terça-feira, 30 de março de 2010

E isto chama-se clichê

- Ah! Meu amor, não vá embora, por favor - isto é o clichê.
Poow, deixa ele ir, as vezes a gente tem que dar uma renovada, ficar se lamentando não leva a nada. O cara não te quer mais e você fica atrás dele que nem um chicle grudado no pé.
Nossa, eu precisava dar uma de garota revoltadinha que não tem nenhum amor na vida, mas voltando ao normal, o que eu falei não deixa de ser uma verdade.
Nós vemos tanto disso por ai, eu pelo menos vejo, existem garotas que ficam sofrendo por dias a fio por um cara que não dava bola pra elas, que fazia elas de gato e sapato, traia e ainda por cima se achava o certo. Em minha opinião isso é o cúmulo do ridículo, ainda bem que nem todos os homens são assim (ri alto aqui, tipo, alto mesmo), mas parando de ironizar, eu sei que não é legal generalizar, tipo todas as loiras são burras, mulheres são fáceis, ou ninguém as entende, é errado. Por que eu conheço loiras inteligentérrimas, e mulheres difíceis e fáceis de entender.
Mas voltando ao ponto inicial, tem mulheres que precisam se valorizar mais. E pra começar eu acho que elas deveriam ler mais, e isso é sério, eu não quero baixar o nível e dizer que essas mulheres são burras, mas o negócio é que elas são. 
Vão caindo em qualquer papinho que o primeiro mané dá, e depois ainda se vangloriam.
É ERRADO, mas pior que isso, É NOJENTO!
Sabem, mulheres são mulheres, e nossa, dizem que nós somos o sexo frágil, mas tem tanta mulher guerreira por ai, e vem uma louca e termina com todo a nossa luta através do séculos, acaba com tudo que a gente construiu, tem gente que tem que acordar, por que eu posso até não generalizar. MAS OS HOMENS NOS GENERALIZAM!
Se uma faz, se uma é, a outra também é, a outra também fez!
Perdemos toda a nossa moral, sério, eu sei que as garotas que lêem o meu blog não são assim, por que, vocês lêem dãã!
Eu aprendi tanta coisa com a leitura, e uma delas foi me valorizar, querendo ou não todos os livros tem uma moral que nos ensinam algo, se todos no mundo lessem, eu nem quero imaginar como seria...
Primeiro por que não precisaria estar escrevendo sobre isso e segundo por que teria mais escritores e mais gente culta e pensando bem (seria um mundo chato), não seria tão legal assim.
Desculpe gente sei que começou com "Ah! Meu amor, não vá embora, por favor." Mas nada em mim tem um grand finale, eu ainda não descobri um fim pra nada em minha vida, acho que é por isso que meus textos são cortados brutamente no final.
Beijos gente, encontro vocês na esquina 215!


Imagem: Krameroneill

segunda-feira, 29 de março de 2010

Medo

Existe algo estranho na forma dos seus lábios, no modo como eles se movem, como eles se fecham e como sorriem.
Existe algo diferente no jeito que você me olha que você me encara, ou quando fecha os olhos e respira. Eu sinto medo do seu olhar.
Sinto medo de suas mãos, sinto medo de você. Medo do que pode acontecer.
Tenho um profundo medo de ter que te tocar. Seu cheiro me faz tremer e suspirar.
Minha alma se abala fácil com coisas fúteis. Abala-se fácil com você.
Não sou sensível a tudo, mas existe algo extremamente incomodo quando você pousa sua mão na minha. Nesse momento eu sinto mais medo ainda, principalmente de te perder.
A minha insignificância aumenta quando você vai embora, a solidão me domina, domina o meu corpo e me faz entrar em um escuro e profundo poço onde não existe mais nada além de mim e minha nervosa paixão por um ser que me faz suar e mostrar ao mundo quem eu sou de verdade, sem máscaras e nem esconderijos.
Talvez o medo seja insegurança, ou ainda nada seria além de algo sem sentimentos onde eu fujo de você, onde eu corro e peço para que nunca mais me encontre.
Eu tenho medo de você, medo do que pode acontecer.

domingo, 28 de março de 2010

Não somos Peter Pan

Eu não lembro do meu aniversário de um ano, só tenho fotos de uma garota de olho azul, quase loira, e um vídeo em que essa mesma garota ri ao ver um pintinho que ela ganhou de aniversário pular e fazer barulhinhos engraçados. Lá pelas tantas o brinquedo perde a graça e ela começa a brincar com os pacotes de presente. A mãe dela usava uma calça para cima do umbigo e tinha um cabelo comprido.
Quando eu fiz três anos morava em Florianópolis, e sei que estava com tanta gripe que antes de a festa acabar tive que ir pro hospital.
Não lembro onde eu estava quando fiz quatro anos, e muito menos se teve festa.
Quando eu fiz sete anos eu estava banguela, o tema da minha festa era Barbie e quando olho as fotos descubro nelas garotas que hoje em dia eu odeio. Depois da festa eu contei os presentes e minha mãe me xingou dizendo que o importante eram as pessoas que foram me "prestigiar" e não o que elas haviam trazido.
Quando eu fiz oito anos eu já tinha um grupo de melhores amigas, mas não havia nada de muito marcante em minha vida.
Aos nove anos tudo se separava em grupinhos, e eu achava errado convidar garotos para meu aniversário, o que meus pais iriam achar?
Aos dez anos minha melhor amiga foi na minha festa com o braço quebrado, e todas as outras amigas brincaram de esconde-esconde no escuro com um walk-talk que fazia um barulho chato. Eu ganhei um CD da malhação e achei o máximo, a garota que me deu não mora nem mais no mesmo estado que eu.
Quando fiz treze anos briguei com a minha mãe por que não queria festa, nem janta e nem nada, só que não adianta, os parentes sempre vem. Antes de todo mundo chegar eu deitei na cama e dormi, quando acordei todo mundo já tinha chegado e jantado, conclusão: eu não participei da minha própria festa, tenho um trauma disso até hoje.
Aos catorze anos convidei três das minhas melhores amigas para pozarem na minha casa, foi divertido. Olhamos o filme "Espelhos do medo" e alguma comédia romântica da qual não lembro o nome. Descobrimos que o Barack Obama é um "neguinho" gente boa e rimos muito de coisas bobas e sem sentido.
Em todos esses anos milhares de coisas aconteceram, perdi amigas para o tempo, ganhei saudade para guardar. Joguei CD's fora e meus dentes cresceram.
Quebrei um pintinho engraçado e descobri que o mais interessante é o que está dentro do papel de presente. Minha mãe cortou o cabelo, e jogou as calças cós alto fora. O braço da minha "melhor" amiga sarou, e hoje em dia não sei nem direito quem ela é, não por dentro..
Ainda acho Obama gente boa, mas não conto mais presentes.
As coisas mudaram e eu mudei também, cresci e algumas vezes regredi, sonhei alto, sonhei baixo, mas ainda tenho certo trauma de aniversários.
Tenho medo de crescer, medo das responsabilidades, medo do que pode vir com a próxima festa.
Medo de ter medo, medo de sofrer e de fazer coisas erradas. Tenho medo de não conseguir fazer as coisas darem certo e de que eu tenha trinta anos e não tenha vivido tudo que eu queria.
Eu não abomino essa data, e sim no que nela acontece; eu cresço.
Eu gosto de mudanças, mas algumas vezes o que vem com elas não é o que se espera e nem o que se quer. 
Mas todos temos que aguentar firme. Ninguém é Peter Pan que pode ser criança para sempre, e muito menos Wendy que pode escolher entre crescer e ficar eternamente com a mesma idade.


Aniversário de um ano, eu perto da árvore e minha mãe e meu pai à direita.


Aniversário de três anos.


Aniversário de sete anos, meu pai, eu e minha mãe.


Aniversário de nove anos, eu à esquerda embaixo, Brendha, Eduarda, Jaine, Karoline, Júlia e pessoas não identificadas.


Aniversário de dez anos, Brendha, Elisabeth, eu, Júlia, Kelli, Karoline e Gustavo.


Aniversário de quatorze anos (eu sei a foto está ridícula), Júlia, eu, Brendha e Elisabeth.

sábado, 27 de março de 2010

Dias estranhos

Hoje eu poderia até dizer que é um dia normal, mas, não vou mentir para vocês, o dia está estranho.
Eu vejo as cores em cinza e outras em azul claro.
Vejo um mundo quadrado, e às vezes tudo o que toco se transforma em paralelepípedos gigantes.
Perdi o medo de altura, e às vezes me jogo do alto de algumas montanhas.
Bichos papões ainda me assustam e contos de fadas fazem de mim uma pessoa melhor.
O dia está estranho, algumas cobras tentam jogar seu ardiloso veneno em cima de mim, vejo coisas boas virarem ruins.
O cinza está virando preto, e o azul virou marinho.
O dia está estranho, não é um dia normal, não é um dia comum, não é apenas mais um.
Marcas redondas parecem marujos e olhares tem um tom verde sujo.
O dia está estranho, não é um dia normal, eu vejo coisas estranhas, e algumas vezes até as sinto.
Dias estranhos já fazem parte desse doloso mundo irreal.

quinta-feira, 25 de março de 2010

• A verdade •

Uma lista de coisas por fazer não dizia qual seria o seu próximo passo.
Nem as melhores máscaras, ou plásticas podem esconder o que existe de mais profundo dentro de nós; a verdade.
Nós sabemos que ela está lá, e não importa o quanto isso seja ameaçador, a sempre uma força maior por trás de tudo, e na maioria das vezes essa força nem ao menos é a verdade, e sim a mentira.
O medo de ser descoberto, de se mostrar domina a quase todos, dos mais fracos aos mais fortes, dos mais inteligentes aos mais ignorantes.

Uma verdade • 

Os sentimentos nos dominam

 

Ninguém morre pelo medo, e sim pelos seus motivos de senti-lo, e existem tantas maneiras que seria falta de educação eu descreve-los aqui.

•Outra verdade• 

Os seres humanos sabem pensar

 

A mistura de tantos por quês em nossas vidas algumas vezes fazem todos nós deixarmos de nos sentir interessados. Como eu falando sobre verdades, mentiras e medos, mas sem levar ninguém a lugar algum, acho que o melhor de tudo no final é a dúvida, sem ela eu não teria medo, saberia sempre a verdade e nunca precisaria contar mentiras.

 

Uma terceira verdade  

As dúvidas me assombram 

 

Isso foi super "A menina que roubava livros" (Markus Zusak), quem já leu o livro entendeu o que eu quis dizer.

quarta-feira, 24 de março de 2010

Roxane IX

Se Roxane havia gostado do lado de dentro do internato é por que ainda não tinha visto o lado de fora. Árvores enormes que ela não havia notado quando chegou ocupavam a maior parte do espaço, eram velhas, mas ainda assim lindas. O gramado era de um verde extremamente vivo, e o sol fraco da tarde convidava as pessoas para caminharem entre as árvores.
Nicole não quis sair com ela, Roxane percebeu que ela se cansava fácil das coisas, mesmo sendo tão divertida e simpática. Teria que conhecer os outros aposentos do internato outro dia, ainda tinha algum tempo antes das outras garotas chegaram de seus respectivos países.
Roxane começou a se acostumar com a umidade, a Suíça não era como o Brasil, a diferença de horários e de clima parecia que deixava a distancia ainda maior. Roxane sentia saudades de casa, ninguém havia ligado para ela ainda, se tivesse coragem ela ligava, mas o orgulho não deixava, não iria procurar por ninguém, não por seus pais. Quem sabe ligasse para Margo, mas não queria, estava feliz assim...
Começava a anoitecer, o dia havia passado e ela quase nem tinha notado. As tardes eram curtas ali, as noites longas.
A luz do farol de um carro cegou Roxane por alguns milésimos de segundo, o carro parou em frente a grande porta do Geneva Collge women, ela manteu o olhar e viu quem era; Johan.
Ela se aproximou devagar, Johan saiu do carro e logo atrás dele saíram duas garotas idênticas, tinham cabelos castanhos e compridos, e um ar donzelas em perigo que só quem quer de verdade pode ter. Eram mais baixas que Roxane, que media em torno de 1,68 m.
Roxane chegou cada vez mais perto, até que Johan se virou para ver quem era. Ele estava tirando a bagagem do porta-malas, como havia feito pro Roxane, será que ele fazia por todas as estudantes do internato? 
- Oi Rox, passeando um pouco? - Johan falou com seu jeito encantador.
- Tentando, mas escurece tão rápido aqui - Roxane sorriu timidamente.
- Sim, mas você acaba acostumando - Johan olhou para o céu escuro ao falar isso, e logo depois para as duas garotas que estavam ao seu lado - Meninas essa é Roxane Turetti, e Rox, essas são Estella e Pauline Rosseau, vieram da França - Pauline, agora não era um nome legal para se começar algo, não para Roxane.
- Oi meninas, acho que a gente vai ser colega de quarto - Roxane tentou ser simpática.
As duas garotas sorriram, e Roxane sentiu o sangue lhe subir a cabeça.
- Vamos entrar garotas, está ficando frio aqui fora - Johan quebrou todo o silêncio e abriu a porta para as três garotas entrarem, Roxane foi a última, e Johan veio logo atrás. 
As duas garotas se afastaram alguns passos a frente, Roxane estava subindo as escadas quando Johan sussurrou de leve em seu ouvido:
- Não se preocupe Rox, elas não mordem - Roxane olhou para trás e viu Johan sorrindo para ela, ela não resistiu e sorriu de volta.
Depois de descarregarem todas as malas no quarto, e Nicole fazer um escândalo ao dar oi para as amigas Rosseau, Roxane ficou algum tempo no computador, aquela era uma das poucas coisas que lhe lembravam o Brasil, mesmo não tendo muitas lembranças boas no que se tratava de Evan e Paula, o que lhe lembrava diretamente Pauline, que tinha um nome muito parecido. Não gostava de pensar nisso. 
Então finalmente foi dormir, tentando esvaziar sua mente e pensar em coisas boas; como Johan Genoom.

segunda-feira, 22 de março de 2010

Sorrisos banais

Ela o afastou por que não tinha certeza sobre o que queria, mas ainda assim achava que sabia.
A liberdade era tudo e a loucura normal. As noites eram longas e seu sorriso banal.
Faltava humor em todas as histórias, e fanáticos diziam que a fé era o que os deixava em pé.
Balões estouravam, e gritos infantis ressoavam. Ela mantinha o sorriso, mas se sentia abalada.
Um cacho de uva sumia, e uma música aparecia. Comoções eram naturais e as vezes até brutais.
Ela não sabia tocar violão, mas ainda assim cantava uma canção.
Os planos mudavam, e seus sorrisos murchavam.
Com num passe de mágica ela viu e enfim ouviu.
Nada de vírgulas, esqueça os pontos, o final é só o final.

P.S: Quando eu vi havia rimado quase todas as frases, não me culpem, culpem meu ego super rimado.

P.S.²: Estava na maior preguicite em frente a tv e queria escrever um texto, botei na MTV quando a música Who Says do John Mayer começou, eu nunca tinha ouvido, adorei a música e ela me inspirou, tá ai o clip (e desculpe a legenda em espanhol, o original não dava pra incorporar):

Quem disse que eu não posso ser livre?
De tudo aquilo que eu costumava ser
Reescrever minha história
Quem disse que eu não posso ser livre?
Who Says - John Mayer

domingo, 21 de março de 2010

Roxane VIII

Por alguns segundos Roxane procurou sua parede lilás, ou o barulho que Margo fazia para abrir as cortinas, procurou sentir o cheiro de sua casa ou o som do chuveiro no quarto de seus pais, mas só o que ouviu foi o silêncio assustador da solidão.
Levantou-se devagar, e sentiu o frio em suas entranhas. A cama de Nicole estava arrumada, ela já havia acordado.
Roxane se vestiu ligeiro e foi para o banheiro, ao sair do quarto se deparou com Nicole só de toalha em frente a porta de um quarto, conversando com uma garota ainda mais loira que ela, se é que isso era possível.
Nicole a avistou, e sorriu com sua habitual simpatia, Roxane não entendia como uma pessoa podia estar sempre tão feliz.
- Sam, essa é Roxane, brasileira - Nicole falou na maior felicidade, parecia que ali a nacionalidade era quase tão importante quanto o próprio nome.
- Oi Roxane, prazer sou Samantha, da Alemanha - ela sorriu - de que lugar do Brasil você é?
- Sou do Rio de janeiro, e você?
- Eu sou de Berlim, como a Nicole, no Rio de Janeiro é quente não é?
- Sim, felizmente - Roxane esboçou um leve sorriso - você não sente frio Nicole?
- Rox, o inverno nem chegou de verdade ainda e você já está batendo os dentes, eu acabei de sair do banho - Nicole percebeu o constrangimento de Roxane por sentir mais frio que os outro - ok, ok, eu vou me vestir e depois nós vamos juntas tomar café, pode ser?
- Tudo bem, te encontro no quarto - Roxane olhou para Samantha - prazer em conhecê-la Sam.
E se retirou.

* * *

Roxane e Nicole passaram pelo enorme corredor com todas as portas e seus nomes de diferentes nacionalidades. E desceram a escada para o saguão do primeiro andar.
- Rox, tem uma escada pelo outro lado também, que dá direto no refeitório, mas o ano letivo ainda não começou, então temos que descer por aqui, é aquela porta ali - Nicole apontou para uma das portas que Roxane havia reparado na noite anterior. A porta da esquerda.
Nicole abriu-a e Roxane foi logo atrás, era uma sala clara, com um tapete imaculadamente branco e sofás beges, uma mesa de centro e prateleiras marrons escuras com livros davam um ar de importância. Havia uma enorme lareira  de tijolos a vista.
- O que é aqui? - Roxane perguntou curiosa.
- Aqui? - Nicole riu - é somente mais uma da tantas salas sem uso algum, as vezes a gente senta perto da lareira, é confortável, mas tem outras melhores.
As duas garotas entraram em mais uma porta que deu em corredor gigante e com as pinturas de todos os ex-diretores. Que sem nenhuma modéstia eram muitos. A última pintura tinha como legenda o nome de Vilma von Gossler. A mulher da pintura tinha olhos verdes azulados e cabelos pretos e curtos.
- Essa é a mãe de Johan? - perguntou Roxane.
- Sim Rox, essa é a diretora von Gossler, a mãe de Johan - respondeu Nicole.
- Mas por que ele se apresentou pra mim como Johan Genoom, se a mãe dele é von Gossler?
- É que os pais dele são separados Rox, e bom não vamos reclamar não é? Ele é tão lindo que os pais separados seria o pior defeito. E nem invente dizer que não, eu vi você toda vermelha ontem de noite.
- Então, vamos tomar café? - Roxane falou enrubescendo e cortando o assunto. Nicole riu.
- Vamos Rox, vamos...
Depois de passar por mais uma sala, que dessa vez era maior e mais elaborada que a primeira elas chegaram ao refeitório.
Havia ali pelo menos trinta mesas, e em cada uma delas tinha dez lugares. As outras garotas que haviam chegado antes do ano letivo começar já haviam tomado café, então Roxane e Nicole teriam todo o lugar só para elas, não que isso merecesse algum tipo de comemoração. Tudo ali era muito branco, e sem ninguém parecia um hospital em que todos haviam fugido.
Na extrema esquerda do grande salão havia uma mesa em etilo buffet em que poderiam se servir. E foi isso que fizeram, depois de comer subir ao quarto e Roxane começou a arrumar o resto de suas roupas. Faltava menos de uma semana para as aulas começarem e Roxane se sentia ainda mais perdedora no meio de tantas garotas bonitas, sim, aquela era sua conclusão depois de conhecer Nicole e Samantha.
P.S.:  Dêem uma olhada no blog Eu podia..., é sobre tudo que queríamos fazer. Ele tem postangens pequenas (uma foto e uma frase). E eu particularmente já li todas, e achei ótimas, nos fazem pensar que as vezes poderíamos dar mais de nós e esquecer um pouco o que é certo ou errado.
Beijão, Ale.

sábado, 20 de março de 2010

Roxane VII

Johan tinha também a chave do internato, ele e Roxane entraram, e ela logo percebeu que não havia como se decepcionar com o lugar, além de ser quente e confortável tinha um estilo clássico que é difícil de achar em qualquer lugar, o saguão de entrada além de lindo era requintado. Tinha três portas, sem contar a de entrada, havia uma em cada lado, só eles dois se encontravam ali.
Johan foi levando as malas de Roxane por uma escada de madeira a direita. Roxane segui-o e o ajudou. O corredor do segundo andar era comprido, tudo parecia maior quando se olha por dentro, havia várias portas de madeira, Roxane logo percebeu que eram os quartos, em cima de cada porta havia na parede o nome das garotas que ali viviam. Depois de uns cinco minutos Johan parou em uma das portas onde em cima havia cinco nomes. J. Patel, N. Foltz, E. Russeau, P. Russeau e R. Turetti.
O Turetti estava ali, toda vez que ela entrasse no quarto ela veria o Turetti e sentiria raiva, o sobrenome não lhe descia, no momento, nada lhe descia. Havia cinco nomes, e somente um quarto, ela não queria nem imaginar como seria o ano dali em diante.
- Aqui é seu quarto Roxane - Johan falou - quem sabe tenha chegado mais alguém, mas eu duvido muito, vamos entrar?
- Claro - ela concordou.
Ele abriu a porta de madeira e entrou, Roxane foi atrás.
Ao entrar Roxane viu que não ficaria sozinha esta noite, uma garota loira estava sentada em uma das cinco camas que se espalhavam pelo enorme quarto azul claro. Ela estava escrevendo em uma agenda, e havia uma lareira ligada com poltronas ao redor. Uma pequena prateleira com livros e ao lado de cada cama havia um criado-mudo. E em cada uma das seis janelas do gigantesco quarto havia uma cortina branca.
- Oi Nicole - Johan falou em francês para a garota loira que estava sentada em uma das camas.
- Olá Johan - ela respondeu na mesma língua.
- Roxane, esta é Nicole, ela é alemã, e Nicole esta é Roxane, brasileira.
- Prazer Roxane - ela se levantou e foi apertar a mão de Roxane.
- Ah... Oi - Roxane aceitou o cumprimento.
Elas ficaram se olhando, e Nicole sorriu com simpatia para Roxane, ela estava só de pijama, mas mesmo assim era extremamente bonita e tinha um par de olhos extremamente azuis, dela só ganhava os de Johan.
- Com licença meninas, vou buscar o resto das malas que firam no saguão, e vocês sabem como diz minha mãe, nada de garotos por aqui. Nicole cuide da Roxane, ela é tímida - e depois dessas palavras e de uma piscada que fez o coração de Roxane palpitar ele saiu deixando-as sozinhas.
Foi meio constrangedor para Roxane ficar sozinha com alguém que ela não conhecia, como havia sido ser buscada por Johan no aeroporto.
- Roxane, - Nicole a olhou sorrindo - você pode escolher uma cama pra você, e ir guardando suas coisas no closet ali ao lado - só então Roxane percebeu a porta que havia ao lado direito do quarto, Nicole apontou para ela e voltou a sentar na cama.
 - Hum... Obrigada - Roxane falou timidamente. E levou suas malas para cima de uma cama na extrema esquerda do quarto, em que havia uma daquelas enormes janelas vitorianas e envidraçadas que ela tinha visto de fora.
- Então você é brasileira... - Nicole comentou simpaticamente.
- Sim, - ela olhou para Nicole - e lá é quente.
Nicole riu, ela era linda e magra, que sorte a dela, pensou Roxane.
Roxane logo viu que não teria nem uma chance com Johan, não se todas as garotas dali fossem com Nicole.
- Que sorte a sua, por que na Alemanha é frio –comentou Nicole.
- Deve ser horrível, eu ainda vou poder passar minhas férias em lugar quente, não quero nem imaginar o que é viver todos os dias do ano com os dedos do pé congelados.
- A gente acaba se acostumando depois de um tempo. - Nicole falou, e depois de uma pausa silenciosa perguntou: - por que seus pais te mandaram pra cá?
- Precisa ter um motivo?
- Não, é que quase todas temos.
- Eu também queria ter um, não sei por que eu estou aqui, meus pais dizem que é pela boa educação que existe na Suíça, não me deram mais respostas. Por que você esta aqui?
- Eu... eu me envolvi em encrencas, mas ainda é cedo demais para contar pra você, sabe, eu posso assustar - Nicole riu. Roxane também.
Johan logo apareceu com o resto das malas de Roxane, as quais ela pegou e botou em um canto para arrumar no outro dia, estava cansada, e ainda teria muito que conhcer e ver. Mas antes de dormir Roxane ainda tinha mais coisas para perguntar.
- Nicole, onde é o banheiro?  - Roxane perguntou.
- Oh, me esqueci de te dizer, a cada dois quartos tem um banheiro Rox, posso te chamar de Rox não?
- Pode sim, e de dois em dois quartos?
- Sim, eu sei, é longe não é? Mas a gente acaba se acostumando com o tempo.
- Am - Roxane pensativa fez a outra pergunta que estava a batucando na cabeça -  e E. Rosseau e P. Rosseau são irmãs?
- Sim, são gêmeas francesas, Estella e Pauline muito simpáticas, você vai conhece-las logo, logo. E também  a Judie Patel, ela é do Canadá. Ano passado, éramos só quatro, não tinha garotas o bastante, mas esse ano tem você Rox, vamos ser muito amigas, você vai ver. O Geneva College women vai ser divertido, eu sei que você se sente mal quando é mandada pra cá, comigo pelo menso foi meio assustador, mas passa.
-  Tomara... Tomara...
Depois de tirar suas dúvidas Roxane tomou um banho e foi dormir, não estava mais com tanto frio e se sentia mais feliz do que esperaria estar. Mesmo sem seus pais ou Margo.

Se vocês quiserem ver os outros capítulos eles estão AQUI!.

Algo

Quando choramos não pensamos em sorrir, mas quando sorrimos podemos pensar em chorar.
Quando estamos bravos não pensamos no que há de vir, queremos terminar logo com tudo e jogar nossa raiva em cima de alguém.
Quando estamos felizes nós pensamos em tudo, nas coisas que foram, nas coisas que vão vir, pensamos no que queremos e no que já passamos.
É estranho e ao mesmo tempo novo, é algo velho e ao mesmo tempo conhecido.
E se não for, podemos ao menos dizer que é algo, qual algo? Não sei, invente, sinta e depois me diga.
P.S.: Eu acabei de passar por um momento não muito agradável, no qual eu tive que correr um quarteirão atrás da minha cadela (que cadela:@). Depois que peguei ela e dei uns 40 passos eu já estava morta, por que ela é gorda. Então a soltei pra ela correr do meu lado. Que ela correu ela correu, mas deu um piripaque na cabeça dela e ela resolveu dar a volta. E lá fui eu de novo! Bom, eu consegui pegar ela, e não a soltei novamente.
P.S.²: Quando cheguei em casa eu entrei correndo e bati a mão numa estante, resultado: eu não consigo mais abrir a mão sem sentir uma dor lancinante.
Beijões, Ale, 
 E desculpa pelo terrível texto, nem eu gostei mas tá valendo a minha intenção de postar algo!

sexta-feira, 19 de março de 2010

Ratos agora têm fios

Um rosto desconhecido não nos ajuda em nada. Uma mente fútil não sabe opinar. E uma alma vazia deixa todos tristes.
As crenças não limitam todos, os costumes não fazem mais diferença.
As línguas começam a sumir, e não sabemos mais dialogar.
As mentes não são mais tão puras, e November rain é um passado distante.
Conversas são destinadas para momentos em que é somente necessário, e as teclas começam a perder a cor.
Ratos agora têm fios, e às vezes mulheres também.
Sons de trovões são milagres, mas agosto ainda é um mês meio insano.
A chuva ainda é transparente, mas as ruas e casas são escuras como breu.
Um rosto conhecido nem sempre é amigo. Uma mente fútil sabe se dar bem. E almas vazias são o que mais tem.

quinta-feira, 18 de março de 2010

Roxane VI

Quando saíram do aeroporto Roxane percebeu que seria bem difícil não se apaixonar por Johan, pelo menos com um carro daqueles não. Parecia que a mãe dele não era uma simples diretora de escola, pelo menos não com um carro daqueles.
- Legal seu carro - ela comentou, tentando se livrar da tensão. Na verdade o carro não era legal, ele era lindo e maravilhoso, como Johan, só que com mais classe. Muito mais classe.
- Obrigado,  mas não é meu, é do meu pai - ele sorriu tentando ser modesto. Depois disso pegou suas malas e colocou-as no porta malas do carro, Roxane tentou ajuda-lo. Mas ele não deixou o que foi muito cavalheiro da parte dele, mas Roxane não fazia o estilo dama em perigo. Pelo menos ela achava que não.
Roxane não entendia muito de carros. Para falar a verdade quase nada, mas aquele carro era quase uma Ferrari, se não fosse uma. Já era difícil manter a calma com ele sozinho por perto, agora ele e aquele carro... mas Roxane não era assim tão fútil, e Johan não poderia ser tudo isso assim. Não posso me apaixonar ela pensou desesperada não por ele pelo menos.
Johan levou Roxane pela cidade a fora, estava escuro, mas Genebra era fantástica, a cidade era organizada, limpa e tinha um ar contos de fada que somente cidades européias podem ter. Depois de quase meia hora passado por lugares e ruas que Roxane nunca havia andado chegaram a um portão de ferro preto, que ladeava um gramado enorme, o gramado era cercado de muros ao redor. Mesmo no escuro Roxane viu que tudo por ali era grande e imponente, parecido com coisas que Roxane via em filmes; mas dessa vez era realidade.
Em cima do portão em letras circulares havia um arco escrito Geneva College women, como se ela precisasse de mais alguma coisa para se sentir intimidada.
O portão de ferro preto era aberto somente com um controle, Roxane percebeu no mesmo segundo que não seria nada fácil escapar dali, se ela quisesse isso é claro.
- Essa noite não vai ter quase ninguém aqui, as garotas vão começar a chegar daqui dois dias pelo menos, você vai poder aproveitar e conhecer o lugar - ele apontou para um grande prédio acinzentado, em estilo vitoriano. Tinha dois andares, mas era enorme em extensão, as janelas eram grandes e envidraçadas, em cima eram em forma de arco. A porta da frente, era coberta e dava um ar magnânimo a quem quer que visse.
- Lindo - ela murmurou.
- Sim, é como estar em outro século, não é? 
- Sim, só que com um ar de modernidade - foi meio automático, mas ele a olhou com curiosidade.
Johan concordou, e então foram tirar as malas do carro.
Antes de entrar Roxane deu mais uma olhada no internato, algumas janelas estavam com as luzes ligadas, e Roxane ficava cada vez com mais frio, então se apressou, estava louca para entrar ali dentro e se esquentar, podia até sentir ali de fora o conforto das lareiras ali de dentro.

Um sonho chamado amor

A vezes acho que o que tenho por ele é amor, outras vezes acho que são só sonhos que eu quero que se realizem. Mas na maioria das vezes eu sinto um pouco dos dois.
Não quero que seja amor, pois sei que por isso vou sentir dor.
Não quero que sejam sonhos, pois sei que por isso vou viver iludida.
Queria a realidade, um toque, um beijo, sentimentos...
Mas não posso ter isso, ele não sabe nem o que eu sinto e nem quem eu sou...
Então acho que vou continuar sonhando, sonhando e pensando que estou amando.

segunda-feira, 15 de março de 2010

Roxane V

Então o infeliz dia chegou, infeliz para Roxane é claro, seus pais quase davam pulos de alegria. Roxane sabia que não era por se ver livre dela, mas sim por saber que sua filha não poderia mais fugir, e teria que estudar na Suíça sem fazer mais birras.
O dia marcado para sua viagem foi 25 de agosto, seus pais a levaram até o aeroporto de manhã cedo, Margo se despediu dela em casa, ouve muitos choros da parte de todos, somente seu pai que se manteve firme, sua mãe se debulhou em lágrimas, coisa que Roxane até o momento achava que nunca iria acontecer, pois Débora era severa, e tinha tudo sempre planejado.
Quando ela enfim ela entrou no avião, se viu sozinha com a solidão.
O dia era nublado, e seria uma viagem longa, de quase doze horas, ela não teria como escapar dos pensamentos dessa vez.
Então tudo veio como uma avalanche, os últimos meses haviam passado devagar, sua melhor amiga Paula, a trairá como nenhuma outra poderia fazer melhor, ou pior nesse caso. 
Roxane já namorava a sete meses quando tudo foi por água abaixo, ela não gostava de pensar em tudo que aconteceu, mas seu namorado Evan havia terminado com ela sim, para ficar com sua melhor amiga sim!
- E o pior... é que eu odiava... o nome dele... - murmurou baixinho Roxane, ela tinha um certo trauma com relação a nomes, quando era pequena o "Roxane" foi ridicularizado, mas ela sabia que não adiantava nada chorar, por isso se segurou pelo menos até a viagem acabar ela daria o melhor de si em tudo isso.
De meio-dia as aeromoças foram oferecer um almoço para ela, mas ela não estava com fome, se sentia enjoada, odiava viajar de avião, não queria nem pensar no horrível jet lag depois de colocar os pés na Suíça, seu relógio biológico dava reviravoltas quando ela viajava.
Ela não sabia o que a esperava lá, era verdade que havia olhado o site do internato do Geneva College women, mas isso não a animara muito, na verdade ela ficou ainda mais aturdida com o que poderia acontecer, que pessoas iria encontrar e se seria fácil se adaptar a falar francês diariamente.
Na suíça existiam quatro línguas principais, alemão, francês, italiano e romanche. Roxane conhecia apenas uma delas, o francês. É verdade que a língua mais falada em Genebra seria o alemão, mas nos estudos seria apenas necessário ser blasé e virar a língua o bastante para falar francês.
Era quase oito da noite quando ela chegou em Genebra, o tempo estava escuro e úmido, estava pouco agasalhada. Ali realmente não era o Rio de Janeiro, não era o seu Brasil.
Ela suspirou, e então viu um garoto com um grande Roxane em um cartaz. Era o sonho de qualquer adolescente, até o dela se estivesse em um dia melhor, mas aquele não era o momento.
Ela foi chegando cada vez mais perto, e viu que o garoto com o cartaz escrito Roxane não era qualquer garoto, era "O garoto", por alguns milésimos ela ficou sem os sentidos, mas logo passou.
- Você é Roxane Turetti? -  ele perguntou com um ar totalmente inocente, aquilo era demais para a cabeça dela, principalmente com aqueles olhos totalmente azuis.
- Am... - ela se confundiu um pouco com a língua, mas foi em frente - Turetti, é... sou sim - ela meio que tinha uma pequena vergonha do sobrenome, soava tão... Turetti!
- Prazer eu sou Johan Genoom, vim buscá-la no lugar de minha mãe, ela estava um pouco ocupada, então resolvi aliviar um pouco o lado dela. A viagem foi boa? - Roxane ficou viajando com o nome dele, Johan Genoom, Johan Genoom, mas parou quando viu que ele a olhava estranho, havia de novo caido para o lado traumático da sua infância, Johan deveria ser um nome comum ali, iria perguntar para ele quando tivesse a chance.
- Hãn...? A claro! - ela ainda estava hipnotizada pelos olhos de Johan, ficou vermelha, mas tentou ser mais rápido que seu sangue - vamos buscar as malas? - ela se virou brutamente.
- Claro, vamos - ele era simpático demais, lindo demais, o sorriso dele era demais. E quando é que se vê um garoto moreno de olhos azuis na Suíça? Aquilo era demais!
   Imagem:VanessaClass'

Cotidiano

Hoje quando eu decidi que iria escrever um texto não achei nenhum tema que me agradasse, na verdade queria continuar postando os capítulos de Roxane, mas muitas pessoas não gostam então eu dou um tempo para mim mesma e guardo tudo na memória.
Pra ser sincera todos os meus poréns dariam uma boa dose de auto-depravação, mas como não quero dar uma de depravada vou só falar de coisas cotidianas.
Hoje de manhã tive três períodos de Português, o que não é ruim, por que a professora é legal, e nós temos que ter as aulas sobre o livro Lições do Rio Grande, a maravilhosa (haha) idéia do governo do RS, e como aquilo não é conteúdo e sim interpretação é fácil, ou seja, nada que me faça pensar demais.
Tive um recreio com uns quinze minutos a mais, não me pergunte por que, mas como eu gostei não vou reclamar é claro.
Depois mais dois períodos de Biologia, com a professora que passa a aula inteira dando sermões. Mas hoje foi divertido, por que todo mundo deu uma de "vamos perguntar um monte de coisas para aula passar rápido e ela não passar nada". Então lá fomos nós, e bom, a querida professora estourou quando eu perguntei se AIDS passava da vaca para os humanos quando a gente comia carne. Eu sei, a pergunta foi idiota, e eu já sabia a resposta, por que:
1º Ainda não foi encontrada nenhuma vaca com AIDS.
2º Na hora do preparo da carne o vírus morreria.
Mas não me auto-flagelando, fiz as outras pessoas rirem mesmo a professora olhando pra mim brava e dizendo entre dentes coisas parecidas como: por que tá rindo se queria saber a resposta? então a professora não respondeu.
E tudo acabou sem mais delongas tá isso foi podre, não precisa nem comentar.
De tarde acabei de ler "Um bestseller pra chamar de meu" da Marian Keyes, que por sinal é ótimo como todos os livros dela.
Ele fala da vida de três mulheres, Jojo, Lily e Gemma (particularmente prefiri a Gemma, é mais parecida comigo, sempre pensa em se vingar mas sabe que isso não é certo, a Jojo é forte e decidida, nunca se abala, tem um coração de pedra, e a Lily, é meio que uma amiga traira, insegura mas muito doce, não gosta de machucar as pessoas, mas já o fez).
Enfim, o livro é ótimo, e é um Chick-lit (haha), Marian Keyes é quase mais deusa que Meg Cabot, mas Keyes escreve livros mais adultos então eu fico com minha adorada Meg.
Resumindo passei o dia enclausurada, tirando a ida ao dentista botei borrachinha prata não fiz mais nada de interessante.
E agora estou aqui relatando fatos que são totalmente desnecessários na sua vida. Mas o lado positivo é que estou viva e posso escrever. Eu sei, isso é (nossa eu tô viva, ninguém jogou um martelo na minha cabeça ainda) demais para pessoas normais, mas o fato é que Marian Keyes me afetou de verdade (eu já tô falando até fato!), principalmente na história da Lily, quando ela e a filha dela não morrem.
Mas esqueçam isso, vou terminar de uma vez esse post, ele não quer parar (haha)!

(Sim, essa é a hora em que todos riem)

Beijos gente, desculpe não responder todos os comentários, sou irresponsável nesse sentido, mas eu tento! E bom, o que valhe é a intenção...

(Sim, essa é a hora em que eu recebo um tapa na cara)

Beijinho, Ale.


 Imagem:VanessaClass'

domingo, 14 de março de 2010

Roxane IV

Os dias passavam tão rápido que Roxane tentava não pensar em datas ou calendários. Margo tentava fazer Roxane sorrir, mas ela também estava abalada, era uma segunda mãe, uma mãe que Roxane não tinha de verdade.
E pra piorar a situação com os pais ia de mal a pior, sua mãe vivia dando discursos sobre Roxane ser melodramática demais, e que nada disso iria ajuda-la. E seu pai não falava nada, quando ele dizia tinha que ser feito.
Ela já havia tentado de tudo, mas não tinha se dado muito bem em nenhuma das suas tentativas falhas.
Sua mãe estava sentada no impecável sofá branco, na sala de estar, quando Roxane chegou atrapalhando sua concentração na última Vogue que havia saído.
Ela sentou ao lado da mãe, e tentou ao máximo fazer uma cara de cachorrinho abandonado. Sua mãe sempre tivera mais poder que seu pai, mesmo que ele desse sempre a última palavra.
- Mãe? - ela falou timidamente.
- Sim, Rox... - Débora ainda estava com os olhos grudados na revista.
- Você não vai sentir saudades de mim?
- Am... - ela ergueu o rosto e lançou um olhar felino para Roxane - claro que vou querida, nós só estamos pensando o que é melhor para você e...
- E o melhor para mim é ir para o Geneva College Women - Roxane a interrompeu.
- Exatamente querida, e espero que você já tenha se despedido de todos na sua escola, eu sei que é horrível interromper o seu ano letivo nesse ponto, mas suas aulas à tarde eram para esse motivo, para se adiantar e chegar ao mesmo ponto que todas as garotas na Suíça, se anime garota, você sabe que a mamãe te ama, não é? - e dizendo isso voltou à atenção para uma modela magérrima com um lindo vestido amarelo, o qual parecia que Débora havia se apaixonado.
Roxane de uma resmungada, mas logo saiu de cena, ela sabia que a mãe não queria ser malvada com ela, mas ela estava em cima de um muro entre chutar a cara de sua mãe ou chutar a porta e sair correndo, e ela sabia que as duas opções eram bem anti-realistas no momento. Não queria lembrar do namorado que um dia teve, e nem de sua amiga, era melhor deixar esquecido em algum canto inexplorado de seu cérebro, pelo menos por enquanto.
Então foi até a cozinha onde provavelmente encontraria Margo, ela lhe daria um bom chá de camomila, um biscoito de chocolate e palavras que a fariam se sentir melhor.

***

As malas aos poucos foram arrumadas, coisas como seu notbook, celular, iphone e blackberry não foram deixadas de lado. Margo a ajudava muito, ou na verdade ela dava uma pequena ajuda à Margo. Mas considerando que esse seria o seu fim no Brasil, Margo se sentia honrada em fazer isso por ela. Já trabalhava ali antes mesmo de ela nascer, ali também era sua casa, era como se Roxane e ela tivessem o mesmo sangue.
Margo era rechonchuda e tinha um ar "mãezona", as vezes com a cabeça enrolada em um pano, e outras com um rabo de cavalo. Usava aventais diferentes a cada dia, as vezes floridos, as vezes de uma cor só, era alegre e cativante, começava a crescer madeixas brancas em sua cabeleira ruiva fogo. Era comum em todos os aspectos, nem se botasse uma cesta de frutas como Carmen Miranda  conseguiria aparecer. 
Às vezes Roxane achava que ela era o que valia estar viva, quando recebia notas baixas ela a fazia estudar, quando seu pai só fazia ela ter mais recuperações e receber mais xingamentos.
Olhando para o passado Roxane conseguia ver mais Margo do que sua própria mãe, algo que era totalmente inaceitável, pois não foi dentro de Margo que ela passou nove meses, foi em Débora, não era pra ter um laço mais forte correndo entre elas?
Mas esses pensamentos eram passageiros, era ela feliz, isso que importava.
P.S.: Essa história está ficando incomumente grande, nunca escrevi nada que passasse de quatro capítulos, e bom, pelo jeito esse vai passar,  um dos meus objetivos para 2010 era escrever algo maior do que 20 páginas, vou conseguir! Se vocês quiserem ver os outros capítulos eles estão AQUI!.

P.S.²: Achei um blog muito criativo e legal,  Eu podia..., é sobre tudo que queríamos fazer. Ele tem postangens pequenas (uma foto e uma frase), eu particularmente já li todas, e achei ótimas, nos fazem pensar que as vezes poderíamos dar mais de nós e esquecer um pouco o que é certo ou errado.  Tem poucos seguidores e eu não sei quem o escreve, mas parabéns para a pessoa, por que a idéia é maravilhosa.

Beijos e bom começo de semana para todos, espero ter dado uma boa leitura.

sexta-feira, 12 de março de 2010

Roxane III


Mas a família de Roxane era feliz, mesmo sua mãe sendo distante, e seu pai impassível, ela os amava, eram seus pais afinal.
- Roxane, Margo já te falou? – seu pai perguntou meramente casual.
Roxane sorriu.
- Sim, já me contou, vou ter o dia livre! – ela olhou para o pai – Mas por quê?
- Nossa menina, a gente te dá uma folga e você ainda nos pergunta por que! – Débora, sua mãe, falou agressivamente.
Olavo deu uma olhada de esgueira para a mulher.
- Calma Débora, ela vai acabar sabendo igual – Olavo sorriu -, vamos te mandar para uma escola...
- Mas, eu já estou em uma escola – Roxane não estava entendendo.
- Olavo, se vai falar fale de uma vez – Débora jogou as palavras para cima do marido.
- Tudo bem, tudo bem – ele concordou – Roxane, não é uma escola qualquer, é um internato.
O estômago de Roxane deu uma volta.
- Um... internato... – ela sussurrou.
- Na suíça, Geneva College women, ou se preferir, Colégio feminino da Genebra  – Roxane odiou sua mãe com todas as forças quando ela disse essas palavras, sua expressão foi de incredulidade para raiva, sua mãe deve ter notado, por que tentou amenizar a situação – mas Rox, não se preocupe, metade das garotas que estudam lá são brasileiras, não há motivo para sentir que não vai ser aceita, você vai começar lá no começo de setembro.
O sangue subiu a cabeça de Roxane, ela não iria ir para outra escola, muito menos para outro país! Eles não podiam mudar a vida dela daquele jeito, não haviam nem a consultado.
- Mas, por que vocês estão fazendo isso? Eu gosto da minha escola, gosto do Brasil, gosto do Rio de Janeiro, como eu vou largar todo mundo e... – mas se calou, ela sabia que não tinha amigas, e sua mãe também, e se pudesse ela usaria isso contra ela.
- Roxane, é o melhor para você neste momento, queremos te dar uma boa educação, e Genebra é uma ótima cidade, você vai se dar bem lá, é uma das cidades que tem melhor qualidade de vida, mundialmente falando – seu pai falou, como se estivesse negociando algo.
- Mas, por que a suíça, por que..? – ela estava chorando, pensava que os pais gostassem dela, pensava...
- Filha, você vai ter que entender, é o melhor para você no momento, e bom, depois de seu último namorado, achamos que seja melhor te mandar para outro lugar, para pensar  - sua mãe falou maternalmente.
- Como se eu tivesse muito namorados, aquele foi o único mãe! E eu não preciso mudar de país só por que não deu certo, isso é ignorância da parte de vocês!
Seu pai olhou severamente para Roxane, e ela não esperou mais nada para se levantar da mesa e subir correndo para seu quarto.
Era para ser um dia feliz, e agora estavam mandando ela para a Suíça no outro lado do mundo, onde ela não conhecia ninguém, e não teria mais a Margô, Roxane não sabia o que havia de ser dela dali em diante, faltava menos de um mês para setembro chegar, eles esperaram dias para contar isso para ela, foram frios, insensíveis e ...
Um folheto colorido apareceu por baixo da porta, Roxane pegou e o leu.

Geneva College women

O Geneva College women recebe a cada ano estudantes prontas para desfrutar do melhor. Educação de qualidade para as jovens que almejam diplomas de renomadas universidades, as adolescentes formadas aqui criam laços fortes e duradouros com suas colegas, G.C.W. está sempre pronto para ensinar e ouvir. Aqui impera a diversidade cultural e a disciplina exigida garante o respeito entre as alunas, desenvolvendo o senso de responsabilidade. Um dos colégios mais renomados da Suíça, recebendo a cada ano estudantes dos mais diversos paises e com as mais diferentes culturas.

Roxane não precisou de mais nada para afundar em um dilúvio sem volta, suas lágrimas dessa vez tinham um motivo sincero e totalmente verdadeiro.

quinta-feira, 11 de março de 2010

Luci

Ela estava segura de si, não iria se deixar levar pelo seu coração, não iria se deixar levar por ele.
Seus passos estavam firmes, mas seu coração sangrava. Seus olhos estavam penetrantes, mas sua alma estava vazia.
Nela não havia espaço pra mais nada, como se fosse uma pedra, ela o havia deixado, ela.
A música ainda soava viva em seus ouvidos, não agüentou mais aquilo, e chorou.
Sabia que aquele não era seu lugar, e sabia que ali ela não deveria ficar, mas mesmo assim parou brutamente e sentou-se em um muro de pedra na frente de uma casa com um jardim mal-cuidado. As luzes eram fracas e amareladas, e seus pensamentos vagavam a quilômetros dali.
Todo o controle dela se fora naqueles últimos segundos, tudo tinha vindo à tona como avalanche. Sua respiração estava mais forte, e parecia que ela havia levado mil socos, o salto fazia seus pés doerem, e nada poderia fazê-la melhorar agora.
Ela fechou os olhos, e um vento leve a envolveu. Ela própria havia se posto em uma posição horrível diante das outras pessoas, havia sido completamente infantil, terminar daquele jeito com ele, daquela maneira fria e sem sentimentos. Saiu de seu transe e olhou para os lados, a rua agora não estava mais totalmente vazia, uma figura conhecida se aproximava; ele.
Ela se encolheu ainda mais naquele muro de pedra, baixou a cabeça com vergonha, não se sentia mais confiante como antes, havia desabado.
Ele chegou até ela, e sentou ao seu lado em silêncio, nenhum dos dois falou nada por um longo tempo. Ela ergueu devagar a cabeça e olhou para ele, como medo do que poderia vir a seguir.
- Eu preciso muito da sua ajuda - falou ele, sem nenhum ressentimento.
- Da minha ajuda? - ela falou assustada, e ao mesmo tempo braba - você deveria ter nojo de mim, raiva por fazer você passar vergonha, você deveria... - sua voz falhou.
- Escute, eu sei o que eu deveria, mas se todos nós fizéssemos tudo que é tido como certo eu não estaria agora não é? - ele sorriu - Luci, eu te amo, e eu sei que você sente o mesmo, não importa o que você diga, ou que mentira você conte, eu sei o que tem dentro de você, e acredite, ao contrário de todos eu acho que você tem um coração.
Ele não falou mais nada, e ela também não.
Os dois se abraçaram, e ficaram ali, na frente de um jardim mal-cuidado, sobre luzes fracas e amareladas.

quarta-feira, 10 de março de 2010

Somos humanos


No Brasil mais de 50% da população é negra, mas ainda assim existe o racismo, o preconceito. Não sei quantos gays existem, mas sei que eles são ainda menos aceitos.
Xingar alguém homossexual não faz de você melhor, e muito menos mais macho. Há meio século atrás ainda poderia ser entendido, todos tinham a mesma opinião, os gays eram tratados como animais, como bandidos, pessoas que não tinham vida, ou sentimentos.
Mas como é falado há dez anos, estamos no século XXI, e essa fase já deveria ter passado. Esse preconceito é nojento, desrespeitoso e totalmente sem motivos.
Gays, são tão humanos quanto heterossexuais, e algumas vezes - e digo isso de cabeça erguida - até mais.
Eu respeito a sua opinião se você não gosta de gays, ou se você acha errado. Mas tudo tem um limite, digamos que se você respeitar com certeza será o respeitado.
Os homens acham maravilhosamente lindo uma mulher rebolando a bunda até não poder mais, mas quando vem alguém que eles consideram - quem sabe por que tem a voz fina, ou usa roupas diferentes - gays ridicularizam essa pessoa, como se a opção sexual dela mudasse algo na vida dos queridos machos de plantão.
Isso tudo tem muito a ver com a religião. Deus fez o homem e a mulher, não era para ser assim sempre?
Eu não vou mentir, não temos como nos livrar desses pré-conceitos que as pessoas fazem de outras. Os gays andam em uma verdadeira "linha tênue" tendo que sobreviver dia após dia com brincadeiras, piadas, e xingamentos. 
E enquanto as pessoas não se conscientizarem eu não vou poder fazer isso por ninguém.
Também não vou me fazer de mártir, estou defendendo meus ideais sobre ética, justiça e respeito. Nunca vou menosprezar um gay, nunca. Acho que todos eles como pessoas são maravilhosos, e para mim é só isso; pessoas.
Eu não gosto que ridicularizem outras pessoas na minha frente, não interessa pra mim se é gordo ou magro, negro ou branco, homossexual ou heterossexual. Pra mim é todo mundo igual, não importando quem seja, eu defendo, mas não dou a vida.
Cada qual tem a sua opinião, algumas vezes temos que reformula-la, podar os cantos, tirar uns galhos, quem sabe está na hora de melhorar o seu jardim também?


Pauta para "Blorkutando", tema: "Linha tênue"

terça-feira, 9 de março de 2010

domingo, 7 de março de 2010

Pesadelos e terror

Nos mais profundos sonhos existia um pesadelo.
O pesadelo não demonstrava fraqueza, mas exalava terror.
Um terror sobre humano, aonde as mãos não chegam, um terror incomum, que não conseguimos tocar, que não conseguimos sentir. Nossos olhos não são sensíveis o bastante para vê-lo. Nossa mente não é expandida o bastante para entendê-lo.
Somos ignorantes quando se fala sobre terror, pois ele não é o que se espera de alguém comum, temos medo dele e de quem sabe o que ele é.
Não existem pessoas que só tem sonhos, por que em alguns deles se esconde quase invisível um pesadelo intocado.
Um pesadelo sombrio; quem sabe seja o medo, ou o medo de ter medo.
Quando não nos sentimos seguros em relação a algo tentamos dentro de nós mesmos sobrepor os sonhos e esconder os pesadelos; o terror.
Isso se chama ser uma pessoa humana, e é totalmente aceitável e deve ser entendido eu dou colher de chá se você for ignorante.
 
P.S.: Quando escrevi esse texto estava olhando o "Filho de Chuck", o que é totalmente decepcionante, pois odeio o Chuck e seus derivados!!!


sábado, 6 de março de 2010

Roxane II


O silêncio atravessa as paredes do quarto lilás, embrenhava-se como uma cobra, e lentamente enrolava Roxane em um sono profundo, o manto negro da escuridão do céu cobria todos os móveis, todas as janelas.
Ela não acordaria ao nascer do sol, as cortinas bem fechadas mostravam isso. Um leve sorriso passeava pelo rosto da sonhadora Roxane. Alguns grandes fios de cabelos castanhos se espalhavam pelo quarto, tudo tinha um pouco dela, os quadros nas paredes eram leves, paisagens de uma garota que queria o mundo.
Quando o sol finalmente nasceu, Roxane ainda estava lá, deitada em um sono profundo.  A manhã não prometia nada de novo para Roxane; nada que a faria suspirar.
Ela não acordou quando duas pessoas acordaram no quarto ao lado, nem quando o chuveiro foi ligado. Ela não acordou com os passos na escada, e nem com os carros passando na rua. Ela ainda não havia acordado quando a porta do seu quarto se abriu, e só deu um leve gemido quando as cortinas beges deixaram a luz solar entrar.
- Rox, vamos logo, ou você vai se atrasar - a tão conhecida voz de Margo a acordou, aquela com a qual ela convivia a dezesseis anos.
Roxane afundou a cabeça no travesseiro, eram assim todas as manhãs, mais um dia que teria que viver.
- Roxane levante logo, vamos menina, sua mãe vai ficar uma fera se você não se apressar – Roxane enfim cedeu, sabia que Margo não ficava muito feliz com sua preguiça que ela chamava ao acaso de exagerada.
Sentou na cama com os cabelos desembrenhados e abriu seus olhos verde grama para a realidade. Suspirou profundamente e levantou.
- Margo, o que temos para hoje? – Roxane ironizou como sempre sua agenda do dia.
- Nada – ela falou como se aquilo fosse normal, mas não era.
- Pára, como se pudesse ser perfeito desse jeito, de manhã escola, óbvio... – ela se olhou no espelho e fez um bico exagerado.
- Hoje é sábado Roxane, nada de escola. Nada de ballet, nada de inglês e francês, nem almoços com os amigos de seus pais. Nada de viagens, nada de piano ou hipismo, nada de nada. Só descanso.
Roxane virou bruscamente para a “empregada”, se é que se podia chamar ela assim.
- Nada de... Nada? – ela estava boquiaberta. – Nem recuperação?
- Você quer que eu... – mas antes de ela terminar a frase Roxane estava pulando em cima dela aos gritos.
- Dia livre, eu nem acredito – ela beijou Margo sem cessar – eu acho que a última vez que isso aconteceu eu devia ter o quê... Um ano?
Ela riu com vontade, Margo riu junto.
- Calma menina chega disso, se arrume e vá lá embaixo para tomar o café, e ligeiro... – e falando isso saiu rapidamente do quarto, sem esperar respostas.
Roxane se arrumou quase voando, como se sua vida dependesse de quanto ela demoraria.
Seu pai sentava imponente no canto da mesa, e sua mãe ao lado demonstrava o de sempre, a odiada distancia. Os dois deram um ligeiro bom dia quando ela chegou, e seu pai largou o jornal para olhá-la, ela mastigou a torrada que estava comendo esperando o que estaria por vir.
Roxane não tinha nada dos traços de seu pai, Olavo. Ele tinha olhos azuis, e cabelos loiros platinados, que agora aos poucos sumiam dando lugar a uma ligeira careca. Sua mãe, Débora tinha cabelos e olhos pretos, uma pele morena. E suave como a de um bebê.
Com o passar dos anos Roxane parou de perguntar a si mesma como tinha olhos verdes e cabelos castanhos. A resposta que ela achou foi que deveria ter algum parente assim. Pois não havia pessoas mais diferentes do que os três juntos. Olavo, Débora e Roxane. 
 



sexta-feira, 5 de março de 2010

Roxane

O sol brilhava forte na Praça da Conceição, os bancos bem distribuídos e discretos não diriam que nada ali estava diferente. Várias crianças brincavam displicentemente espalhadas pela areia suja e cheia de brinquedos que foi colocada ali com o intuito de divertir as crianças, e poderem enfim deixar seus pais em paz.
O vento vinha em uma brisa leve e quase sem se poder sentir, os cacho curtos e morenos de bebe de Roxane balançavam, e ela sorria inocente diante de seus brinquedos coloridos. Alguns dentes cresciam em sua pequena boca, e ela não sabia o que acontecia ao seu redor.
Um casal de jovens conversava quase em sussurros em uma daqueles bancos neutros, ela lançava olhares de esguelha para Roxane, mas logo depois retomava a conversa.
- Não é certo, eu devia poder ficar com ela – ela baixou ainda mais o tom da voz -, ela é minha...
- Eu sei disso Cecília, mas se não for dessa vez não teremos outra chance – o rapaz de olhos verdes como Roxane falou urgentemente. – Não temos mais tempo, você já fez tudo isso durar mais do que todos nós desejávamos.
Cecília Castro olhou para a garota morena que brincava em meio ao vento e luz solar, que sorria inocentemente, esperava um dia ensina-la a caminhar, ensina-la a falar, a comer sozinha, ela queria viver para ela, estar ali no primeiro dia de escola e junto quando o primeiro namorado a deixasse, mas não era possível, não, nada disso era.
Lágrimas caíram por seu rosto delicado, e por sua pele salpicaram. Roxane e ela eram tão parecidas... As suas peles eram brancas como pérolas, e seus olhos sempre brilhavam quando se sentiam felizes. Roxane porém era mais loira, tinha um ar mais angelical. E Cecília esperava do fundo do peito que ela nunca fizesse algo parecido com o que iria fazer.
Rui deixou o silêncio pairar, sabia que aquele assunto era delicado, mas não poderiam criar Roxane, não do jeito que queriam.
- Vai ser amanhã – Rui Castro falou o mais cauteloso que podia, mas sabia que isso faria Cecília em uma situação nada agradável.
- Amanhã?! – aquilo não era mais um cochicho, ela havia se virado repentinamente para ele, um casal de senhores olhou para eles três bancos a diante.
Rui assentiu.
Cecília se levantou e foi ao encontro da filha, pegou ela e os brinquedos e levou-os ao banco em que Rui estava sentado. Roxane olhava curiosa para ela, os cílios compridos realçavam ainda mais seu olhar, para Cecília ela era um bebê perfeito.
Cecília olhou-a com cuidado, como se estivesse procurando algum defeito, como se fosse a última vez. Rui abraçou as duas com carinho, com amor.
- Será amanhã – Cecília enfim concordou. – Mas, você tem certeza de que o lugar é seguro?
- O mais seguro há que podemos chegar, e nossa última chance também – ele se calou e ela também.
Saíram de mãos dadas, Rui levando Roxane no colo, e Cecília seus brinquedos com a mão direita. Os dois com ares tristes e preocupados, esperando estar fazendo a coisa certa, esperando a última chance ser uma nova vida maravilhosa para Roxane.
Um mundo que nenhum dos dois poderia dar a ela, um mundo que nada nem ninguém poderia fazê-la infeliz.
 
 Imagem:VanessaClass'
Esse texto foi postado no Sem parar (blog coletivo no qual eu participo), mas ele estava pronto no meu pc há alguns dias e tem algo extremamente vivo nele, eu queria ele aqui também, por que coisas boas podem ser lidas e relidas. Na verdade era para ter uma continuação, mas não, dai eu mesma já ia estar querendo demais!
Beijos gente!
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