quinta-feira, 24 de dezembro de 2009

Amor de Natal

O natal iria ser como todo o ano, amigo secreto, janta, bebês chorando, crianças correndo. Nada diferente, nada que pudesse me surpreender. A única coisa que iria mudar seria os amigos de meus pais, iam vir de longe, mas e daí, aquele filho crianção deles que eu não via a uns cinco anos, era meio triste, principalmente pra mim. Eu queria passar o natal com as minhas amigas, elas já haviam me convidado, e eu já tenho dezessete anos, tenho direitos, mas não é assim que meus pais pensam. As pessoas já estão chegando para a janta, vovô e vovó, os netos, e quantos netos... Quase incontáveis, lastimável, para mim é claro, por que parecia que todo mundo estava amando aquilo. Não parecia, eles estavam mesmo amando.
- Alô! - era mu pai atendendo ao telefone, como ele conseguia gritar tanto só pra ter uma misera conversa no celular - claro, claro, nós esperamos.
- Quem era? - minha mãe perguntou com uma voz preocupada.
- Era o Jorge, furou um pneu, mas eles já estão chegando - sim, os amigos de meus pais.
E lá se vai mais meia hora de espera da minha vida, sentada naquele sofá com crianças gritando meu nome por toda a parte eu percebi que ser a neta mais velha não é uma das coisas mais maravilhosas desse mundo.
- Eles chegaram, eles chegaram - acho que eu nunca tinha visto meu pai tão animado, parecia que o mundo ia acabar, mas se acontecesse parecia que ele ia morrer feliz só de ver o amigo de infância.
Ele foi abrir a porta para eles, nem esperou eles apertarem a campainha. Eles se abraçaram tão forte que até eu fiquei sem ar, olhei para o carro deles, vi a tal da Dona Elisa saindo de lá. A porta de trás do carro se abriu, eu vi um "deus grego" saindo de lá. Aquilo era algum tipo de brincadeira? Aquele não podia ser o filho deles, tudo bem, se passaram alguns anos, mas ele estava muito perfeito. Parecia o garoto dos sonhos... e eu não lembrava o nome dele, como eu sou brechenta, bom eu ia dar um jeito, sim ia dar um jeito. Cumprimentei a Elisa, o Jorge, e então chegou a vez dele. E bom, o cheiro dele era como ele, maravilhoso. Um, dois beijos, que maravilha, meu natal estava indo do pior ao melhor.
Nossos pais estavam tão envolvidos em botar o papo em dia que nem notaram quando eu sai da sala e fui para a varanda, eles podem não ter notado, mas ele notou, e o pior de tudo é que eu ainda não sabia o seu nome.
- Está quente não é? – ele pediu discretamente, jogando o cabelo pra trás, como ele era sexy.
- Sim, muito. A que ponto nós chegamos quando não temos assunto, falar do tempo, que beleza – será que eu fui grossa? Eu sempre sou, mas acho que ele deixaria passar.
- A me desculpe, então, mudando de assunto, não queria ser mal-educado nem nada... Mas eu ainda não sei seu nome.
- Então estamos kits, porque eu também não sei o seu – ele riu, eu ri. Dois risos leves em uma noite de verão.
- Meu nome é Augusto, prazer – ele estendeu a mão.
- E o meu é Mariana, muito prazer – eu estendi a mão. E naquele toque inocente, eu senti o que eu jamais havia sentido antes, me arrepiei, olhei nos seus olhos e percebi que havia algo ardendo dentro dele, dentro de mim. Fiquei vermelha, ele sorriu, como se tudo estivesse em transição. O mundo havia parado, e só restava nós.
- Essa noite será especial – ele falou antes de mandar um beijo com seus lábios quentes e macios. Eu correspondi.
O que eu ouvi poderia se qualquer coisa, sinos tocando, a magia no ar, as renas do Papai Noel, mas nada poderia me separar dele. Ele pegou meu rosto com as duas mãos e disse com sua boca quase tocando a minha:
- Você... É você que eu quero.
Ouvi o barulho das crianças chamando pelo meu nome, eu sorri, ele sorriu, e não importava quantas milhões de pessoas chamassem por mim, ou por ele, a mão dele não soltaria a minha, e nós continuaríamos ali, um do lado do outro. Pra sempre e eternamente.
Imagem: Google

3 comentários:

  1. Alessandra,
    Não obstante a minha implicância com o uso comercial do "espírito natalino", não tenho como escapar da influência que a data exerce sobre o meu emocional que ainda teima em crer que a humanidade não é caso perdido e que podemos construir um mundo mais justo, sem violências e sem preconceitos. Em suma: sou um ingênuo assumido.
    Sendo assim, é inevitável que venha para deixar os meus votos sinceros de que você tenha um feliz natal e que o ano novo não seja apenas uma nova página no calendário, mais um marco de mudança que inaugure uma nova era de paz e felicidades para todos e que possamos realizar todos os nossos melhores sonhos e projetos.
    Felicidades.
    Beijos

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  2. Lindo seu texto, Augusto mesmo nome do meu ex- namorado, o único cara que eu gostei de verdade :s. Quem dera a nossa história tivesse sido assim.

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  3. Ai que triste :/
    Queria que estivesse tudo bem com vocês, claro se você gostasse dele ainda...

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Nunca sabemos de tudo.

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