sexta-feira, 1 de janeiro de 2010

O azul do mar

Ela já estava entorpecida pela estonteante beleza do azul do mar. O sol começava a aparecer, e seus olhos ardiam por causa da luz amarela que despontava no horizonte. Baixou a cabeça tentando lembrar o que a tinha feito chegar ali, alcool, drogas e talvez alguns caras divertidos. Tudo, e ao mesmo tempo nada. Parou, olhou para cima, o vento forte fez seus cabelos voarem com força contra sua cara amassada. Ela estava com a expressão segura, parecia uma mulher independente. A verdade é que ela era. Mas tudo um dia tem seu preço. Tudo.
- A essa hora na praia? - voz estranha, em uma hora estranha e em um lugar estranho.
- Parece que sim - ela tentou ser indiferente, nada importava nem de quem era a voz, e nem o que ele poderia fazer. Ela estava de costas para ele, não iria nem perceber se ele a matasse.
- Simpatia as seis da manhã não é uma de suas qualidades - o barulho de seus passos na areia chegavam cada vez mais perto.
- Se eu ainda tiver alguma, por favor me avise.
- Bom posso dizer que vestidos pretos colados ficam ótimos em você - ele deu um sorriso divertido, mas ela não viu, ainda estava de costas.
- E quem é você? Um maluco atrás de alguém que possa incomodar? - ela sentou na areia, e largou suas sandálias ao lado, estava cansada daquelas brincadeiras tolas dos homens com quem saia.
- Bom depende de como você me ve - quem era aquela garota, ele nem tinha visto o rosto dela e já estava louco para tê-la em seus braços. Ele foi chegando mais perto, estava a apenas um metro dela.
- Eu ainda não te vi, esse é o problema - e não estava curiosa, mais um cara comum, mais um que a faria sofrer.
- Quer dar uma volta na praia? - ele ficou nervoso, e se ela não aceitasse?
- Talvez, mas garanto que se me conhecesse de verdade preferiria sair correndo agora.
- E se eu for pior que você? Se esqueceu que eu posso ser um maluco atrás de alguém pra incomodar?
- Se você for pior que eu... Bom, teremos que descobrir o que vai acontecer - ela se levantou, sua vida afinal era assim, imprevisível, uma montanha-russa de sentimentos.
Aos poucos ela foi se virando. O olhos dele encontram com os dela. Ele não era o que ela esperava. Era muito mais. Com cara de que se virou na vida, mas conseguiu suportar tudo muito bem. Sua expressão mostrava que ele não a faria sofrer, e se fizesse, ela sabia que seria forte o bastante para aguentar.
Ele viu nos olhos dela medo, medo do que poderia acontecer, os lábios dela eram tão perfeitos que se não tivesse um pouco de razão iria acabar indo com a emoção e beijaria os lábios dela. Ele fez um movimento leve com a mão, como se quisesse dizer então vamos? Ela hesitou, olhou nos olhos dele, como se penssasse "vamos ver se você é capaz" e falou:
- Antes, que tal um mergulho?
- Se é isso que você quer - ele viu que ela estava falando sério.
Ela sorriu, pensando que se ele continuasse correspondendo a tudo que ela fazia, ela acabaria se apaixonando. E nesse milésimo em que ela se desligou do mundo, ele passou correndo na frente dela, e pela primeira vez ela notou que roupa ele estava usando, um smoking. Entrou no mar correndo, ela não esperou mais nada, e foi junto.
Um, dois mergulhos, ele a pegou e a abraçou, deu um grande beijo nela, e nada nem ninguém poderia separa-los. Talvez aquilo não fosse nada, talvez fosse tudo, tudo dependia de como suas vidas continuariam.

2 comentários:

Nunca sabemos de tudo.

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