Entrou quase nas pontas do pés, suando de nervosismo e em um movimento rápido ela abriu a primeira gaveta da mesa para tentar descobrir o grande segredo que todos escondiam dela, mas ao abrir, ela não encontrou nada de especial além de uma folha de papel. Uma folha de papel limpa, branca e pura, que grande segredo seria esse então?
Nada tinha ali, nada que pudesse fazer alguém sofrer, ou voltar a viver, nada, nada e nada. Aquela era a única gaveta com chave, a única que poderia ter algo importante, a única em que alguém poderia esconder algo dela. Ficou com raiva, raiva das pessoas que mentiam, raiva das pessoas que amavam, raiva das pessoas que viviam. Começou a tirar as gavetas daquela mesa, como se pra ela nada daquela casa tivesse algum significado, folhas se esparramaram no chão, e ela sentiu mais raiva ainda, só que agora dela mesma, porque alguém teria que limpar aquilo, e esse alguém seria ela.
Ela sentou no chão, encostada na parede, botou a cabeça entre as pernas e as lágrimas lhe escaparam, lágrimas silenciosas, lágrimas de carência, ninguém havia deixado nada para ela procurar, ninguém se quer pensou que um dia ela iria ir atrás de seu passado, devagar se levantou, tentando parecer mais segura para si mesma, já que no fim era isso que importava para todos, o quão segura alguém poderia ser.
Foi recolhendo lentamente os papéis esparramados, alguns eram papéis em branco, alguns eram cartas esquecidas ali com o tempo, nunca havia se quer pensado em abrir alguma dessas gavetas, mas ali estava ela agora, recolhendo a vida de alguém que foi deixada no chão, a deriva de quem quer que fosse, em sua mão as cartas passavam, rapidamente, algumas com mais curiosidade ela parava para olhar, mas essas novamente iam direto para a gaveta. Então em um susto se deparou com uma carta em que havia o seu nome, Ruth, ela ainda estava fechada, segurou a carta como se fosse um tesouro, guardou rapidamente as outras coisas que estavam no chão, colocou as gavetas em seus lugares, e tudo parecia intocado quando ela saiu de lá.
Correu em passos largos para o seu quarto, ninguém a incomodaria lá, trancou a porta, sentou em sua cama, e ficou olhando para o que tinha em sua mão, em seu olhar brilhava a indecisão, abrir poderia fazê-la sofrer, e deixa-la fechada... Nem queria pensar em deixa-la fechada, havia passado tempo demais, tempo demais até para ela que tinha um certo grau de paciência quase interminável.
Então delicadamente Ruth foi abrindo a carta, palavras que estavam ali a deriva do tempo, esquecidas, e agora novamente descobertas pela sua verdadeira dona, a que devia recebê-las com todo o carinho, mas ao abrir a carta, com as mãos tremulas, percebeu que a palavra carinho nada tinha a ver com o que estava escrito ali. Pulou da cama, e só de pois de algumas tentativas falhas conseguiu abrir a porta do seu quarto, saiu aos gritos, procurando alguma alma que pudesse ajuda-la naquele momento tão desesperador.
Imagem: Google
O texto está muito bom. Escrevo textos desse tipo bem frequentemente, hm. Gostei bastante. O que ela havia lido na carta?
ResponderExcluirBjs!
Obrigada, olha, ela ainda não me contou, acho que só ela pode rsponder essa.
ResponderExcluirBeijos Blanca!
não acredito que vc não sabe o que tinha na carta! Agora todos ficarão curiosos
ResponderExcluirFiquei presa no texto até o final, adoro quando fica uma dúvida, prende mais ainda a atenção. Seu blog é lindo, adoro o lay branco e o nome é maravilhoso! Estou seguindo, tu escreve muito bem e quero ver suas atualizações sempre! Beijos Mel!
ResponderExcluirPois é Chris, não sei mesmo, acho vou deixar todo mundo chupando dedo com a carta da Ruth.
ResponderExcluirObrigada Mel, pode deixar, vou atualizar sempre, isso tudo tá virando uma segunda casa e um porto seguro pra mim.
Beijos meninas lindas, espero por vocês sempre!