases que se encaixam.



 Foto: Por mim! haahaa

"[...]O que é a vida? Por que viver? Viva, responderão a você, enquanto não morre. Fácil de dizer! Pois é: Apaixonar-se quando jovem, depois casar-se, fazer filhos e a caminho da velhice preparar almoços, retorcendo-se em resmungos sem esperança: é essa a vida? Será que eu quero uma vida assim? Eu quero me tornar grande, extraordinária. Sonhos, sonhos! Somente os sonhos me dão a possibilidade de ser feliz, pelo menos de vez em quando.
"Oh, como gosto de escrever! Pois é, escrevi e me acalmei. Como se a mão de alguém tivesse rearrumado tudo na minha alma, de tal modo que não permaneceu sequer uma partícula infinitesimal que possa me perturbar [...]".

Página 29 de O diário de Nina, prometo fazer uma sinopse desse livro e indicar, depois de eu terminar de lê-lo é claro. Nina é como Anne frank, mas não está presa, vive sob o regime de Stalin, e sofre por isso. Era 1932 e ela estava com 14 anos quando escreveu isso, em 1937 ela foi presa pelas coisas que havia escrito no diário, contra o governo e segundo a NKVD contra o povo!

Beijos, Alessandra.

quinta-feira, 20 de maio de 2010

Admirável outono

Sai pra fora de casa e olhei para o céu, estava nublado. Eu com todos os meus casacos não senti o frio, o que acalmou um pouco minha alma, por mais incompreensível que isso possa parecer.
As folhas caiam das árvores e lentamente chegavam ao chão. Apreciei-as, pois elas infestam as ruas, deixando tudo um tom amarelado que só a estação outono pode ter.
Ao voltar para casa me enrolei em um cobertor e abri um livro camuflado, digo camuflado por que a história de Nina, além de ser real não é e nunca foi infantil ou sem sentimentos, me vi tanto em suas palavras que li e reli mais de uma vez diversos trechos, a capa escura mostra o que ela não é, pois apesar dessa pequena menina soviética dizer que quer se envenenar e que vê a vida de um jeito frio, não tem mais nada além de medo com o que possa lhe acontecer.
Meu casulo de cobertores estava fraco, tive que sair dali, olhar novamente o céu, o sol não estava lá, mas não fiquei triste por isso, muito pelo contrário, um céu nublado me dá um prazer indefinido, não de felicidade, ou excitação, mas de bem estar, de lareira e de fogão à gás.
Minha mente girou muito mais do que 360 graus, então sentei em frente ao computador e comecei a escrever.

terça-feira, 18 de maio de 2010

Torah, uma mulher livre

Paris, 14 de Agosto de 1947

Eu vejo o sol nascer quadrado todos os dias, e não estou numa prisão, não literalmente. Acordo pálida, e durmo pálida. O cansaço de não fazer nada me domina, e eu vivo sonhando em ser livre novamente.
As pessoas passam em baixo desse enorme prédio abandonado sem olhar para cima, sem me enxergar. Elas passam na rua com medo, ligeiras e indecifráveis, o cheiro da morte impregna todos os locais, e meu rosto é obscuro como o quarto em que vivo, a esperança já deixou de morar em meu corpo há mais tempo do que eu esperava.
Já faz dois anos que estou aqui nesse pequeno quarto, onde só saio para ir ao banheiro, recebo comida uma vez ao dia, estou um esqueleto, emagreci tanto que as vezes não consigo parar de pé, como é triste uma vida de solidão...
À noite não posso ligar a luz, para não chamar a atenção, a lua então é minha companheira, minha única amiga.
Tenho saudades de escutar Vlado Perlemuter em dias frios, e de ler Paul Géraldy embaixo de uma árvore qualquer em dias quentes.
Que valor eu dava a vida que levava?
Acho que vou morrer aqui, exilada do mundo, das pessoas, dos sabores e dos perfumes, algumas cores ainda posso ver, felizmente minha janela me dá esse prazer, mas não sei  o quanto posso sobreviver, estou fraca, aos poucos definhando.
Queria poder voltar no tempo e colocar mais intensidade nas coisas, poder deixar um pouco mais da minha marca, mas agora não posso mais, passou, estou sozinha, eu... e a lua.
Não queria deixar minha história em branco, e resolvi escrever isto aqui, a guerra me marcou, como a tantos outros, mais eu como judia, ainda pago por ter fé, minha família era rica, pois se é eu ainda não sei. Nós viemos de Varsóvia para a França, para tentar nos esconder, meu pai tinha amigos aqui, só que os alemães nos descobriram, minha família conseguiu fugir, mas eu fiquei, e hoje ainda sofro as consequências.
Eles mantêm refém para a segurança de si próprios, para meu pai não fugir, e não levar consigo mais gente, me pergunto se não fosse eu que tivesse ficado para trás como seria minha vida agora.
Deixaria minha irmã sofrer dessa maneira? Ficar no meu lugar? Acho que não.
Hoje tenho 21 anos, e a minha dor aumenta cada vez mais, estou amargurada. A injustiça me atingiu de tamanha maneira que continuar a viver é um paradoxo que não consigo entender.
Como o mundo é sujo nas mãos de Führer, existem coisas além de sua própria opinião, a cor de meus olhos não decifra o meu ser, a cor da minha pele não decifra a minha alma, Adolf Hitler é tão sujo como o próprio mundo em suas mãos, sem alma alguma, sem medo algum, ele me dá nojo.
Eu me fundo aos poucos com a escuridão desse quarto, só por que alguém quer comandar o mundo, destruir pessoas, como se isso desse prazer.
Existe uma grande probabilidade de eu morrer por causa dessa carta, mas só vou adiantar o que já iria me acontecer, e prefiro morrer pelo motivo de algo minimamente rebelde do que por que Hitler resolveu que era minha hora, ou outro alemão qualquer.
A vida é injusta, eu sei, mas enquanto existir amor no mundo não está tudo totalmente perdido.



Torah, uma mulher livre.


domingo, 16 de maio de 2010

Zumbidos na escuridão

Partidas tristes são tão pesadas quanto ferro, beijos vazios são tão tristes quanto partidas, diamantes não brilham tanto na escuridão, e o véu da noite transforma poças de água em armadilhas de morte.
Marcas não são deixadas só em notas, pesadelos não acontecem só em filmes de terror, cicatrizes nunca somem, não se forem na alma.
Bandidos vivem soltos muros não impedem ninguém de matar, um coração se parte em algum lugar.
Agulhas aguçam a insensatez, linhas se partem, um trem cai.
Noção não faz mais parte do cotidiano, mau educação machuca pessoas que vivem de plantão.
Labaredas não é mais sinônimo de conforto, o fogo não é mais uma metáfora só de amantes, não é hoje, nem nunca foi.
Zumbidos não são ouvidos, a morte ri de quem acha que sabe o que é viver e matar agora é a nova onda de quem acha que é feliz.
O amor foi deixado pra trás, mas ainda acredito que ele possa mudar quem se envolve, e quem demonstra que é capaz.
Flores cheiram o perfume, pois não consigo mais cheira-las, o sol se põe atrás das árvores, e eu vou junto, só pra dizer, que eu tenho verdadeiramente o que fazer.

sábado, 15 de maio de 2010

190 é da polícia

Liza, Bruna e Isabel entravam distraídas e despreocupadas para dentro de casa, começava a chover lá fora na rua, e elas riam da falta de sorte que tinham.
- Alguém tá com fome? - pediu Liza, a dona da casa.
Ainda rindo as outras assentiram.
- Então vou fazer uma pipoca - falou Liza - vocês não vem junto?
- A gente já tá indo - Isabel disse.
Liza entrou na cozinha e foi pegar as pipocas, mas ao abrir o armário se deparou com algo diferente daquilo que esperava.
- Socorro, socorro - Liza gritou desesperada - venham aqui, por favor, tem alguém no armário.
Bruna e Isabel vieram correndo da sala, com os sorrisos já apagados de seus rostos.
- O que houve Liza?
- Ali dentro - ela falou apontando o dedo, com medo - tem alguém ali.
Bruna e Isabel foram devagar o olhar o que havia ali e também se assustaram. Um homem encolhido no armário dormia, ou pelo menos era isso que parecia que ele fazia. Estava sujo, e sua testa sangrava um pouco, mas ainda havia cor em seu rosto.
- O que a gente faz? - Bruna perguntou.
- Tira daí, tira daí, ele devia ser preso - Isabel falou ainda assustada.
- E como é que você espera que eu o tire dali? Aliás, o que a gente tá esperando? Liguem pra polícia!
Liza saiu correndo da cozinha, e voltou em menos de trinta segundos, trazendo um celular.
- Qual o número da polícia meninas? - ela falou com uma ar pálido e assustado.
- 190 Liza! Tua mãe não te ensinou nada? - Bruna gritou desesperada - Liga logo.
Liza discou, e pediu um socorro imediato, pois havia um homem no armário da cozinha, que parecia estar dormindo.
As três foram para a sala um pouco mais calmas, sabiam que teriam ajuda. Ainda um pouco abaladas elas conversavam, discutiam se o homem estaria ou não vivo.
Ouviram o tilintar de chaves, e uma porta sendo trancada. Um homem sujo e mal vestido entrou na sala.
- Vim pegar vocês, - sua voz grave falou - são mais lindas do que eu esperava.
Elas tentaram correr, tentaram fugir, mas era tarde de mais.
A polícia chegou alguns minutos depois, tiveram que arrombar a porta, ao entrar na sala encontraram quatro corpos mortos no chão.


Pauta para: Once Upon a Time.
Tema: Frase.
Frase: "Tira daí, tira daí, ele devia ser preso" Harry Potter e as Relíquias da Morte.

quarta-feira, 12 de maio de 2010

O saco de lembranças


Me entristeci tanto hoje, ao olhar pra trás e ver tantas coisas que nunca voltarão. Pequenos detalhes, que fazem meu coração inchar, com vontade de chorar.
Esses dias entrei na sala em que eu estudei na sétima série (e isso foi só há dois anos), vocês não imaginam a tristeza que me invadiu, as lembranças que voltaram para minha mente com força total, queria ignorar aquilo, mas ao invés de sair dali fiquei olhando, parada, incapacitada, a sala estava vazia, e eu quase via minhas amigas e eu correndo ali, caindo, se escondendo, fugindo dos professores. Que saudades... Vocês não imaginam.
Saber que nunca mais vai voltar e que daqui alguns anos vou me formar, e deixar um amontoado de histórias pra trás, aliás, para trás não, irei carregar comigo. O que me entristece ainda mais, olhar para minha mala de lembranças e ver tantas coisas que já passaram.
Sou extremamente sensível quando se toca no ponto passado, quando se fala em futuro então... 
Não sei o que pode acontecer, o que pode dar certo ou errado, quantas vezes irei tropeçar? Cair? Me machucar?
Muitas tenho certeza.
Mas mesmo assim é tão injusto o modo como as coisas passam rápido, eu olho e vejo a oitava série como um vulto preto que me manda para um poço de depressão, pois não vou negar, foi um dos piores anos no quesito colegas.
Me pergunto quantas coisas eu não deixo acontecer, sabe, interrompo, digo não, realmente, também não sei.
Vou levando, eu, minhas dúvidas e meu saco de lembranças.


  Sabe qual foi minha inspiração para esse texto (além da sala da sétima série)?
Harry Potter, isso mesmo, Harry Potter, alguns de vocês vão dizer que é idiota e eu sei que parece bobeira, mas a verdade é que não é, eu reli (:O merece ênfase li e reli só esse ano) todos os livros e agora estou no último (HP e as Relíquias da Morte), e foi a maior nostalgia, tipo, lembrar dos outros livros e pensar: "nossa, eu sei que é fictício, mas eu acho que vou chorar". e realmente eu chorei, não só pelo Harry Potter, mas pelos autores de livros que falando bem a verdade a vida deles tá passando também, que nem a minha (NÃO RI DISSO), mas pelo menos eles estão deixando algo, sabe, algo imaculadamente perfeito e não a vida deles, muitos autores (quase todos) não escrevem sobre a própria e sim sobre um mundo perfeito que é totalmente deles, e eu me pergunto eu também vou ter minha chance de fazer isso? - esse foi o terceiro motivo por eu ter chorado.

Nossa, essa foi uma mega observação, e por isso merece duas fotos mega fofas.


Beijos, até mais <3

P.S.: Eu amo os braços do Rupert!
P.S.²: Eu amo o Rupert!

terça-feira, 11 de maio de 2010

David encontra Samantha

David entrou nervoso no elegante restaurante, estava usando uma jaqueta de couro preta que não combinava muito com o lugar, e levava lírios na mão, que não combinavam em nada com a jaqueta.
Ela ainda não havia chegado, e já era o segundo encontro do casal, David repassou mentalmente as últimas duas semanas, o pedido de socorro que havia recebido, por algo que ainda não havia acontecido, a carta de... Samantha, ela entrou estonteante pela porta do restaurante, brilhando como nas outras vezes que ele a vira, uma mulher ruiva, carismática e sorridente.
O único problema era a carta, a carta também era de Samantha, uma Samantha do futuro, que queria salvar a vida dos dois, que queria salvar o filho dos dois.
David não sabia no que acreditar, leu a carta milhões de vezes, se preguntou se não seria uma pegadinha de seus amigos, mas não, tinha certeza que não era.
E aquela mulher que agora sentava em sua frente, ainda era um mistério, um enigma que ele teria que resolver.
- Oi, frio lá fora não é? - ela era direta, e David gostava de pessoas diretas, principalmente se houvesse sinceridade.
- Sim, muito frio - ele assentiu, pois Nova York nos dias de inverno fazia todas as pessoas sumirem e ficarem deitadas em baixo das cobertas até os últimos segundo que podiam.
Ela olhou para ele, baixou o olhar para sua jaqueta de couro, e fez uma cara de adoração, realmente à carta da Samantha do "futuro" não havia errado, ela adorou.
- Trouxe uma coisa pra você, - ele deu os lírios para ela - achei que poderia gostar.
- São as flores que eu mais amo - ela pegou os lírios da mão de David e aspirou o cheiro - e têm o melhor perfume. Como você adivinhou?
- Am, sorte - ou você mesma pode ter me falado, pensou David.
O resto do jantar correu maravilhosamente bem, havia uma química entre eles, algo que era impossível de explicar.
Ele levou-a até sua casa depois da janta, e apresentou Samantha para a mãe, Cida, foi um carinho mútuo. David chegou a se perguntar se não estavam indo rápido demais, mas pelo jeito que Samantha quis ir até sua casa, David não tinha como continuar destrinchando perguntas para si mesmo.

* * *

Duas semanas depois

O celular de David tocou, era Samantha. David saiu da sala de aula, estava cursando Justiça Criminal, ele não esperava uma ligação naquela hora, provavelmente ela estaria ocupada em sua residência no hospital, Samantha havia saído fazia dois dias do Mercado Marolo, ela trabalhava lá pra pagar sua faculdade, mas agora não precisava mais.
- Olá Sam... - David atendeu - aconteceu alguma coisa?
- David, escute, venha pro hospital agora - ela falou apreenssiva.
- Sam, o que aconteceu? Me escuta Sam, o que houve?
- David, é sua mãe, vem pra cá, ligeiro.
David saiu aos murros, nervoso, o que havia acontecido com sua mãe? ela estava bem até ontem. Entrou correndo no hospital tentando achar alguém que pudesse lhe dizer onde Cida Weinbeger estava. Mandaram ele para o quarto 139, Samantha estava ao lado dela, segurando sua mãe.
- Mãe, mãe? Você está bem? - ele perguntou temeroso.
- David, ela teve um derrame, está muito mal, é um sorte que tenha sobrevivido - falou Samantha tentando ajudar.
- David - a voz fraca e falhada de sua mãe calou os dois - eu te amo filho - deu um sorriso timido, como se estivesse pedindo desculpas e se foi.
Agora David além de não ter pai, não tinha mais mãe.

A Carta que Samantha mandou para David.

domingo, 9 de maio de 2010

Mãe, eu te amo

Mãe, eu te amo. Obrigada por me dar carinho, por me dar amor.
Obrigada pelas suas noites sem dormir, obrigada por toda sua proteção.
Obrigada por brigar comigo, às vezes eu sei que preciso me corrigir.
Mãe, obrigada por estar ao meu lado e por dar sempre o colinho que eu tanto preciso.
Obrigada por entender que eu preciso de um espaço só pra mim e que eu gosto de ficar sozinha.
Obrigada por dizer que eu sou teimosa, e por me puxar quando estou caindo.
Obrigada mãe, você é a minha maior benção.
Obrigada por me carregar nove meses na barriga e por me dar mais duas irmãs maravilhosas.
Mãe, eu te amo, feliz dia das mães.

Minha mãe totosona e eu.

sábado, 8 de maio de 2010

A salvação

Querido David,

Você ainda não me conhece, não sabe quem eu sou e muito menos do que eu gosto ou não gosto. Eu não acredito na sorte que eu tive ao te encontrar, eu te amo muito, mas do que jamais amei qualquer coisa, já fomos casados por algum tempo, mas o destino, ou as consequências da vida fez a gente se separar, eu não queria ser dura, e muito menos ir diretamente ao ponto, mas em uma noite fatídica de 16 de Julho de 2006 você morreu, e eu nunca sofri tanto, nunca me senti tão mal, estou doente, e sei que aos poucos também vou morrer, queria poder te salvar, foi então que conheci o Dr. Barrymore, ele descobriu uma maravilhosa maneira de mandar cartas para pessoas no passado, mas não vou me prolongar escrevendo como, só posso mandar uma página, e ainda existe a chance de não chegar até você, as probabilidades são muitas.
Você, com sua enorme curiosidade vai querer saber como morreu não é?
E eu vou te responder, para que você entenda a situação que me encontro. Eu estava grávida de sete meses, e comecei a sentir fortes contrações, um tanto inesperado, pois faltavam dois meses para o bebê nascer, a chuva caia forte e era quase três da madrugada, eu acordei você e de carro fomos para o hospital, a dor aumentava a cada instante, e você tentava me ajudar, eu sangrava, e você, dirigindo cada vez mais rápido segurava a minha mão. 
Um carro ultrapassava um caminhão, e você David, com seu reflexo de policial virou rapidamente para a direita, caímos em uma valeta enorme, um esgoto horrível, choro só de lembrar. Não conseguíamos sair dali, seu celular não funcionava, e eu, eu sentia mais dor a cada instante. 
Não havia ninguém que pudesse nos ajudar, nem ao menos os motoristas que provocaram tudo isso, eles fugiram. A água subia a cada instante naquela valeta imunda, se não saíssemos dali iríamos morrer, sua perna havia ficado presa, e eu não tinha força alguma para me mexer, ainda vejo os borrões de sangue quando fecho os olhos, você conseguiu me tirar de lá David, só que deixou no carro sua perna, e não posso negar, sua vida também.
Você morreu em meus braços ao lado da estrada, eu tentei pedir ajuda, mas era tarde demais para você e o nosso bebê. As duas coisas que eu mais amava no mundo não existem mais, mas talvez você possa mudar coisas, mude o nosso destino David, o seu e o meu.
Pode ser que você ainda não acredite em mim, e não te culpo você é um tanto perspicaz, mesmo para os 21 anos que você tem no momento. Preciso que você acredite em mim David, preciso.
Sua mãe vai morrer daqui um mês, sinto muito por ela David, mas você já sabe disso, eu irei te dizer, pois antes dela morrer eu irei conhecê-lo. Você está louco para fazer Justiça criminal, mas seus pais não querem, faça o que você gosta Davis, estude justiça criminal. Como eu sei disso? Você se formou cinco anos depois que nos conhecemos.
Eu trabalhava como caixa no Mercado Marolo, perto da sua casa, converse comigo, mas não chegue falando dessa carta, eu me assusto fácil, no segundo encontro leve lírios, eu vou adorar, use aquela jaqueta de couro preta, e  me leve a um restaurante decente.
Mude o nosso futuro David, mude, por favor. Dia 16 de julho de 2006, a nossa felicidade depende de você, e de mais ninguém. Nosso bebê seria uma menina, o nosso fruto, não esqueça disso. Salve-a, eu lhe imploro.

Com muito amor, Samantha,
08 de maio de 2010.

quinta-feira, 6 de maio de 2010

Tamanho 42 não é gorda!

O dia amanheceu chuvoso e nublado, sem sol algum para alegrar Alicia, ela acordou atrasada e foi direto para o banho, percebeu que seu namorado, Júlio, já havia acordado, sem ter nem ao menos avisado que ela estava atrasada.
Então ela se lembrou, ele não estava mais ali naquelas casa, havia saído bravo na noite anterior, dizendo que ela era neurótica demais, nervosa demais e muito insegura. O que olhando pelo ângulo deve dava até pra entender.
Eles haviam brigado por que ela estava comendo como uma porca, e estava gorda demais, segundo ele. O que fez Alicia se sentir mal, ela começou a gritar dizendo que se ele não quisesse mais ela  poderia ir embora, então ele foi.
Saiu sem mais palavras, e ela ficou sozinha, com sua gorda coxa de galinha, e o que veio depois foi um pote inteiro de sorvete, ele que me faz comer, pensou ela.
Alicia ainda tinha que pegar o metrô antes de chegar no trabalho, e se não se arrumasse logo perderia a hora.
Saiu do banho e se secou, quando havia começado a colocar a calça ouviu uma fraca batida na porta do quarto, era Júlio.
- Entre - ela falou baixinho.
- Olha Alicia, eu não quis ofender - Júlio falou despreocupado - você sabe como eu sou, às vezes eu digo algumas verdades e...
- Para sua informação tamanho 42 não é gorda! - Alicia o interrompeu aos gritos, se ele não a queria, não gostava do corpo dela, então ela poderia viver sem ele também - Sai daqui agora Júlio! Eu não aguento mais, metade do tempo que passamos juntos você fica reclamando do meu corpo, eu posso sobreviver sozinha, sem você, sem mais ninguém!
Ela já havia terminado de se vestir, passou por ele rapidamente, pegou a bolsa e saiu para a manhã gelada de julho. 
Só eu e meu pote de sorvete, pensou Alicia.

 
 Pauta para: Once Upon a Time 
Tema: Três frases, escolher uma.
Frase escolhida: Para sua informação tamanho 42 não é gorda! - Retirada do livro "Tamanho 42 não é gorda - Meg Cabot".

terça-feira, 4 de maio de 2010

A aula de ciências

O professor de Ciências, Sr. Vogelmann, olhou para a turma com uma cara severa, do jeito que sempre olhava. Eu não estava em meus melhores dias, e aquela aula não estava ajudando muito.
Eu podia ver com o canto olho Natascha caindo em cima de Otávio, o que fazia com que o meu sangue subisse ao rosto, aquilo me dava raiva, como uma garota às 07h30min da manhã podia ter um cabelo perfeito como aquele? Todo escorrido, loiro e perfeito. Sério, eu não merecia aquilo.
- Silêncio turma, silêncio, por favor – o professor queria falar, aos poucos a turma foi se calando – todos os anos temos a exposição do trabalho de ciências, e esse ano não vai ser diferente. Eu irei escolher as duplas, como venho fazendo sempre – ouviu-se uma reclamação geral, inclusive da minha parte, queria fazer o trabalho com alguém que ao menos conhecesse.
O professor Vogelmann aos poucos foi distribuindo os alunos, e enquanto não chegava minha vez eu vegetava com a cabeça em cima da mesa, na verdade quase dormia. Mas como sempre aquilo não duraria por muito tempo.
- Marta e... – o professor falou com aquela expressão sádica que ele gostava tanto de fazer quando olhava pra mim, deu uma olhada no papel que segurava na mão e continuou: - ...e Otávio.
Ergui a cabeça ligeiro, meus cabelos se prenderam ao caderno em que eu estava deitada em cima, e tudo foi ao chão, qual era o problema comigo afinal?
Recolhi as coisas no chão e olhei para Otávio, sabia que meu rosto estava vermelho, não de raiva, mas de vergonha.
Ele estava me olhando com os seus olhos azuis e sua cara de anjo que precisa ser cuidado, mas que também gosta de cuidar, não de uma forma irônica ou algo do tipo, seu rosto era gentil.
Ele levou sua mesa ao lado da minha.
- Oi - eu disse desajeitada, enquanto tentava encontrar a caneta que eu tinha deixado cair na minha aventura com o caderno, tão desastrada, mas apaixonada, não posso negar.
- Oi Marta – ele falou distraído, enquanto começava a copiar o que o professor estava passando no quadro.
- Gostou das duplas que o professor fez? – eu perguntei tentando ser discreta e começando a copiar também.
- Na verdade, gostei sim – ele se virou pra mim – e você gostou?
- Claro que gostei – não tinha como responder outra coisa, não com ele me deixando hipnotizada com aquele olhar – é que pensei que você fosse preferir a Natascha, sabe... A Natascha – dei ênfase e depois olhei pra ela.
Ele também olhou, e nossa, bem na hora que ela balançou o cabelo, por que eu sou tão ingênua? Não podia simplesmente fechar a boca?
Ele olhou pra mim novamente e falou:
- Não, acho que eu prefiro você – e foi essa a hora que eu quase desmaiei, tudo bem se eu fosse CDF em ciências, mas eu não sou, esse concerteza seria O PROJETO DE CIÊNCIAS!

Dispensa imagens!

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Não descrimine batons vermelhos

Passamos por tantas coisas, e isso eu digo inteiramente sozinhos. Sorria.
É na solidão que observamos os detalhes mais importantes. Sorria novamente.
Nos acidentes mais simples descobrimos verdades, como, por exemplo, que as coisas mudam.
Mas mudam de verdade, como um rímel anormal se transformar em um batom vermelho fogo.
Tem uma hora que simplesmente percebemos que o rímel não está mais lá, sumiu, quando isso acontece não abram sorrisos vagos, por favor, mas sorriam de verdade, afinal, as coisas se transformam, elas mudam.
O batom vermelho fogo vai ser usado em algum momento, e quem sabe você goste, não discrimine as coisas novas, por mais que você tenha sido avisado do quanto alguns batons não servem para moças de família.
Não seja preconceituoso, eu não nasci adorando batom vermelho, mas acho que minha mãe sim, e ela me ensinou a gostar. Me disse que se as pessoas que usam batom vermelho e o discriminam é por que tem culpa no cartório, e eu apoio essa opinião.
Mas como eu disse as coisas mudam, suas amigas irão mudar, e se já não aconteceu se prepare, um dia a bomba estoura.
Elas podem de uma hora pra outra achar que são mais maduras que você, e você... hum, nada poderá fazer, então tente sorrir, e isso eu falo por experiência própria, elas não vão notar que mudaram, não vão mesmo.
As consequências vão pairar sobre a sua cabeça, e se você sorrir as chances de tudo se ajeitar são maiores, mesmo que às vezes você perca essa amiga.
Não perder nunca mais ver, e sim perder não contar mais segredos, sabe do que eu me refiro?
As coisas mudam e algumas vezes batons vermelhos pode não ser a pior coisa que vão acontecer, renovar é sempre bom, aceite as mudanças com mais facilidade, é melhor pra você, é melhor pra quem te cerca.


domingo, 2 de maio de 2010

Me de a mão, vem ser minha estrela.


Sei que meu sorriso não é mais tão radiante quanto era antes. Também sei que o brilho dos meus olhos ameaça aos poucos desaparecer, como se entrasse em extinção. Meu corpo não se move mais da mesma maneira, ele está com medo, medo de te perder definitivamente, e de te decepcionar de novo. Medo de receber e depois como se fosse um lixo qualquer ser obrigado a largar tudo que já tem.
Não me obriguem a dar mais detalhes, se tornou clichê demais, tudo já é tão conhecido que me sinto burra de falar isso aqui novamente.
Só posso dizer que eu nunca fiquei tão sem ação em minha vida como nesses momentos, e eu nunca me decepcionei tanto comigo mesma.
Peço perdão a mim mesma, por ser tão fraca a carne humana e a sentimentos próprios. Peço perdão ao resto do mundo por me mostrar tão ignorante aos problemas que se passam.
Talvez esteja sendo apenas mais uma garotinha fútil e mimada, ou talvez esteja sendo apenas humana.
Perdoem-me por ser tão desinteressante e amarga, pois não o nego. Só quero aprender a diferenciar o que é meu e o que já foi, e isso se torna cada dia mais difícil, como se eu não pudesse compreender as coisas ruins que já fiz. 
Ó,  por favor me perdoem, tento sair dessa rotina interminável de lágrimas e sussurros mudos, mas minha alma está paralisada e se canaliza apenas para a dor. 
Só queria voltar para aquela noite e dar novamente aquele abraço.
Por favor, me dê a mão, vem ser minha estrela.

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