quinta-feira, 29 de abril de 2010

A bala de menta

Foi rápido e ameaçador, ele abriu aquele papel de bala como se estivesse brigando com um monstro, mas não do tipo que encontramos atrás do armário, e sim aqueles que nos assustam em dias ruins, aqueles mesmos dias que caímos cinco degraus de escadas ou tropeçamos no meio fio.
Balas de menta o acalmavam, a sua mão ainda tremia, e em seu rosto um sorriso começava a aparecer, mas não era o tipo de sorriso que as pessoas gostam de ver. Era um sorriso sádico, um sorriso sarcástico, depois de jogar o papel de bala no chão, e pisar em cima como se fosse um cigarro que ele acabara de fumar, ele saiu rápido atrás de algo ou alguém. Nem ele sabia.
Queria acabar logo com tudo, com ele mesmo, com o som da chuva que começava a cair, com o latido distante de um cachorro de rua. Queria acabar logo com tudo, tudo que para ele um dia pareceu normal, queria tirar suas roupas ensopadas ali mesmo, e caminhar nu naquela rua vazia e atormentadora. Ele não queria mais ser ele, queria somente acabar com tudo que é considerado vida.
Saiu tão rápido que ficou indetectável a olhos humanos. Enquanto isso um papel de bala de menta voava, em meio a pingos de chuva e a escuridão da noite. Tão irracional, mas ao mesmo tempo tão real.

2 comentários:

  1. Eu fiquei sem fôlego de imaginar um certo moço, mas porque será que ele corria? deve ter segurado o coração na mão.

    BeijooO'

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  2. Uma DELÍCIA ESSAS LEMBRANÇAS,
    assim como uma bala de menta sentimentos são ardentes ou pelo menos deveriam ser !

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Nunca sabemos de tudo.

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