sábado, 17 de abril de 2010

Fria e frívola

Ela tinha um jeito tão frívolo de levantar a cabeça e botar o braço pra fora quando estava dirigindo que era quase como se aquele fosse o jeito certo de viver, como se só suas maneiras estivessem corretas. Como se a educação fosse algo sem sentido e as boas maneiras algo que nada tinha a ver com viver.
Seus braços finos e curtos gritavam vulnerabilidade, mas seu rosto e suas palavras eram tão confiantes que todos se deixavam levar por aquilo que ela tinha de melhor. O que era quase nada.
As demonstrações de afeto que dela saiam nada mais eram que puro sarcasmo de um olhar, por que além de frívola ela era fria.
Era tão intolerável aos olhos humanos que ardia vê-la, ardia ter que toca-la, ardia sentir sua presença.
Ela se considerava maior que todos. Pensava que sua boca era mais doce que a de muitas, seus olhos mais verdes que um gramado em seu melhor estado, e sua pele mais branca que a neve que caía lentamente até chegar devagar ao chão.
Ela era frívola, tão frívola que chegava a ser boa em coisas sem sentido. Como falar coisas que agradassem, e ajeitar uma gravata sem corte, ela era tão frívola que chegava a ser doce, ela era tão amada que chegava a ser quente, em dias claros ela chamava atenção, em dias de breu ela era sempre a melhor solução.

3 comentários:

  1. que metáforas maravilhosas !
    adorei, demais !
    Beijo

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  2. Acho que sou assim, fria e frívola, às vezes quente também... A verdade é que todos somos muito, tendo um pouco de cada coisinha. Como sempre começo a ler seu texto e não consigo parar, incrível como você consegue mexer com as palavras, parece até mágica! Lindo, lindo, lindo! :)

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  3. Adorei a poética e a musicalidade nas palavras deste conto. Lindo Ale! Um beijo doce, e ótima semana pra ti! ;*

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Nunca sabemos de tudo.

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