terça-feira, 1 de dezembro de 2009

A escuridão

O único som que ela ouvia em meio a escuridão eram seus passos em falso, tentava andar rápido sem o sucesso desejado, o ar ao seu redor era pesado, e a respiração ficava cada vez mais acelerada, as ruas estavam molhadas, e ela pisava em poças sem nem ao menos perceber e ainda podia sentir os últimos pingos de chuva indo de encontro ao seu rosto. Não se importava em estar descalça, esse era um dos seus problemas mais pequenos no momento, sentia os cacos de vidro em seu pé, e quase podia ouvir as gotas de sangue caindo no asfalto molhado.
Olhava para os lados como se sua vida dependesse disso, e até certo ponto dependia mesmo, estava cada vez mais concentrada nos sons em sua volta. Com toda a concentração, ela ouviu o som mais indesejado, passos fortes, mais seguros que os seus, sufocou o choro, sufocou os gritos, tentou correr mais rápido, mas suas pernas estavam fracas, a gravidade foi mais forte, seu corpo foi de encontro ao chão, ela viu seu sangue se misturando a água, tentou se levantar, sem sucesso algum. Sentiu o gosto das lágrimas salgadas em sua boca, agora ela era fraca, fraca como jamais pensou que ia ser.
Os passos ainda vinham em sua direção, agora mais lentos do que antes. Ela não sabia o que fazer, não queria olhar, descobrir o que ou quem era poderia faze-la sofrer mais ainda, fechou os olhos e encheu os pulmões segurando o choro que estava por vir.
- O que é que você está fazendo? Fugindo de mim garota? - era uma voz masculina, em um tom bravo, sério. Porém desconhecida, mas quem sabe ele era novo em tudo isso, ela não sabia, não tinha nenhuma certeza, mas quem quer fosse ainda não a havia matado, ela não queria saber se tudo isso era sorte ou azar, porque agora para ela tudo que restava era implorar.
- Pode me responder por favor !
- Não estava fugindo não é so que... - sua voz tremeu, e por fim parou, não conseguia nem ao menos falar, então chorou, chorou e chorou.
Ele se ajoelhou ao lado dela, e num gesto gentil pôs a mão em seu ombro, ela ainda estava de costas, sentada no chão molhado. Devagar ela virou sua face para ele, com muito medo de descobrir quem era, mas o que ela viu não foi o que esperava, ele não era nem de perto parecido com as pessoas que sentia medo. Vendo que não era o que ela esperava falou com um pouco mais de calma:
- Eu não estava fugindo exatamente de você, mas sim, estava fugindo - deu um suspiro em meio as lágrimas. Ele conseguiu passar para ela uma leveza que quase a fazia flutuar, mas ela ainda estava tensa, mesmo se sentindo mais segura com um total desconhecido -Mas preciso sair daqui, por favor me ajude!
- Mas do que exatamento você está fugindo? - ele via nos olhos dela medo, um medo que poderia assombrar criancinhas à noite.
-Não posso explicar agora, por favor confie em mim, por favor minha vida depende disso.
Seu olhar agora era suplicante, com uma verdade insuportavelmente verdadeira. Ele não resistiu, sentia que tinha que protege-la para sempre, não poderia deixa-la.
- Vamos, eu te ajudo a levantar, você consegue andar? - se ela não conseguisse, ele estaria ali, os dois sabiam que de agora em diante estariam juntos. Não esperou uma resposta, pegou-a no colo levando-a dali, só o que se podia ouvir agora eram seus passos seguros e fortes em meio a escuridão.

Imagem: Google

8 comentários:

  1. Promete que escreve um livro um dia? Você leva muito jeito.

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  2. Agora posso começar o meu dia.Pax Vobiscum

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  3. aaah, eu tbm Natália.

    AAAAH Bruna, essa promessa ei já fiz pra mim mesma, só que parece tão distante do meu mundo que as vezes parece que eu não tenho capacidade.

    Que bom que eu consigo alegrar o dia de alguém Clécio, obrigada por acompanhar.

    Beijo pra todos :*

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  4. tbm não gosto mto do escuro, kkkk
    á não ser que seja acompanhada de um homen bem gostoso,
    jkkkkkkkkkkkkk
    amey o blog, :*

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  5. UAHUAHUAHAUHAUAHUAHAUHAU, sim né, daí todo mundo gosta, obrigada gabriela *-----*

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  6. nem preciso dizer que tudo que tu escreve é perfeito ;} beijos, Alana.

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  7. Alana, obrigada minha flor de jabuticaba, te amo muito,
    beijos !

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Nunca sabemos de tudo.

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