domingo, 27 de março de 2011

A dor japonesa: ela não cabe dentro de nós


Hoje eu estava tentando entender a dor de um homem que perde sua mulher depois de quarenta anos casado, ela sumiu no tsunami, devido ao terremoto destruidor do Japão.

Ele chorava contando que vai todo dia ao local de trabalho da mulher, onde ela desapareceu, tentando pelo menos encontrar seu corpo, tudo está inundado pela água do mar e não existe mais prédio algum, faz dezesseis dias que ele não dorme direito.

Hoje eu estava tentando entender, pelo menos sentir sua dor o mínimo que fosse, mas não consegui suportar. A dor daquele homem foi o bastante para me tirar da sala. A dor daquele homem foi o bastante para me fazer chorar antes e agora; enquanto escrevo isso.

Não sou uma extrema sentimentalista, nunca fui, preciso de muito para chorar, e a aflição daquele homem foi o bastante para sentir um pesar enorme dentro de mim, algo maior que meu próprio poder sobre o que sinto. Por que além dessa mulher, mais 10.872 morreram - até este momento - e o sêxtuplo disso, pra mais, chora e sofre por esses conhecidos.

10.872 pessoas, você pode não ter conhecido nenhuma, então não interessa a você, vire as costas, finja que não aconteceu e coma o próximo pacote de bolachas. Hoje em dia, é isso que os humanos sabem fazer melhor.

Eu estou aqui representando minha própria dor, levando ao conhecimento dos outros que sinto, sinto muito mesmo, por tudo que aconteceu lá. Posso pedir paz para aquelas pobres almas, mas nada além disso. Cada um cura suas feridas no seu próprio tempo.

Desculpe demorar pra escrever sobre isso aqui, não sabia como me posicionar.

Entenda o que quero dizer sobre comer bolachas enquanto o mundo explode, com esse texto que fiz no último natal, tem uma citação do livro "As Memórias do Livro" da Geraldine Brooks que nos faz refletir.

Um comentário:

  1. É um assunto bem delicado e complicado. Por mais que eu tente, nunca conseguirei entender a dor deles também, deve ser muito difícil e temos que ajudar do jeito que podemos. Me entristece ouvir pessoas fazendo piada ou rindo de algo tão sério e espero que um dia elas percebam e compreendam o tamanho da dor daquele povo.

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Nunca sabemos de tudo.

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