quarta-feira, 13 de janeiro de 2010

Sonhos, choros e algumas vidas em meio a areia

Ela sempre tentava ser doce. Até o dia em que não guardou mais o que estava dentro de si. O barulho do mar sempre soava tão vazio em seus ouvidos, melancólico, solitário. Como ela. Achava engraçado quando ouvia dizer que poetas se inspiravam nele. Talvez os poetas que fazem poemas tristes, somente eles.
O que mais a intrigava eram todos aqueles casais olhando o sol se pôr, talvez por causa da sua solidão, do que um dia a fez sofrer. Ela não sabia, tentava arranjar algumas respostas para a vida, os sentidos dela, mas assim como o sol tudo desaparecia, e logo voltava para incomoda-la novamente, alguns pensamentos tolos, outros irritantes.
A areia começa a esfriar em baixo de seus pés, o sereno, a noite caindo, a água do mar, tudo ajudava um pouco.
Ficou tanto tempo olhando para dentro de si e nem percebeu que não havia mais ninguém na praia, somente ela. Se levantou e deu uma chacoalhada na sua sai branca, a “enorme” saia branca, assim que sua mãe a chamava. E que saudades ela sentiu dela, todos diziam que ela estaria sempre ali, ao seu lado, mas ela já não tinha tanta certeza disso, algumas vezes ela não tinha certeza de mais nada, um mundo de incertezas e de escolhas erradas.
Saiu da areia indo para a calçada, ainda estava um pouco quente ali, a areia é diferente das pedras. A areia escorre pelos dedos, como a vida algumas vezes desaparece do corpo de alguém. Como o de sua mãe. A pedra é forte como uma rocha, como a morte talvez, sempre ali, sem se importar com sentimentos. Forte, como ela queria ser.
Botou os calçados em seu pé e saiu andando, a espera de algo mais da vida, algo que ainda seria importante, uma oportunidade, ela só não sabia qual seria.
Em meio a coqueiros e perguntas ela se foi, deixando na areia sonhos, sonhos que poderiam ser levados pelo mar, ou guardados em baixo de uma pedra qualquer, por que as pedras são fortes. Quem sabe não tão fortes para agüentar seus sonhos, mas fortes o bastante para deixar marcas, marcas ou cicatrizes, sonhos, choros e algumas vidas em meio a areia.


Imagem: Google

3 comentários:

  1. Ao que texto tocante *-*'
    Sério, imaginei ele como um filme! Garota de quinta, tu escreve demais!
    Beeeijos!

    ResponderExcluir
  2. Somos muitas vezes como um barco à vela no mar, mas sem a vela. Estamos à deriva em nossos sentimentos, nossas emoções.

    Gostei do texto.
    Continua viu, minha escritora do momento!

    ResponderExcluir
  3. Texto muito bom moça!!
    Fiquei até com uma pontinha de dor no coração...

    Beijooo!

    ResponderExcluir

Nunca sabemos de tudo.

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...