A neve não demoraria a cair - segundo os meteorologistas - há dias já vinham predizendo uma grande nevasca. O frio chegaria com força total, completando o rito anual das estações.
Mas ali dentro, naquele pequeno café da grande New York, Lila se sentia aquecida, um pouco triste, inconformada com a impontualidade de Connor, mas mesmo assim confortável com o local agradável em que se encontrava.
Ela já havia terminado seu segundo café, e estava tendo uma luta mental consigo mesma para saber se iria embora, se desistiria de esperar Connor chegar - se chegasse - ou ficaria ali. Não havia mais chances para ela, se ele não aparecesse, mas antes de ela se levantar, ou decidir de vez se iria embora ou não, um vulto encasacado atravessou a rua, Lila conheceu seu jeito de andar, ele entrou no pequeno café, e Lila suspirou, era realmente Connor.
Aqueles três meses separados ainda não haviam ensinado a ela como domar sua emoção, com olhar para ele sem sentir um profundo desespero, sem ficar com saudade de seus beijos e abraços, não conseguia parar de se culpar por ter cometido tantos erros no passado, ter deixado ele de lado e se enfiado em um poço de trabalho gigantesco. Aquilo doía nela mais do que qualquer um esperaria mais do que ela mesma esperava de si própria.
Connor chegou até sua mesa mais rápido do que ela previra, sentou na sua frente e deu um daqueles sorrisos suaves que eram sua marca registrada, traziam calma, e faziam com que a dor de Lila aumentasse, perfurando seu coração de um modo assustadoramente irracional.
- Oi Lila - Connor falou despreocupado - tudo bem com você? Está com uma cara estranha.
- An, não, oi... Tudo bem sim, problema algum - Lila se segurou na cadeira com força, era muito ter que olhar para ele sabendo que não era dela, mas falar era mais doloroso ainda.
- Lila, eu não tenho muito tempo, por favor, eu sei que você gosta de enrolar, vá direto ao ponto - ele olhou pra ela sabendo por que ela o chamou ali, e vendo que ela não falava nada continuou - Lila, já faz quase quatro meses que nos separamos, eu aprendi a viver sem você, e espero que você tenha feito o mesmo, a minha vida não parou, e eu já havia deixado de te amar antes de nós terminarmos, você sabe disso...
Ela olhou pra ele com um sorriso triste, como se estivesse morto em seus lábios.
- Esse é o problema Connor, eu sei. E não queria saber, eu ainda te amo Connor, não aprendia viver sem você, seu o seu amor, - Lila olhou pra ele com ferocidade - eu preciso de você!
- Lila, não existe mais nada entre nós, e bom... Eu encontrei outra pessoa, alguém que está ao meu lado sempre, uma pessoa que sabe me ouvir, que me ajuda quando preciso, somos eu e ela, e não somente eu, ou somente ela.
Ela se manteve calada, se escondeu em baixo dos seus cílios e baixou a cabeça, a tristeza inundou-a, outra pessoa? Por essa Lila não esperava. Lila nada falou, o silêncio no café era completo, mas dentro de si mesma um guerra era travada.
- Lila - Connor falou - eu ela... A gente vai se casar...
Não podia ser possível, não podia ser real, seu coração martelou uma vez, duro, espremendo duas lágrimas quentes de seus olhos...
- Mas... Você... Você nem conhece ela direito, eu fiquei mais de dois anos com você e nunca foi pedida em casamento - ela argumentou.
- Lila, eu amo ela, e vou me casar queira você ou não - ele suspirou -, se cuida.
Connor se levantou, passou por Lila ignorando suas lágrimas que caíam lentamente, deu um sorriso idílico para ela e saiu do mesmo modo que entrou. Rápido, um vulto encasacado.
Lila não se demorou muito mais ali, não havia o que fazer, só chorar pelo que poderia ter sido, e pelos momentos de um futuro que nunca aconteceriam.
Seus membros enrijeceram ao sair para a noite gelada, foi andando devagar para seu apartamento, um floco de neve caiu em sua bochecha e ela percebeu que apesar de às vezes os meteorologistas errarem e fazerem previsões que não dão certo, uma hora outra as coisas são como devem ser, a neve sempre cai no inverno de New York, e um grande amor sempre chega em nossas vida apesar das grandes decepções com o passar dos anos.
Muito bem escrito Ale,precisa dar uma revisada mas está muito bom. Gostei mesmo.
ResponderExcluirImagens incríveis.
Grande Beijo
Depois de um tempo na clausura, privado do mundo e do blogspot, cá esotu eu lendo as mesmas perversões e gostando muito.
ResponderExcluirBjooo Aleee.
Ficam registrados sempre conosco, como um inverno bem impassional !
ResponderExcluirSeu texto poderia virar um roteiro pra filme, daqueles que no fim todo mundo (eu por exemplo) sai chorando do cinema.
ResponderExcluirMuito bom! (:
Que bom que ela tem esperança de um novo amor. Seu blog está cada vez mais lindo.
ResponderExcluirBeijooO'
Nossa amei o texto
ResponderExcluirMinha primeira visita e eu já estou impressionada. Você escreve muito bem.
bjs
alessandraaaaa :O amei, mt mt, de verdade *-*
ResponderExcluirSim, Ale, tá lindo o conto! E, particularmente, gostei desse final! A vida segue seu curso e nem sempre é possível voltar atrás...
ResponderExcluirBeijinhos! Parabéns!