quarta-feira, 28 de julho de 2010

Sina

Não sei o que aconteceu, ontem enquanto eu dormia sonhei com você. Vai ver tem algo a ver com a sina. Você sabe o que eu quero dizer, aquela sina que nos acompanha, a que não nos larga um instante. Vai ver é isso mesmo.
Agora não é a hora, nem a nossa e nem a das estrelas. Talvez Clarice estivesse errada, e acho que ela não me repreenderia por supor isso, é pelo bem maior, você sabe, pelo menos eu escrevo.
Quando acordei quase senti você entre meus dedos, quanta inocência e irracionalidade era só um sonho, um sonho tolo demais para ser real..
Tentei me levantar e encarar o dia, quem dera se fosse fácil... Quem dera.
E ninguém deu mesmo nada, nem para me ajudar, para tentar sufocar minha dor ou segurar minhas mãos enquanto eu caia.
Eu queria dormir de novo só pra ter mais tempo com você, nem que isso traga mais dor, pelo menos no sonho eu ainda sentiria uma parte de você perto de mim, como se você ainda sorrisse e dissesse o quanto gostava do meu cheiro ou da cor do meu cabelo.
A nostalgia dói, algumas vezes chega a um ponto que a morte parece uma passagem fácil, mesmo os princípios sendo outros.
Ontem eu sonhei com você, e sabe, acho que é mesmo a sina. Aquela que nos persegue. Vai ver é isso mesmo.


Totalmente fictício, momento zen ao escrever!

segunda-feira, 26 de julho de 2010

500 dias com ela

Murilo totoso!
Galera, arrebentamos na Liga Mundial ontem, não? SIIM!
Pra quem não sabe ganhamos (BRASIL) no vôlei masculino ontem de tres sets a um contra a Rússia, IÊ!
Murilo muito gato como sempre, e eu pagando pau federal, haha, agora somos o país que tem mais medalhas de ouro, nove, em segundo lugar vem a Itália, com oito.
Mas antes de olhar o jogo, eu olhei um filme, que teve um começo ótimo e um final melhor ainda, o nome é "500 dias com ela".
Começa assim:

"Essa é uma obra de ficção,
qualquer semelhança com pessoas vivas ou mortas é coincidência.
Principalmente com você Jenny Beckman.
Vadia."
Genial não? Não?
Eu amei!
Tudo bem, qualquer pessoa poderia ter feito, mas colocar no começo de um filme? HAHA.
Em 500 dias com Summer, Tom é um escritor de cartões que se formou em arquitetura, ele conhece Summer (Verão), e se apaixona por ela, mas não dá certo. Sabe, não é um filminho que tudo é lindo e colorido, não é assim, é real, mesmo eu achando podre a parte do passarinho, e de ele dançando e etc.
Mamma mia já foi uma tragédia, o único que eu salvo é Chicago. Ok, mas esse filme não é um musical, a parte em que ele dança é por que ele acabou de fazer amor com a Summer, então ele está super feliz!
O filme foi feito de uma forma muito diferente e inteligente, e eu amei. Duas amigas minhas ficaram frustradas com 500 dias com Summer, mas eu não! Ele é fofo demais, a Summer é super lindinha e o Tom eu pegava (6)
E o final é super profundo até, a Summer casa e diz pra ele que as consequências que juntaram ela com o marido dela, e que Tom estava certo, o amor existe.
O filme acaba assim:

"A maioria dos dias é comum.
Eles começam e terminam, sem nenhuma memória durável nesse tempo.
A maioria dos dias não tem impacto no decorrer da vida.
23 de maio era uma quarta-feira..."

E lá está, por ironia do destino (ou consequências) Autumn (Outono).
Uma moreninha lindinha que pode amar Tom.
O FIM!

P.S.: Estava querendo olhar esse filme desde o ano passado, quando a Bruna Bianconi fez uma postagem no blog Pegue o lápis e escreva sobre isso. Então obrigada Bruna por ser tão atualizada e gostar de coisas legais. Não esquecendo é claro que eu amo seu blog!
P.S.²: Quem quiser baixar o filme ele está aqui, só que é legendado!
P.S.³: A trilha sonora é muito boa, toca Carla Bruni, Quelqu'un m'a dit. I LOVE CARLA BRUNI.
BEEEIZUS PISSOAL, ESTOY IN MOMENT SEM LÍNGUA! (ex: port., inglês, holandês, espanhol, etc e tal!).

sábado, 24 de julho de 2010

Diversidade

"Tudo começa com o Fulano que gosta da cor rosa e o Sicrano que gosta da azul, e lá vem o Beltrano dizendo que o a cor verde é mais bonita.
Os três brigam.
- Claro que o rosa é o mais bonito, é vivo, é poderoso, é romântico - defende o Fulano.
- Não, o mais bonito com certeza é o azul, a cor do céu, do mar, uma cor doce - responde o Sicrano.
- Imagine, isso é viagem, o verde é na verdade o melhor, mais lindo, passa esperança, é a cor da natureza - revida o Beltrano.”

Discutir gostos faz parte da vida, serve para mostrar para os outros quem somos de verdade, a nossa personalidade e o nosso jeito de ser.
O Fulano, o Sicrano e o Beltrano podem passar a vida inteira discutindo sobre qual das três cores é mais bonita sem chegar à conclusão alguma.
Cada um deles gosta de coisas diferentes, viu a vida de ângulos distintos, e tem uma personalidade própria. Nós não podemos mudar isso.
Se o argumento do Sicrano for bom, quem sabe ele possa mudar a opinião do Beltrano, mas o Fulano pode ser mais resistente, e continuar com sua opinião.
Gosto se discute, não podemos viver sem mostrar do que gostamos, GOSTOS=GOSTAR, ou viver sem nos perguntar por que cargas d'água as outras pessoas gostam daquilo, eu posso descobrir que a minha melhor amiga acha engraçado algo que eu acho idiota, mas ela vai continuar sendo minha melhor amiga, por que o respeito faz parte daquilo que chamamos de caráter.
As criticas fazem parte do mundo moderno. Pois se critica tudo hoje em dia, por que a tal modelo usou tal roupa, afinal ela é rica! Ou quando um livro que é bombardeado com criticas negativas ou positivas em um jornal. Tudo vira motivo pra falar, o mundo hoje é aberto para todos darmos nossa opinião, não temos como nos calar diante de tanta informação e tantos meios, ex.: blog.
Existem milhões de modinhas rolando pelo mundo a fora, mas quem somos nós pra falar que The Beatles é melhor que Restart?
A verdade é que isso só vai gerar brigas, Restart pode ser tão bom pra algumas pessoas quanto The Beatles é para outras. É uma questão de querer achar bom, eu posso ouvir tanto um quanto outro sem morrer de surdez, virar hippie ou usar uma calça vermelha.
Agora se você gosta de uma banda, ou de uma música, ou de um filme, ou de um livro, só por que a sua amiga gosta, desculpe isso se chama IN-SE-GU-RAN-ÇA.
E hoje em dia é difícil aceitar os gostos de outras pessoas por causa disso. Notamos quem está ali por que gosta de Harry Potter mesmo, por que leu os livros e etc. ou quem só olhou alguns filmes, e achou que podia falar o que bem entendesse sobre J.K. Rowling e Hermione.
Se você gosta mesmo de algo você sabe por que gosta.
Se você não gosta de algo você deve saber POR QUE NÃO GOSTA!
Não adianta criticar uma banda sem ouvir, ou um livro sem ler. Não adianta falar mal de um filme sem ver ou de uma pessoa sem conhecer.
Gostos são criados na base da informação, de tocar, sentir, cheirar, olhar e conhecer.
Rir do que o outro gosta não faz você melhor, e nem o que você defende. Por isso que respeitar é tão importante. Vai que alguém argumente bem com você, e você acabe descobrindo que Harry Potter é realmente bom?

Pauta para: Blorkutando
Tema: Gosto não se discute
Beatles sempre!
E se quiserem conheçam meu blog novo O baú de Meg, é onde vou postar resenhas de todos os livros que leio, obrigada.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

Lágrimas angelicais

Gotículas de chuva caem como lágrimas.
Sorrisos são esboçados de maneira fútil.
Procuro o rosto daquele que sabe o que quer,
não o encontro,
pois ele não existe.

O vento ainda não começou a uivar,
falta muito pra noite chegar.
As árvores começam a tomar vida,
elas dançam,
dançam como bailarinas alucinadas.

O frio aos poucos toma o lugar,
dócil, fácil de aceitar.
Os gritos são silenciosos,
as maneiras impecáveis.

Pingos dourados,
a chuva invernal,
o ouro derretido,
a lágrima de um anjo,
as minhas lágrimas...

Foto por mim

terça-feira, 20 de julho de 2010

Escritores

Com poucas palavras temos frases, com mais algumas alguns versos, parágrafos são mais sofridos, páginas são um orgulho. Um livro é sinônimo de lapidação. Uma pedra bruta que se transforma, tem um pouco de quem escreveu, um pouco de quem já o leu, é muitos livros é um só.
Escritores, observadores. Devagarzinho fazem personagens nunca vistos, os transformam em vilões, em mocinhos, bandidos ou princesas abandonadas.
Escritores, sonhadores. Sabem mexer com quem lê, sabem fazer um mundo novo onde só quem quer mesmo pode entrar. Sentimentos em papel, sentimentos por trás de um toque. Vire a página e lá estará.
Escritores, manipuladores. Podem fazer sua opinião mudar mil vezes com algumas páginas, fazer você rir até se escabelar com aquele humor hilário ou o sarcástico, ou podem te fazer pirar com as reviravoltas que uma história pode dar.
Escritores são história. Como saberíamos o que aconteceu no passado se não fosse por eles? Eles marcaram com palavras tudo que aconteceu, todas as guerras, as vidas, os reis e rainhas. Eles passam a cada ano informações novas, mais história, mais sabedoria.
Escritores são como almas. Eles criam laços, narram, fazem destinos, constroem vidas com minúcia, recriam o mundo e alteram a realidade.
Então sente em um lugar quente e confortável, faça um chá, um café ou algo que te faça sentir bem, e escolha com carinho um livro de sua preferência, ler não é pros fracos. Gostar de ler menos ainda. Um bom leitor entra na história com o corpo todo, e sabe que por trás de tudo existe um ótimo escritor. Respeita, pesquisa, lê mais e muitas vezes divulga.
Ainda acho que o ofício de escrever histórias tem algo a ver com a magia.

 
"O escritor pode ser visto como uma tríade: como contador de histórias, como professor ou como mago... mas o que predomina é o mago, o feiticeiro"
Cornelia Funke em Coração de Tinta
 
"Cada livro que você lê tem alma. A alma de quem o escreveu, e a alma dos que o leram, que viveram e sonharam com ele. Cada vez que um livro troca de mãos, cada vez que alguém passa os olhos pelas suas páginas, seu espírito cresce e a pessoa se fortalece."
Carlos Ruiz Zafón em A Sombra do Vento
 
Dia 25 é dia do escritor, parabéns para todos aqueles que gostam de mexer com as palavras.

sábado, 17 de julho de 2010

Inverno e coisas opcionais e não-opcionais

Estou me sentindo distante e estranha, não sei, é como se eu estivesse mudando. Me sinto feliz, só que de um modo diferente.
O frio aqui na minha cidade é descomunalmente grande (graus negativos genteeem), hoje não está tanto quanto nos outros dias, mas acho que é pelo fato de eu não ter que acordar cedo.
ESTOU DE FÉRIAS! E existe coisa mais gostosa no inverno do que dormir até tarde? OMG acho que não. Lençol térmico, filmes românticos, árvores totalmente nuas, fotos divertidas, lábios rachados, sopa quentinha da vovó, chocolate quente, brigadeiro na panela, pipoca com melado, lareira, fogão a gás quase 24hr por dia, cobertores, livros, chuva congelante, o barulho do vento antes de dormir. DELÍCIA DE VIDA, EU AMO INVERNO!
É algo meio não-opcional, sei lá, eu tenho raiva de ter que me vestir no frio e etc., mas eu me sinto melhor nessa estação, mais feliz. Os livros parecem ficar mais reais, os amigos mais amorosos, a mamãe dá mais colinho, o papai esquenta meus pés quando eu estou quase congelada no sofá. É divertido, mesmo eu amando o sol, sabe que a primavera também é uma delícia?
Mas na verdade eu amo mais o outono. Não estou te traindo inverno querido só que no outono as folhas caem e eu já comentei aqui que eu adoro isso, é lindo...
Desculpe verão, às vezes tenho medo do seu poder, o sol é maravilhoso, mas tem mais força e mais alma do que muitos acham que sabem.
Filosofia totalmente opcional, depois de ler "Marcada " - P.C. Cast e Kristin Cast (vou fazer resenha) e pesquisar os fundamentos da Yoga, e fazer uma aula pra principiantes (amo você youtube), eu estou totalmente quatro elementos. Escrevam, um dia meus chakras vão ser todos abertos, no momento tenho três de sete sob-ativos. Raiz, coração e o da cabeça. QUE TRIIIIIISTE!
E desculpa por demorar tanto pra postar de novo, simplesmente não rola quando estou com dois livros ótimos pra ler.

Foto por mim, hihi.

Foto por mim, hihi.
 
Foto pelo timer, haha. Eu, Júlia H., Brendha e Andrei.
 
Fernanda, Elisabeth, Júlia C., e eu óra.

Como vocês viram, o frio pegou geral, de congelar meeeeesmo.
Beijos, Alessandra.

terça-feira, 13 de julho de 2010

Cheiros, sussurros e vestidos dourados

Já devia ser quase uma da manhã, e Lívia não entendia por que ainda estava ali, não havia conhecido ninguém que valesse a pena, todos estavam tentando puxar o saco do presidente da empresa e sua antipática mulher, e ela ainda nem tinha conseguido se embebedar. Não valia nada estar ali, havia gente se divertindo é verdade, mas ela não era uma dessas pessoas.
Lívia então se levantou, seus cabelos pretos e encaracolados estavam em um coque, sua pele negra se destacava com o dourado do vestido longo, as costas estavam nuas, e no pescoço trazia um colar de ouro com um pequeno detalhe. Impossível ser mais sexy.
Já estava de saída, conversando com as pessoas que considerava falta de educação não se despedir, quando sentiu um doce sopro em seu ouvido:
- Mary... - a voz forte de um homem falou em meio a outras vozes e risos, como uma melodia boa de ouvir.
Lívia se virou curiosa, ela não conhecia aquele homem, infelizmente não, seus olhos castanhos brilhavam de algum prazer indiscernível, sua boca delineada vagava entre o Mary e as desculpas, seu cabelo preto estava despenteado de um jeito casual, ele era lindo. Lívia sorria.
- Desculpe - ele falou - você não é Mary... Desculpe, de verdade, é que Mary também é... - ele olhou nos olhos de Lívia, por alguns segundos os dois se sentiram presos um no outro, como se uma corrente invisível os ligasse.
- Negra - Lívia completou, sem se sentir ofendida, ela era negra, e adorava.
- Isso - ele sorriu, -desculpe por ser tão...
- CHARLES! - uma voz estridente gritou, e o homem na frente de Lívia se virou. - Charles, querido! Era a antipática mulher do presidente da empresa, ela deu uma leve olhada para Lívia - Am, olá querida... Charles preciso te apresentar uma pessoa, ela é maravilhosa, com licença querida, vou roubá-lo de você.
A mulher puxou Charles pelo braço, mas antes Lívia acenou com a cabeça discretamente para ele, dando-lhe um último olhar e um último sorriso.
Virou as costas e saiu, sentia-se estranha, como se tivesse deixado algo. Estava caminhado pelo corredor, agora com um casaco por cima do vestido, quase saindo para o frio inverno de Londres quando ouviu uma voz pela segunda vez naquela noite em suas costas:
- Licença, eu poderia acompanhar a senhorita - era Charles, o mesmo homem, a mesma voz e os mesmos lábios, ele vinha correndo na direção dela.
Ela sorriu, e aquilo era um sim, mesmo se ele tivesse Mary, ou quem quer que fosse, não importava, agora ele estava ali.
- Prazer sou Charles - ele falou olhando pra ela e sorrindo maliciosamente -, eu poderia saber seu nome?
- Sou Lívia - a porta se abriu e eles saíram para a noite gelada.
Eles caminharam por alguns segundos, sem se olhar e sem falar.
- Você sente esse cheiro Lívia? - ele olhou pra ela rindo - Café, esse é o melhor cheiro do mundo...
Ele pegou a mão dela e levou-a para uma cafeteria do outro lado da rua.
Começava a cair uma chuva leve e fina, eles não paravam de sorrir, era como se nada existisse de ruim em todo o universo.

domingo, 11 de julho de 2010

Ester

Meus pés estavam doloridos, e minha alma também.
Vinha uma leve brisa do atlântico em minha direção, como se estivesse me chamando para dentro do mar, me envolvendo com seu aroma salgado, com aquele azul infinito que só existe no céu quando não é no mar.
Eu já estava caminhando há algum tempo pela areia da praia, perdida na confusão de pensamentos acabei não notando para que lado eu ia.
Começava a escurecer, listras laranjas enfeitavam o céu azul escuro, logo iria chover.
O mar ficava mais agitado, como se estivesse me avisando de alguma coisa, as ondas vinham como se soubessem o que eu sentia.
Comecei a correr, precisava liberar a tensão de meus músculos, o vento batia em meu rosto com fúria, as casinhas na beira da areia ficavam para trás, tão simples e delicadas, e eu tentava não pensar em nada, olhava para frente, com a cabeça erguida.
Tentava não ter medo do que me esperava no futuro, a terrível solidão, fruto de minhas próprias escolhas, minhas decisões estúpidas e meu medo idiota de tudo aquilo que não conheço.
Fui perdendo a vontade de correr, sentei na areia úmida, a maré já começava a subir e eu ainda estava ali, com medo de ver pessoas, de me socializar com o resto do mundo.
Deitei na areia e fechei os olhos, ouvi barulho de passos, abafados pela areia e pelo som do mar, sentei e olhei para o lado, me sentia miserável, mas não pude deixar de empalidecer quando vi quem chegava perto de mim.
O que ele estava fazendo ali? Virei meu rosto que aos poucos voltava a cor normal.
- Ester, Ester! - Ele vinha correndo, quase sem fôlego - Ester, olhe pra mim, Ester, por favor - ele implorou.
Eu olhei pra ele e mantive seu olhar por alguns segundos, mas não era forte o bastante para isso, seus olhos castanhos me censuravam sem nenhum pudor.
- Como você me achou aqui? Eu avisei para nunca mais vir me procurar, você não entende... - falei cabisbaixa, olhando para as minhas mãos que brincavam com a areia.
Ele sentou ao meu lado.
- Não Ester, é você que não entende. Você acha que eu te deixaria ir assim? Se lembra Ester que um dia eu disse que estaria sempre com você? E te encontrar pode ter até sido difícil, mas vale a pena só para olhar pra você mais uma vez, quem disse que era fácil escapar de mim? - olhei pra ele e vi seu sorriso, um sorriso quente, que deixa corações em chamas.
Ele pegou minha mão com cuidado, ela estava fechada, ele a abriu e tirou toda a areia que havia ali dentro. Eu tremia, com medo do que aconteceria. Ele me puxou para perto de si e me abraçou, meu ouvido estava colado em seu coração, e eu podia sentir seu perfume, aquela era sua maior marca. Pensei em como seria se eu estivesse sempre com ele, eu o amava, mas não poderia admitir.
Ele me beijou, um beijo forte, perfeito.
- Eu acho que te amo - ele sussurrou em meu ouvido.
Mantive-me calada, olhando para o mar bravo em minha frente e entre os braços de meu doce amor. A escuridão agora era total.
Não sabia qual seria a próxima vez que eu iria fugir, nem se um dia teria forças para tanto, mas agora ele estava ali e eu também, não falei nada, simplesmente me entreguei.


Eu sou uma dama Espanhola
Vou cantar um refrão assustador
Eu sou uma dama de Marte
E eu posso desapertar as estrelas
Eu posso ser qualquer coisa que eu vejo
(Ingrid Michaelson - tradução de "Lady in Spain")

sexta-feira, 9 de julho de 2010

Onde o mundo vai parar?

Sabe o que me deixa brava de verdade? Eu acho que até já comentei isso aqui, o que me deixa brava de verdade é encontrar pessoas com frases, citações e palavras de livros que elas nunca tocaram, de pessoas que elas só sabem o nome, no Orkut, MSN e etc. O que é uma frase de Clarice Lispector quando se pode ler sua obra toda?
Incontáveis vezes eu já abri perfis de Orkut e encontrei parágrafos inteiros da Lispector, e o pior de tudo é que eu sabia que a pessoa que colocou isso no perfil nunca ao menos tocou no livro em que tal frase foi escrita. Muitas pessoas não entendem o real significado de um conto de Clarice, ou de um romance que ela tenha escrito. Quase todas às vezes não têm o nome da sua obra, e não são maiores as chances de ter o nome da autora, no caso Clarice.

É como ouvir só um verso de uma música, simplesmente não dá certo, você nunca vai entender o verdadeiro significado. Querer ser pop com Clarice não rola baby, nem com ela e nem qualquer outro autor que você nunca tenha lido.

Cada vez as coisas complicam mais (e sim eu venero Lispector), perfis não fazem a vida de ninguém, tem tanta informação na internet e as pessoas passam horas em sites de relacionamentos.

A pergunta é, onde o mundo vai parar?

Estamos em contínua mudança, a todo instante coisas novas acontecem, e acabamos sabendo tudo no mesmo instante, não que eu pire por causa disso, adoro a globalização (palavrinha chata não é?), mas algumas vezes as coisas que ela traz consigo não são aquilo que eu chamaria de um “mundo moderno legal”.

Ter tudo tão à mão, com apenas um toque é bom, eu agradeço por isso, mas se não fosse assim as minhas professoras veriam, por exemplo, quem realmente faz um trabalho e quem não faz.

Tudo bem esqueçam minhas criticas a globalização, mas lembrem de antes de usar uma frase devem saber o que ela significa de verdade. O mundo é tão cheio de falsidades que algumas vezes nem vale a pena tentar mudar, mas puxa, eu ainda estou viva, e enquanto eu puder tentar as palavras vão ser mais que letras escritas em um Word em branco. Cuidado elas tem vida, podem te fazer sorrir e podem te ferir.



 
"A palavra é meu domínio sobre o mundo"
Clarice Lispector

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Lady Di

Mês passado li a biografia da Lady Di (Lady por que ela perdeu o título de princesa), o que me deixou muito triste, pois agora sei que nem ela foi feliz, não de verdade. Tina Brown fez uma biografia muito completa sobre ela "Diana - Crônicas Íntimas".
Diana amou e não foi amada, não que eu acredite em qualquer coisa que eu leia por ai (tá eu tenho essa horrível tendência, não que isto justifique), mas eu senti raiva de Lady Diana e com Lady Diana, ela estava fadada ao fracasso desde o primeiro minuto de casamento, o príncipe Charles apenas precisava se casar, e puts, por que ele não ficou logo com Camilla? Tinha que causar tanto sofrimento e constrangimento em Diana? Tinha que ser tão frio e mimado? Tinha que trair ela durante todo o tempo de casados?
Bom, não dá pra mudar nenhum desses fatos, o que foi já tá feito, Diana morreu, e isso dá um aperto no coração, principalmente por saber que foi ela que começou a famosa filantropia, doou a si mesma e a sua imagem para instituições, querendo ou não isso mudou as coisas. Ela se abaixava e pegava a mão das crianças e falava com elas, e não falo isso por que quero ser uma paga-pau pra Lady Di mas sim por que conheço a história dela, e mesmo com tantos defeitos e com tanta pressão, ela ainda conseguiu fazer a diferença, ou quem sabe era por que ela queria fugir de si mesma que ela fazia isso, o que não faz a solidão...
O que eu queria dizer é que ninguém é perfeito, e ninguém tem a vida perfeita, mas se a gente quiser, podemos tentar ajudar quem está na pior.




quarta-feira, 7 de julho de 2010

Lúcia

A noite caía como se quisesse esperar o sol chegar, era lenta.
O vento invernal fazia com que as mechas de cabelos claros de Lúcia ondulassem, ela era delicada. Tinha um ar de infantilidade e uma pureza que hoje em dia não encontramos em qualquer lugar, parecia não ter nascido neste século.
Seus olhos levantavam como se tivessem medo de dizer que tinham vida, sua boca se mexia como se quisesse dar adeus todas as vezes que falava. Havia indecisão em sua voz, como se fosse errado mostrar sua opinião, ela tinha medo de mostrar quem era.
Ainda existem dúvidas se ela era assim por ser tola e ignorante demais, ou por ter sofrido tanto que o medo deixou-a muda e um tanto simples.
Não se sabe ao certo como aconteceu, ou se poderia ter sido diferente, não sei se o destino é aquilo que devemos crer, mas um dia Lúcia não estava mais lá, nem mesmo vestígios de sua pura delicadeza, sua mudez não era mais opcional, era definitiva.
Lúcia havia morrido.
Com ela foi junto o coração do pai, e a alma da mãe. Foi um pouco de todos que ela pode tocar, que ela pode sentir.
Com ela foi junto aquilo que ela sempre quis ter, e aquilo que ela sempre teve. Suas pálpebras se curvaram eternamente, deixando a escuridão envolver seus olhos castanhos. Seus cílios, quase em pedido de desculpas ficaram voltados para o coração, não de um jeito escravo, mas sim com toda a leveza que um dia Lúcia teve em vida.
Quem sabe ela queria o que aconteceu, como eu disse, não se sabe ao certo. Mas o modo diferente que ela andava, os gestos suaves que ela fazia, e o brilho em seu olhar jamais serão esquecidos.


Eu quero a sorte de um amor tranquilo
Com sabor de fruta mordida.
(Cazuza - Todo amor que houver nessa vida)

domingo, 4 de julho de 2010

Fios de aranha

- Minha base é seu sorriso, é o que me mantém de pé. Meu corpo só respira quando sabe que você vai estar perto quando eu precisar. Eu sou seu, e eu gosto disso.
Eu olhei para ele, tentando não mostrar o quanto aquelas palavras faziam com que eu me sentisse suja e mentirosa. Seus olhos encontraram os meus e senti a verdade exalando em meu olhar. Mas ele não.
Ele não me conhecia o bastante, mesmo sendo meu e precisando de mim.
Meus sorrisos eram enigmas que ele não foi capaz de desvendar, minha boca queria se abrir em desculpas, mas ele era meu, e eu gosto de guardar tudo aquilo para que sirvo de base, mesmo que seja com gestos falsos, mesmo que seja com ilusões e enganos alheios.
Minha boca se escancarou em um novo sorriso, um mais tímido, era a vergonha, ele já o conhecia, mas não sabia o que significava de verdade.
Não falei nada, baixei os olhos e olhei para minhas mãos, quanto mais eu tentava me desenrolar desse grande emaranhado de fios de aranha mais as coisas ficavam confusas e complicadas.


Eu conheço todos os portos,
Cada Sul, cada Norte
Eu conheço sem esforços,
Conheço o que vão dizer
Que eu sou boa ou me maldizer,
E isso me faz sorrir...
(Carla Bruni - Tradução de "J'en Connais")

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Corações e vulcões

Devagar vai embora, como o sol cansado que desce ao anoitecer.
Devagar vai embora, como se fizesse parte do ciclo da vida. E quem sabe faz.
Rascunhos no chão, amassados indiscretamente, como se tivessem vergonha de mostrar o que contém, isso faz com que a dor seja maior. Pois cartas não recebidas, são piores do que cartas recebidas com palavras rudes e diretas.
Miseráveis dores, que não valem a pena declarar. Mostra na face o que não traz dentro de si, coloca no mundo palavras que ninguém quer ouvir.
É singelo, é insignificante, e trás entre suas aspas sons desconhecidos, que ruminam a vida como se fosse música, e fazem sofrer almas que beiram precipícios de lamúrias.


 
Não olharei
Somente ouvirei
A terra se move
E o oceano balança
Deixe a lua desaparecer
(Schuyler Fisk - Tradução de "Be Still")
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