quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Amor ou dor, façam suas apostas

- Você é louca, ou o quê? - seu sorriso era tão lindo, seu olhar era verdadeiro e me fazia delirar. Fingi fechar a cara para ele e continuei fazendo meus deveres da escola, sabia que se olhasse pra ele perderia toda minha concentração.
- Porque eu seria louca? - respondi ainda de cabeça baixa, sabia que seu olhar estava cravado em mim.
- Por que é sábado à noite e você ainda está ai, grudada nesses cadernos - ele falou com ar de esqueceu de mim é - olha pra mim Sara, não finge que eu não estou aqui.
Virei devagar meu rosto e fiquei encarando-o, estava tentando não rir, mas ele era bom demais pra ser deixado de lado, abri um dos melhores sorrisos que poderia vir de mim, ele me beijou e me abraçou, como se fosse a última vez, com uma força e ao mesmo tempo uma tensão. Algo que não era natural dele, já conhecia seu jeito, e as vezes me cansava dele, namorávamos a quase dois anos, e as vezes eu sentia que algo estava errado, mas pra mim ele ainda era maravilhoso.
Ficamos algum tempo sentados no sofá de minha casa, abraçados, esquecendo do mundo e das pessoas que conviviam com nós. 
Então chegou a hora em que ele teve que me dar tchau, parecia que tinham energias negativas ao nosso redor, tristes, como se algo precisasse ser dito.
Eu o levei até a porta, ele com a expressão triste, me deixou em um desespero interior, o que quer que fosse que o deixou chateado, estava me deixando nervosa, fechei minhas mãos com força e os nós de meus dedos começaram a ficar brancos.
- O que aconteceu com você? - eu perguntei, não querendo saber a resposta - eu fiz alguma coisa Igor?
Ele me olhou, tentando ler minha expressão, mas ao mesmo tempo sem querer olhar de verdade para mim. 
- Tenho que te falar uma coisa - ele suspirou ao dizer isso, como se estivesse cansado por algum motivo que era imperceptível para mim.
- Então fala - eu meus pensamentos eu até cogitei a idéia dele terminar comigo, mas sem querer ofender a mim mesma disse para meu cérebro que era impossível, tínhamos passado uma tarde maravilhosa, ele não iria fazer isso comigo, teria que ter motivos, explicações... e eu saiba ele não tinha nem um nem outro.
- É meio complicado - ele me olhou, mas eu não falei nada, esperei ele continuar - eu... sabe... mudado...
O que ele queria dizer com aquilo? Eu sabe mudado? Deu uma crise de loucura nele ou o quê?
- Você tem mudado? - tentei adivinhar o que ele gaguejou há alguns segundos.
- Não só eu - ele suspirou novamente - tudo ao meu redor, nós crescemos Sara, não é a mesma coisa, eu e você, não dá mais. Está tudo desgastado, é difícil pra mim terminar assim do nada mas...
- MAS O QUÊ? - eu gritei com todas as minhas forças, um homem que estava passando na rua olhou para nós, ainda estávamos na porta de casa, e eu estava a fim de socar ele a porta e o que viesse pela frente, tentei contar até dez, mas foi mais difícil do que eu pensara, no três eu já havia começado a gritar de novo - VOCÊ ESPEROU A TARDE INTEIRA ANTES DE FALAR ISSO? - vi que havia alguns vizinhos espiando, eu estava vermelha, mas não pela vergonha, mas pelo ódio que quase saltava de minhas veias, e pra piorar os nós de meus dedos estavam horrivelmente brancos de tanta força que eu fazia com as mãos, sempre acontecia quando eu ficava nervosa.
Ele olhou para mim, e até ia tentar dizer alguma, mas antes disso acontecer o empurrei pra fora do portão de minha casa.
- NÃO FALE MAIS COMIGO - então eu abaixei a voz, em um tom brevíssimo -, não olhe mais para mim, e nunca mais tente ter algum tipo de contato comigo entendeu? - eu fui empurrando ele pela calçado com uma raiva quase selvagem, sabia que se alguém me visse agora pensaria que estava me transformando em um leão, mas não importava nada poderia diminuir a dor que eu estava sentindo.
- Hei, para com isso Sara, calma, eu só... terminei com você - ele falou ultrajado como se ele que fosse a pessoa que estava sendo usada.
- SAI DAQUI! - eu gritei com todas as minhas forças, até minha mãe foi ver o que estava acontecendo.
E finalmente ele virou as costas para mim saiu em uma caminhada rápida, quase correndo, voltei pra casa com nojo da cara de Igor e de seu olhar que um dia fora verdadeiro.
Entrei em casa com passos pesados e fazendo barulho deixando minha mãe atordoada sem saber  o que fazer.
- Filha, o que foi que houve - ela falou com a voz maternal que todas as mães tem - eu posso te ajudar com alguma coisa?
"Pergunta errada mamãe, ninguém pode me ajudar".
Depois de subir as escadas fechei a porta do meu quarto com força, fazendo um estrondo ensurdecedor.
Deitei na minha cama e deixei as lágrimas rolarem, e foram tão fáceis, e ao mesmo tempo tão inúteis. Dizem que elas servem para limpar nossos olhos, mas na verdade elas limpam a nossa alma. Não me importei em não fazer barulho, chorei alto. 
E o que eu mais queria era poder ter feito isso antes dele, sempre existem dois lados, o amor e a dor, mas a humilhação destrói ainda mais quando já sabemos que a dor vai vir. Eu não sabia se era ilusão, sempre pensei que aquilo o que ele sentia fosse paixão. Mas parecia que havia muitas coisas em que eu havia me enganado. Ele foi hipócrita, e escondeu seus sentimentos, os verdadeiros pelo menos por muito tempo. Tempo demais... 
Nunca me considerei sensível, mas vi que precisava ser mais forte e mais controlada. Respirei fundo e meus pensamentos foram sumindo. Dormi. 
E nessa noite sonhei que eu era forte, auto-suficiente e inabalável. Um dia seria real, e nenhum um homem no mundo me faria sofrer novamente.

2 comentários:

  1. Meu primeiro ficante, eu gostava muito dele, então 'terminamos', e então eu chorei muito muito.
    Então depois dele prometi nunca mais chorar.Mas acabei descumprindo a promessa com o meu ultimo namorado, na verdade meu primeiro namorado, que agora virou ex KKK.
    Mas também foi um relacionamento de quase 2 anos, então doeu muito ter que se ver depois de um bom tempo sem ninguém novamente. A idéia de estar solteira e livre pra voar me fez sentir melhor nas primeiras semanas, mas depois eu desabei.
    Não prometo não chorar mais por ninguém, porque você mesma disse, as lágrimas limpam a alma, e com elas ele se foi. Sumiu.
    Prometo chorar, chorar bastante, mas o que eu qero mesmo é não ser mais boba. Porque somos bobas quando amamos, mas nem sempre somos correspondidas; e o fim é inevitável, a dor também, mas o sofrimento é opcional.

    Beijos flor, adorei!
    Ótima semana a você

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  2. Amei o que você escreveu. E nem sei muito o que dizer, só que no momento em que eu li eu me identifiquei muito @_@!

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Nunca sabemos de tudo.

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