O vento vinha em uma brisa leve e quase sem se poder sentir, os cacho curtos e morenos de bebe de Roxane balançavam, e ela sorria inocente diante de seus brinquedos coloridos. Alguns dentes cresciam em sua pequena boca, e ela não sabia o que acontecia ao seu redor.
Um casal de jovens conversava quase em sussurros em uma daqueles bancos neutros, ela lançava olhares de esguelha para Roxane, mas logo depois retomava a conversa.
- Não é certo, eu devia poder ficar com ela – ela baixou ainda mais o tom da voz -, ela é minha...
- Eu sei disso Cecília, mas se não for dessa vez não teremos outra chance – o rapaz de olhos verdes como Roxane falou urgentemente. – Não temos mais tempo, você já fez tudo isso durar mais do que todos nós desejávamos.
Cecília Castro olhou para a garota morena que brincava em meio ao vento e luz solar, que sorria inocentemente, esperava um dia ensina-la a caminhar, ensina-la a falar, a comer sozinha, ela queria viver para ela, estar ali no primeiro dia de escola e junto quando o primeiro namorado a deixasse, mas não era possível, não, nada disso era.
Lágrimas caíram por seu rosto delicado, e por sua pele salpicaram. Roxane e ela eram tão parecidas... As suas peles eram brancas como pérolas, e seus olhos sempre brilhavam quando se sentiam felizes. Roxane porém era mais loira, tinha um ar mais angelical. E Cecília esperava do fundo do peito que ela nunca fizesse algo parecido com o que iria fazer.
Rui deixou o silêncio pairar, sabia que aquele assunto era delicado, mas não poderiam criar Roxane, não do jeito que queriam.
- Vai ser amanhã – Rui Castro falou o mais cauteloso que podia, mas sabia que isso faria Cecília em uma situação nada agradável.
- Amanhã?! – aquilo não era mais um cochicho, ela havia se virado repentinamente para ele, um casal de senhores olhou para eles três bancos a diante.
Rui assentiu.
Cecília se levantou e foi ao encontro da filha, pegou ela e os brinquedos e levou-os ao banco em que Rui estava sentado. Roxane olhava curiosa para ela, os cílios compridos realçavam ainda mais seu olhar, para Cecília ela era um bebê perfeito.
Cecília olhou-a com cuidado, como se estivesse procurando algum defeito, como se fosse a última vez. Rui abraçou as duas com carinho, com amor.
- Será amanhã – Cecília enfim concordou. – Mas, você tem certeza de que o lugar é seguro?
- O mais seguro há que podemos chegar, e nossa última chance também – ele se calou e ela também.
Saíram de mãos dadas, Rui levando Roxane no colo, e Cecília seus brinquedos com a mão direita. Os dois com ares tristes e preocupados, esperando estar fazendo a coisa certa, esperando a última chance ser uma nova vida maravilhosa para Roxane.
Um mundo que nenhum dos dois poderia dar a ela, um mundo que nada nem ninguém poderia fazê-la infeliz.
Imagem:VanessaClass'
Esse texto foi postado no Sem parar (blog coletivo no qual eu participo), mas ele estava pronto no meu pc há alguns dias e tem algo extremamente vivo nele, eu queria ele aqui também, por que coisas boas podem ser lidas e relidas. Na verdade era para ter uma continuação, mas não, dai eu mesma já ia estar querendo demais!Beijos gente!
amo todos os teus textos *-----------*
ResponderExcluirteu blog é perfeito.
olha, tem post novo no meu. se puder,visita e comenta bls? fiz o blog há um mês atrás,ainda não sei muito,mas acho qe tá legal (:
beijos, parabéns!
aah, tu tá na lista de indicações no meu blog *--*
não é mta coisa,mas fiz isso porq gosto do qe você escreve (:
Adorei e ia gostar de ler uma continuação /dica
ResponderExcluirSeu blog todo é muito bom, parabéns.
Tô seguindo =DD
Beijos